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Invasão ao Capitólio completa um ano hoje; relembre o caso

06 jan. 2021 - Manifestantes apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump invadem Congresso - Win McNamee/Getty Images
06 jan. 2021 - Manifestantes apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump invadem Congresso Imagem: Win McNamee/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

06/01/2022 11h57

A invasão ao Capitólio, como é conhecido o Congresso dos Estados Unidos, completa um ano hoje. Manifestantes apoiadores de Donald Trump entraram pelas portas e janelas do local naquela tarde, quando a vitória presidencial de Joe Biden seria certificada. O episódio deixou cinco mortos e dezenas de feridos e foi classificado como um ataque à democracia norte-americana.

Incitados por Trump, os manifestantes começaram a se reunir em frente ao prédio à espera da sessão de oficialização de Biden como novo presidente e de Kamala Harris como vice. Eles alegavam, sem provas, que houve fraude nas eleições.

O FBI, a polícia federal investigativa dos EUA, estima que pelo menos 2 mil pessoas estiveram envolvidas na ação.

Mais de 725 pessoas foram presas e indiciadas por invasão e destruição de propriedade pública, além de lesão corporal a policiais. Jacob Chansley, que ficou conhecimento por usar chifres na ocasião, e outras 30 pessoas cumprem pena em cadeias do país.

06 jan. 2021 - Manifestante fantasiado apoiador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invade Congresso - Win McNamee/Getty Images - Win McNamee/Getty Images
06 jan. 2021 - Manifestante fantasiado apoiador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invade Congresso
Imagem: Win McNamee/Getty Images

Dos condenados, alguns receberam multas de US$ 500 dólares (2,8 mil reais) por danos materiais; outros cumprirão penas de prisão superiores a cinco anos por agressão a policiais.

Câmeras de segurança e jornalistas registraram a ação naquele dia. Um homem foi fotografado com os pés em cima da mesa da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi; os manifestantes também gritaram "enforquem Mike Pence" — o então vice-presidente precisou deixar o local às pressas e ser conduzido a um esconderijo.

06 jan. 2021 - Vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence deixando Congresso  - POOL/REUTERS - POOL/REUTERS
06 jan. 2021 - Vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence deixando Congresso
Imagem: POOL/REUTERS

Também há registros de policiais se posicionando perto da entrada da Câmara, apontando armas em direção à porta. Imagens da cena mostram que uma escrivaninha foi pressionada contra a porta para impedir a entrada de manifestantes. Bombas de gás também foram atiradas por policiais para dispersar a multidão que invadiu o Congresso.

06 jan. 2021 - Policiais apontam armas para impedir que manifestantes avancem no Congresso dos Estados Unidos - Drew Angerer/Getty Images - Drew Angerer/Getty Images
06 jan. 2021 - Policiais apontam armas para impedir que manifestantes avancem no Congresso dos Estados Unidos
Imagem: Drew Angerer/Getty Images

Deputados foram escoltados para fora do Capitólio com máscaras contra gás lacrimogêneo.

A invasão gerou destruição estimada em US $1,5 milhão, mais de R$ 8,5 milhões.

Impeachment barrado

O então presidente eleito Biden foi rápido em denunciar a "insurreição" no Capitólio, uma expressão mais tarde usada pela grande mídia para descrever os acontecimentos daquele dia.

"Nossa democracia está passando por uma agressão sem precedentes", disse ele, chamando Trump a pedir "o fim deste assédio".

Mais tarde, o republicano foi alvo de um processo de impeachment - o segundo de seu mandato - por "incitamento à insurreição" e "violência contra o governo dos Estados Unidos", mas acabou absolvido pelo Senado.

Inquérito do Congresso

O Comitê de Selecionados da Câmara dos Deputados sobre o 6 de Janeiro já entrevistou mais de 300 testemunhas do episódio de violência.

Os membros do comitê estão correndo para finalizar seus trabalhos antes das eleições marcadas para o dia 8 de novembro.

As lideranças republicanas na Câmara se recusaram a participar da investigação, já que cerca de 55% dos eleitores republicanos acreditam hoje nas afirmações do ex-presidente Trump de que sua derrota foi o resultado de fraudes generalizadas. Vários tribunais rejeitaram a afirmação.

Membros do Comitê da Câmara alertam que as acusações falsas de fraude eleitoral que inspiraram o episódio violento também estão prejudicando a fé no sistema democrático dos Estados Unidos.

"Nossa democracia ficou a centímetros da ruína", disse o deputado Bennie Thompson, presidente da comissão, em uma audiência do Congresso no mês passado. "Queremos saber o porquê e compartilhar essas informações com o povo norte-americano."

Biden culpa Trump

Biden atacou Trump no discurso que marcou um ano do ataque e o acusou de espalhar uma "rede de mentiras sobre a eleição de 2020".

"O ex-presidente dos Estados Unidos criou e espalhou uma rede de mentiras sobre a eleição de 2020. Ele fez isso porque valoriza mais o poder do que os princípios, considera que seu ego ferido é mais importante que a Constituição. Ele não consegue aceitar que perdeu", disse.

Biden disse também que o país deve se assegurar que um ataque semelhante jamais aconteça novamente. "Pela primeira vez na história, um presidente não só perdeu a eleição, mas tentou prevenir uma transferência pacífica de poder, com uma turba violenta invadindo o Capitólio".

O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, afirmou ontem que embora o edifício do Capitólio seja mais fortificado hoje do que um ano atrás, a democracia continua vulnerável.

"A insurreição não será uma aberração. Ela pode bem se tornar a norma", a não ser que o Congresso aborde "as causas raízes" do 6 de janeiro através de reformas eleitorais, afirmou o democrata.

Trump decidiu cancelar a entrevista coletiva que estava prevista para hoje na Flórida, considerada uma provocação pelos democratas e que colocaria os republicanos em uma saia justa.

Contudo, o magnata não suavizou em nada o seu discurso. Em um comunicado publicado na terça-feira, Trump classificou novamente a eleição presidencial de "fraude", mas sem apresentar provas novamente. "O crime do século", escreveu ele sobre as eleições.

Apesar de Trump ter renunciado ao protagonismo no dia do aniversário da invasão, retomará o tema em um comício programado no Arizona em 15 de janeiro.

* Com AFP, Deustsche Welle e Reuters