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Otan x Rússia: Conflito modificaria a Terra como conhecemos, diz professor

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/01/2022 10h25

A crise no Leste Europeu, que tem como protagonistas a Rússia de Vladimir Putin e a Ucrânia de Volodymyr Zelenski, dificilmente pode resultar em um conflito armado. No entanto, se isso ocorrer, o uso de armas termonucleares deve modificar o planeta como conhecemos, avalia o professor de relações internacionais Gunther Rudzit, da ESPM.

"Não acredito em um enfrentamento entre Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e Rússia. Até porque isso levaria a uma guerra termonuclear, e a Terra deixaria de existir como a gente conhece", disse Rudzit, em entrevista ao UOL News, apresentado pela jornalista Fabíola Cidral.

O especialista lembrou que o fim da Guerra Fria diminuiu o número de armas nucleares concentradas nessa região, porém, ainda existe quantidade suficiente para uma guerra nuclear com consequências irreversíveis para o planeta.

"Infelizmente, as armas temonucleares estão lá. A Guerra Fria acabou e eles diminuíram [a quantidade] de armas. Antes, podiam destruir a Terra 32 vezes — agora, são 16 vezes."

Por isso, ele acredita que um conflito armado em grandes proporções não ocorra. O mais provável, na avaliação do professor, é que a Rússia continue anexando territórios mais ao leste, próximos à região da Crimeia — já anexada pelo governo Putin, em 2014.

Visita de Bolsonaro à Rússia

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma visita prevista à Rússia e à Hungria em fevereiro. Com os recentes movimentos geopolíticos, o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), já sinalizou que a viagem pode ser cancelada.

Para o professor Gunther Rudzit, a ida de Bolsonaro ao Leste Europeu neste momento pode representar um apoio do governo brasileiro a países não democráticos.

"Uma visita de um líder ocidental a Vladimir Putin agora é mostrar, em linguagem diplomática, um reforço ao presidente russo de que ele não está isolado, de que tem apoio de outros países ocidentais", explicou. "Acredito que o governo americano está pressionando muito para que essa visita não ocorra."

Segundo Rudzit, outro interesse de Bolsonaro em visitar Putin seria a compra de equipamentos militares. Ir para a Rússia e Hungria durante a crise com a Otan pode isolar ainda mais o governo brasileiro, avaliou o especialista.

"São líderes que têm visão de mundo muito próximas à do presidente [Bolsonaro]. Com isso, cada vez mais, o Brasil, enquanto ele estiver na presidência, vai estar isolado politicamente."