Estudante brasileiro em intercâmbio desaparece de aeroporto na França
O estudante Robson Amorim de Freitas, 32, desapareceu após desistir de voltar ao Brasil enquanto esperava o voo no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Já na sala de embarque, o rapaz ligou para a irmã avisando que iria permanecer na França. Desde então, a família não consegue mais contato com o intercambista, que havia se mudado para a Europa em dezembro para estudar inglês.
Segundo a irmã, Cynthia de Freitas, o rapaz sofre de depressão e faz tratamento com medicamentos prescritos, mas não apresentava sinais frequentes de surto psicótico, tendo passado por apenas um episódio do tipo, alguns meses antes de viajar. A suspeita é de que ele tenha parado de tomar os remédios, sofrendo uma recaída.
Morador da cidade de Ibatiba (ES), ele havia se mudado há cerca de 45 dias para a Europa, escolhendo como destino a Irlanda, onde estudava inglês em uma escola de línguas e trabalhava em um restaurante.
A expectativa é de que a viagem durasse oito meses, mas Cynthia conta que a facilidade do intercambista para se adaptar já havia rendido propostas para que ele esticasse sua permanência no país. Mesmo diante da boa fase pessoal e profissional, Robson acabou entrando em surto e viajou até Paris, onde desapareceu.
Ele entrou em surto e foi para a França, no dia 22 de janeiro. Lá, já no dia 23, ele me ligou falando que não estava bem, que a cabeça não estava boa, que ele precisava vir para casa se tratar. Ele perguntou se eu comprava uma passagem pra ele e eu disse que sim. Eu já sabia que ele estava em surto, por ligações que ele fez pra uma amiga minha, para o meu outro irmão. Mas uma pessoa que está em surto, se a gente falar assim: 'você vem pra casa', ele não ia concordar, então esperamos ele pedir ajuda.
Cynthia de Freitas, irmã
Após o pedido do rapaz, ela comprou uma passagem para que ele voltasse ainda no dia 23 para o Brasil. Mas, no meio da tarde, o estudante fez uma última ligação dizendo que não iria mais embarcar porque estava com medo de ter um ataque de pânico dentro do avião.
Enquanto pedia para a irmã buscá-lo na França ou acionar a embaixada brasileira no país, a conexão caiu. Desde então, ela e outros familiares não conseguiram mais contato direto com o estudante.
Já na segunda-feira (24), a família de Robson entrou em contato com o Consulado do Brasil na França, mas as primeiras novidades sobre o paradeiro do rapaz chegaram só na quinta (27), por meio de uma advogada contratada por um amigo da família, que descobriu que ele havia saído do Charles de Gaulle diretamente para uma clínica psiquiátrica, levado pela polícia do próprio aeroporto.
Ele foi liberado um dia depois, com uma avaliação da equipe médica de que o intercambista "estava bem".
"Eu só fiquei sabendo disso na quinta, depois de três dias. Essa é a última certeza de que ele foi visto", relata a familiar. "Uma vez só que aconteceu isso (um surto), em casa, logo após ele ter covid. Mas ele estava em casa, ele ficou dentro do quarto, a gente achou até que era uma sequela. Ele tinha depressão, mas surtar dessa maneira, não (tinha histórico)", afirma.
Ainda de acordo com Cynthia, o rapaz estava aflito com a distância em relação à família. Entre os motivos que o levaram a querer voltar repentinamente para o Brasil estava uma suposta doença da mãe que, segundo a irmã do rapaz, não existia. A mulher havia feito apenas consultas de rotina.
"Como ele já estava preocupado, ele ficou mais. [Para] Uma pessoa que está em crise, um copo de água vira um oceano", argumenta.
"Ele estava trabalhando, estava feliz. Todo mundo gostava dele na escola, o pessoal da escola até chamou ele para trabalhar lá também. E o patrão dele em um restaurante tinha oferecido um visto pra ele poder ficar mais tempo no país. Isso há duas, três semanas. Ele estava bem lá", conclui.
Após juntar laudos médicos sobre o tratamento de Robson, a família do rapaz conseguiu registrar um boletim de ocorrência na polícia francesa. Ele agora está no banco de pessoas desaparecidas do país europeu e é alvo de buscas, que começaram apenas hoje, pelos agentes locais.
O Itamaraty, por meio do Consulado-Geral em Paris, também está prestando apoio à família do estudante, elogiou a irmã do desaparecido, que espera maior mobilização de autoridades e moradores dentro da França.
Em nota ao UOL, o ministério, ligado ao Poder Executivo, informou que "acompanha o caso e tem prestado toda a assistência possível aos familiares do nacional, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local".
"Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos envolvidos. Assim, o MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros", concluiu o comunicado.
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