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Pai faz tatuagem combinando com cicatriz de cirurgias da filha: 'Zíper'

Matt Backe tatuou em seu peito a figura de uma cicatriz semelhante a da cirurgia de sua filha, Everly - Divulgação/Lauren e Matt Backe
Matt Backe tatuou em seu peito a figura de uma cicatriz semelhante a da cirurgia de sua filha, Everly Imagem: Divulgação/Lauren e Matt Backe

Mateus Omena

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/02/2022 15h55

Um pai demonstrou amor e apoio à sua filha de quatro anos que passou por três cirurgias de coração ao fazer uma tatuagem no peito que combina com a cicatriz dela e que eles comparam, simbolicamente, a um zíper.

Matt Backe, de Crystal Lake, Illinois (EUA), decidiu homenagear Everly, que desde o nascimento sofre de um grave defeito cardíaco congênito. Ela fez sua primeira cirurgia de coração quando tinha apenas 3 dias de idade, e agora a área marcada com uma cicatriz terá que ser aberta novamente para procedimentos futuros.

A família chama a cicatriz de Everly de zíper, como uma forma de deixar a menina mais segura e confiante diante das novas cirurgias.

Em entrevista ao programa "Good Morning America", do canal ABC, Matt Backe disse que a ideia de tatuar uma cirurgia, semelhante a um zíper, em seu peito foi inspirada na coragem que a filha cultivou ao longo dos anos, conforme foi ficando mais consciente do seu estado de saúde.

"Eu ouvi Evie [apelido de Everly] fazer menção sobre o zíper, apenas fazendo mais perguntas do que o habitual. Meu pensamento era que se eu conseguisse algo que fosse uma réplica disso, poderíamos ser amigos do zíper e ela não teria aquela sensação de estar sozinha", contou ele.

Com a ajuda de uma foto de Everly, um tatuador local conseguiu recriar a imagem da cicatriz da menina no peito de Matt em meados de janeiro. Quando notou a nova figura no corpo de seu pai, Everly se emocionou com as semelhanças com sua cicatriz. "Ele não queria que eu ficasse sozinha. Ele queria ser especial como eu", disse Everly ao programa.

O gesto de Matt Backe impactou não apenas a pequena, como também o restante da família. Seu filho mais velho, Jack, de 10 anos, disse aos pais que quer fazer a mesma tatuagem quando completar 18 anos. Já a mãe, Lauren Backe, não perdeu tempo e rapidamente fez sua uma tatuagem em seu antebraço para combinar com a filha e o marido. Ela escolheu as figuras de linhas de eletrocardiograma, que mostram uma frequência cardíaca.

Lauren contou ao "Good Morning America" que, ao compartilhar as fotos das tatuagens em suas redes sociais, muitos familiares, amigos e até pessoas desconhecidas ficaram chocados, mas demonstraram apoio à sua filha.

"Muitas pessoas [com defeitos cardíacos congênitos] estenderam a mão e disseram: 'Eu tinha uma cicatriz enquanto crescia e costumava cruzar os braços quando estava na piscina porque estava constrangida com isso. Eu realmente pude me ver nisso'", disse Lauren. "Realmente ficamos muito impressionados com todas as pessoas que entraram em contato para dar apoio."

Esperança

O casal descobriu as complicações cardíacas de Everly quando Lauren estava grávida de 33 semanas. Logo após o nascimento, Everly foi encaminhada a uma unidade especializada em cardiologia pediátrica, onde passou o primeiro mês de vida. A partir daquele momento, ela ficou dependente de um tubo de alimentação e tanque de oxigênio por vários meses. Diante da gravidade de seu estado de saúde, a família teve que fazer várias consultas médicas semanais.

"Ela passou a maior parte dos primeiros 13 meses de sua vida entrando e saindo do hospital", disse Lauren Backe. "Mas ficamos gratos que eles nos ensinaram tanto que também poderíamos estar em casa."

Agora, aos 4 anos, Everly pode frequentar a pré-escola e participar de aulas de dança, uma de suas atividades favoritas, embora se canse facilmente e esteja sob um regime rígido de medicação.

Matt e Lauren Backe afirmaram que novas cirurgias são aguardadas para o futuro, mas acreditam no desenvolvimento tecnológico e em pesquisas sobre defeitos cardíacos congênitos para que Everly e outras crianças com o mesmo problema possam ter uma vida longa e saudável.

Defeitos cardíacos congênitos são o tipo mais comum de defeito de nascença. Cerca de 1 em cada 4 bebês nasce com essa má formação na estrutura do coração que requer cirurgia ou outros procedimentos no primeiro ano de vida, de acordo com o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, em tradução livre).

As causas dos defeitos cardíacos congênitos em bebês são, na maioria dos casos, desconhecidas, e o tratamento depende do tipo e gravidade do defeito.