Ucrânia: Deputados pedem que Putin reconheça independência de separatistas
A câmara baixa do Parlamento russo votou hoje para solicitar ao presidente Vladimir Putin que reconheça duas regiões separatistas apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia como independentes, disse o presidente da Casa.
Se aprovado, o movimento da Duma Estatal, a câmara baixa do Parlamento, pode inflamar ainda mais o impasse sobre uma escalada militar russa perto da Ucrânia que tem alimentado temores do Ocidente de que Moscou possa invadir. A Rússia nega qualquer plano de invasão e acusa o Ocidente de histeria.
O reconhecimento das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk pode minar o processo de paz no leste da Ucrânia, onde um conflito entre forças do governo e separatistas apoiados por Moscou matou 15 mil pessoas.
"Kiev não está observando os acordos de Minsk. Nossos cidadãos e compatriotas que vivem em Donbass precisam de nossa ajuda e apoio", escreveu Vyacheslav Volodin, presidente da Câmara dos Deputados da Rússia, nas redes sociais.
Volodin, membro do partido pró-Putin Rússia Unida, disse que o apelo será enviado ao Kremlin imediatamente. Não ficou claro quanto tempo levará para o Kremlin analisá-lo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar o conteúdo do recurso, dizendo que nenhuma decisão foi tomada, mas acrescentou que a região separatista pró-Rússia conhecida como Donbass é motivo de grande preocupação para os russos.
Algumas tropas russas posicionadas há várias semanas nas proximidades da fronteira com a Ucrânia e cuja presença provoca temores de uma operação militar no país vizinho começaram a retornar aos seus quartéis, anunciou hoje o ministério da Defesa.
O anúncio é o primeiro sinal de que Moscou está recuando na crise com os países ocidentais, que persiste desde o fim de 2021. O governo não informou quantos soldados estão saindo da fronteira.
O Kremlin confirmou a informação da retirada, ressaltando que é algo "normal" e denunciando, mais uma vez, a "histeria" ocidental diante de uma suposta invasão do país vizinho.
A Rússia enviou desde dezembro mais de 100 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia, o que gerou o temor de uma invasão iminente do país.
A Rússia sempre negou a hipótese, mas exige certas garantias para sua segurança, começando pela promessa de que a Ucrânia não será aceita como Estado-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos, algo que os países ocidentais se negam a conceder.
* Com AFP e Reuters
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