Rússia x Ucrânia: as chances de uma saída diplomática para a crise
Em uma ligação que durou cerca de 40 minutos nesta segunda-feira (14/2), o presidente americano Joe Biden e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson concordaram que, embora a crise da Ucrânia ainda configure uma situação delicada, uma solução diplomática não está descartada.
A Rússia sempre negou planos de invadir a Ucrânia, apesar de reunir mais de 100 mil militares na fronteira. Também nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores russo disse que a diplomacia está "longe de se esgotar".
Mais de uma dúzia de países deram ordens para que seus cidadãos deixem a Ucrânia, enquanto os Estados Unidos disseram que bombardeios aéreos podem começar "a qualquer momento".
Mas, de acordo com um comunicado de Downing Street (sede do governo britânico), Johnson e Biden avaliaram que ainda há uma "janela crucial" para a diplomacia.
"O primeiro-ministro e o presidente Biden trocaram atualizações sobre suas recentes discussões com outros líderes mundiais", diz o comunicado.
"Eles concordaram que havia uma janela crucial para a diplomacia e para a Rússia recuar de suas ameaças à Ucrânia."
"Os líderes enfatizaram que qualquer nova incursão na Ucrânia resultaria em uma crise prolongada para a Rússia, com danos de longo alcance tanto para a Rússia quanto para o mundo."
Há relatos de que Johnson teria dito que o Reino Unido estava preparado para fazer tudo o que pudesse para ajudar, ao que Biden respondeu: "Não vamos a lugar nenhum sem você, amigo".
No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que "as possibilidades estão longe de se esgotarem", referindo-se a alternativas ao conflito. Os comentários do ministro, expressos em uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin, estão sendo interpretados como uma clara concessão às negociações, de forma a aliviar as tensões.
Mas para analistas, enquanto nenhum dos lados abordar diretamente a espinhosa questão da possível adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ainda há um impasse.
O Kremlin diz que não pode aceitar que a Ucrânia — uma ex-república soviética com profundos laços sociais e culturais com a Rússia — possa um dia ingressar na Otan e exigiu que essa possibilidade seja descartada. Os membros da Otan, entretanto, rejeitaram este pedido.
Mais cedo nesta segunda-feira, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, desembarcou em Kiev, capital ucraniana, para participar de negociações sobre a crise. Scholz disse não haver "justificativa razoável" para o reforço das tropas russas na fronteira e que os países ocidentais imporiam "sanções muito abrangentes e eficazes" contra a Rússia se ela efetivamente invadir o país vizinho.
Também na segunda-feira, os EUA disseram que enviaram mais oito caças F-15 à Polônia para participar de patrulhas aéreas da Otan. Os EUA disseram anteriormente que mais 3 mil soldados seriam enviados à Polônia nos próximos dias para aumentar a presença militar da Otan na região.
Em meio a estas tensões, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (pl) deve chegar a Moscou na quarta-feira (16/02). Entre outros compromissos na Rússia, Bolsonaro deverá encontrar o presidente Putin.
Os Estados Unidos demonstraram contrariedade à agenda do brasileiro na Rússia — em nota à BBC News Brasil, o Departamento de Estado dos EUA afirmou que o Brasil teria a "responsabilidade de defender os princípios democráticos e proteger a ordem baseada em regras, e reforçar esta mensagem para a Rússia em todas as oportunidades".
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