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Kamala: Se Rússia invadir Ucrânia, EUA vão impor sanções sem precedentes

Vice-presidente dos Estados Unidos disse que país já enviou 6 mil soldados ao leste europeu e tem mais 8.500 militares prontos para agir - Thomas Kienzle/AFP
Vice-presidente dos Estados Unidos disse que país já enviou 6 mil soldados ao leste europeu e tem mais 8.500 militares prontos para agir Imagem: Thomas Kienzle/AFP

Do UOL, em São Paulo

19/02/2022 07h58Atualizada em 19/02/2022 11h00

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou hoje que, caso a Rússia invada a Ucrânia, o país e as outras nações da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) vão impor a Moscou sanções "significativas e sem precedentes".

"Estamos preparados para avançar com as consequências. Preparamos juntos medidas econômicas que serão rápidas, severas e unidas. Vamos impor sanções financeiras amplas e controles de exportação, mirando as instituições financeiras e indústrias-chave", disse. "Vamos também mirar aqueles que forem cúmplices, e os que ajudarem e incentivarem essa invasão não provocada".

Discursando na Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha, Kamala afirmou que o Kremlin não está fazendo o que diz.

"A Rússia continua a dizer que está pronta para conversar, enquanto encolhe as avenidas para o diálogo. As ações deles não combinam com as palavras", declarou.

Segundo a democrata, o país já enviou 6 mil soldados para a Romênia, Polônia e Alemanha, e outros 8.500 militares nos EUA estão prontos para agir.

"Nossas forças não serão enviadas para lutar dentro da Ucrânia, mas vão defender cada centímetro do território da Otan", disse.

Rússia faz exercício militar com mísseis

O presidente russo, Vladimir Putin, lançou hoje exercícios militares estratégicos envolvendo mísseis balísticos em meio à tensão crescente.

Na quinta (17), a Rússia anunciou uma nova retirada de tanques, caminhões militares e aeronaves de combate das regiões de fronteira. Da Crimeia, foram transferidos 10 bombardeiros SU-24 usados nos exercícios militares.

Apesar do anúncio, os Estados Unidos e a União Europeia acusam os russos do movimento contrário. Segundo líderes do Ocidente, mais 7 mil soldados foram transferidos para a fronteira.

Em resposta, o governo russo disse ontem que o processo de retirada "levará algum tempo". Putin também disse que os países ocidentais "vão achar uma desculpa" para implementar duras sanções contra Moscou por conta da crise na fronteira ucraniana.

Embora negue planejar uma invasão, Putin admitiu que a situação na área separatista ucraniana do Donbass, que inclui Donetsk e Lugansk, está "se deteriorando".

A área separatista vem registrando uma alta quantidade de ataques e violações dos Acordos de Minsk, firmados em fevereiro de 2015, que incluiu um cessar-fogo. Lideranças de Lugansk até orientaram seus cidadãos a buscarem refúgio em cidades próximas da Rússia e as de Donetsk pediram para que todos os "homens peguem em armas" para defender o território.

Os enfrentamentos entre os rebeldes pró-Rússia e as forças oficiais aumentaram nesta semana em meio à tensão de um conflito entre ucranianos e russos - e também após a Duma, o Parlamento baixo de Moscou, pedir que Putin reconheça as duas regiões como repúblicas independentes. O presidente negou o pedido, dizendo que isso viola os Acordos de Minsk.

Donbass

A região separatista do Donbass vive em constante tensão desde 2014, quando se iniciou a crise mais grave entre Rússia e Ucrânia e que voltou a se acentuar agora.

Os conflitos armados na área foram intensos, com milhares de mortos entre as forças oficiais e os rebeldes, mas se acalmaram e diminuíram desde fevereiro de 2015, quando foram assinados os Acordos de Minsk entre Kiev e Moscou sob a intermediação de Alemanha e França.

Os documentos preveem diversas ações de ambos os governos, mas pouco saiu de papel. O que tinha sido mais implementado, de fato, era o cessar-fogo em Lugansk e Donetsk. Além disso, entre as medidas firmadas pelos dois governos, os russos não poderiam mais financiar os rebeldes e os ucranianos precisariam dar um status de regiões autônomas aos dois locais - mas nenhuma das duas regras foi colocada em prática de fato.

Biden está convencido de invasão russa

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar "convencido" que a Rússia irá invadir o território da Ucrânia nos próximos dias e que, caso isso de fato aconteça, a "porta da diplomacia estará fechada". A declaração foi feita pelo presidente americano durante pronunciamento na Casa Branca, nesta sexta-feira (18).

A partir deste momento, estou convencido de que ele [o presidente russo Vladimir Putin] tomou a decisão (...) Se ele agir antes, terá fechado a porta da diplomacia. Presidente Joe Biden

Os Estados Unidos têm feito reiterados alertas à comunidade internacional sobre uma suposta invasão russa à Ucrânia. Aos mais críticos, no entanto, os avisos constantes soam como alarmistas.

*Com AFP e Ansa