Magnotta: 'Vaivém de negociações sobre Ucrânia favorece narrativa russa'
O vaivém nas negociações do Ocidente com o presidente russo, Vladimir Putin, tem fragilizado a narrativa do governo norte-americano sobre a iminência de um ataque russo à Ucrânia, enquanto o Kremlin nega reiteradamente planos de ocupar o território vizinho.
A análise é da professora de relações internacionais e colunista do UOL Fernanda Magnotta, em entrevista ao UOL News.
O governo francês afirmou hoje que Putin e o presidente dos EUA, Joe Biden, aceitaram participar de uma reunião de cúpula proposta para evitar uma invasão russa da Ucrânia. A iniciativa de Paris é um um novo esforço diplomático para conter a crise.
"Não estou otimista com essa rodada de negociações. Parece que esse vaivém tem favorecido a narrativa do governo Putin e que ele, inclusive, joga com esse movimento para tentar vulnerabilizar e descredibilizar tanto o presidente Biden, que fica sempre como o cavaleiro do apocalipse, do anúncio que não se concretiza, quanto os europeus", afirma Magnotta.
A reunião proposta pelo presidente francês, Emmanuel Macron, será seguida de um encontro com "todas as partes envolvidas" em que serão abordadas "a segurança e a estabilidade estratégica na Europa", afirmou o Palácio do Eliseu. Paris destacou, no entanto, que o diálogo "não poderá acontecer se a Rússia invadir a Ucrânia".
"Esse é um jogo que favorece a Rússia. Mas, concretamente, os ataques à Ucrânia podem acontecer. Macron deixou claro que esse encontro com Putin poderia acontecer desde que a Rússia não invadisse a Ucrânia", destacou Magnotta.
A Casa Branca confirmou a disposição de Biden de participar em uma reunião com Putin.
Biden tem enfatizado que os EUA acreditam que o melhor caminho a seguir é por meio da diplomacia e da desescalada dos conflitos, e afirmou que a decisão para isso deve partir de Putin.
"Os EUA estão preparados, aconteça o que acontecer. Estamos prontos para nos engajarmos na diplomacia com a Rússia. E nossos aliados e parceiros para melhorar a estabilidade e a segurança na Europa como um todo. E estamos prontos para responder decisivamente a um ataque russo à Ucrânia, que ainda é uma grande possibilidade", disse ele em entrevista, na semana passada.
"Prematuro", diz governo russo
O governo russo foi bem mais cauteloso ao comentar a possível reunião entre Putin e Biden. "Há um entendimento sobre o fato de ter que continuar o diálogo entre ministros (das Relações Exteriores). Falar sobre planos concretos para organizar reuniões de cúpulas é prematuro", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Uma reunião é possível caso os chefes de Estado a considerem útil", acrescentou, antes de afirmar que Biden e Putin sempre têm a possibilidade de conversar "por telefone ou de outra maneira, quando necessário".
A proposta de reunião foi anunciada após um fim de semana de gestão diplomática de Macron, que conversou duas vezes por telefone com Putin, além de ter dialogado com Biden e com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
O anúncio francês aconteceu no momento em que Rússia e Ucrânia trocam acusações de responsabilidade por novos combates na região leste separatista ucraniana.
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