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Biden anuncia sanções ao gasoduto russo Nord Stream 2

O presidente dos EUA, Joe Biden, apresenta atualização sobre a situação entre Rússia e Ucrânia - Jim WATSON / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, apresenta atualização sobre a situação entre Rússia e Ucrânia Imagem: Jim WATSON / AFP

Do UOL, em São Paulo*

23/02/2022 09h44Atualizada em 23/02/2022 16h39

Os Estados Unidos anunciaram mais sanções contra a Rússia hoje após Moscou ter reconhecido, anteontem, duas áreas separatistas no leste da Ucrânia. O presidente dos EUA, Joe Biden, divulgou um comunicado com penalidades ao gasoduto Nord Stream 2, que já recebeu sanções da Alemanha.

As penas são direcionadas à empresa suíça Nord Stream 2 AG e aos diretores corporativos.

"Esses passos são outra parte de nossa parcela inicial de sanções em resposta às ações da Rússia na Ucrânia. Como deixei claro, não hesitaremos em tomar outras medidas se a Rússia continuar a escalar", diz o comunicado.

Biden disse, também, que as ações de Putin deram ao mundo "um incentivo esmagador para se afastar do gás russo e de outras formas de energia". O democrata também elogiou a decisão da Alemanha e agradeceu ao chefe do governo alemão, Olaf Scholz, "por sua estreita parceria e dedicação contínua em responsabilizar a Rússia por suas ações." Ele ressaltou, ainda, o trabalho de "colaboração estreita" entre os países parceiros para fornecer "uma resposta forte e unificada".

Os países aliados também divulgaram ampliação das sanções. Apesar disso, autoridades deixaram claro que estão mantendo medidas mais duras na reserva para o caso de uma invasão em grande escala pelos russos.

As sanções da União Europeia que entram em vigor hoje adicionarão a uma lista suja todos os membros da câmara baixa do Parlamento russo que votaram pelo reconhecimento das regiões separatistas da Ucrânia, congelando seus bens e proibindo viagens.

O Reino Unido seguiu os Estados Unidos ao anunciar novas restrições que proíbem a Rússia de emitir novos títulos em seus mercados.

As medidas seguem as ações anunciadas ontem, incluindo o congelamento da aprovação de um novo gasoduto russo pela Alemanha e a imposição de novas sanções dos EUA aos bancos russos.

Nenhuma das medidas anunciadas até agora, no entanto, visa diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, ou espera-se que tenham graves consequências de médio prazo para Moscou. A Rússia tem mais de 630 bilhões de dólares em reservas internacionais.

Washington descreveu as ações da Rússia como o início de uma "invasão", mas como o ataque militar em massa que eles previram não se materializou, tiveram que calibrar sua resposta.

"Haverá sanções ainda mais duras a oligarcas-chave, a organizações-chave na Rússia, limitando o acesso da Rússia aos mercados financeiros, se houver uma invasão em grande escala da Ucrânia", disse a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss.

Ela anunciou planos para impedir a Rússia de emitir novas dívidas externas em Londres, uma medida tomada anos atrás pelos Estados Unidos. Moscou disse que responderia emitindo qualquer nova dívida localmente em rublos por enquanto.

Alguns líderes ocidentais enfrentaram críticas em seus países pela resposta até agora. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi ridicularizado no Parlamento quando anunciou a lista suja de três bilionários que já estavam sob sanções dos EUA há anos e cinco bancos obscuros. Os líderes dizem que as sanções mais sérias precisam ser mantidas de reserva para impedir um ataque maior.

Durante a manhã de hoje, a Alemanha e a França também anunciaram um pacote de sanções à Rússia. O anúncio foi feito em um pronunciamento conjunto dos ministros das Relações Exteriores Annalena Baerbock, da Alemanha, e Jean-Yves Le Drian, da França.

Segundo os diplomatas, os embargos serão tanto para empresas quanto para civis russos. "O pacote de sanções é para empresas e civis russos, além de pessoas que possam estar financiando as agressões à Ucrânia. A ideia é cortar o capital para a Rússia", afirmou Baerbock, que ainda garantiu que as medidas podem ser "reforçadas" se houver aumento de tensão por parte da Rússia.

"Para o nosso governo é muito importante mostrar o nosso apoio a uma Ucrânia democrática e soberana. A paz e a liberdade na Europa não podem ser ameaçadas. Não queremos apresentar palavras vazias, mas medidas concretas, de acordo com os interesses da segurança da Europa", completou a ministra alemã.

Le Drian, por sua vez, afirmou que Putin "rompeu o direito internacional" ao enviar militares às regiões de Donetski e Lugansk. "De uma certa maneira, ele [Putin] negou a Ucrânia como um país soberano. Nós estamos diante de um revisionismo para inventar histórias", afirmou.

De acordo com o diplomata francês, o pacote aprovado em reunião com a França e outros aliados contaram com aprovação unânime. "Esse pacote sobre o qual falamos conta com a convergência de todos os nossos aliados. Nós não queremos que a diplomacia leve à guerra. Vamos intervir com a firmeza das sanções que determinamos porque elas vão ser aplicadas a partir de hoje, em menos de 24 horas", emendou.

Antes da reunião que teve com a ministra alemã e outras autoridades da União Europeia, Le Drian classificou como "inaceitável" a entrada da Rússia em território ucraniano.

"Obviamente vamos iniciar sanções", afirmou. "É uma violação do direito internacional, é um ataque à soberania e integridade da Ucrânia, é a Rússia renunciando a seus compromissos internacionais e aos acordos de Minsk que assinou. Então a situação é muito séria."

* Com informações da Reuters