'Acorde. A guerra começou': ucraniana conta rotina após ataque da Rússia
O toque do telefone do marido de Nataliia Tuiahina, 26, acordou-a no meio da madrugada de quinta-feira (24), em Kiev, capital da Ucrânia. A ligação era de um amigo do casal.
O marido, Sorokolit Yehor, atendeu e o silêncio possibilitou que Nataliia ouvisse a conversa. Era um alerta. "Nosso amigo disse: 'Acorde. A guerra começou'", contou a bailarina ucraniana ao UOL.
Por não ouvir nenhuma bomba ou barulho estranho, ela pensou que fosse uma brincadeira. Mas quando abriu o primeiro portal de notícias, a ficha caiu: o ataque das tropas da Rússia contra cidades da Ucrânia tinha acabado de começar.
"Então, vimos que era verdade. Começamos a nos preparar, mas sem entrar em pânico. Embalamos as coisas mais essenciais, como roupas, comida, remédios", disse a bailarina, que nasceu e vive até hoje em Kiev.
'Não acreditei no começo'
No meio da arrumação, o marido percebeu que não tinham água potável guardada e saiu para comprar. Foi aí que também tiveram consciência do cenário de guerra.
"Meu marido saiu para pegar um pouco de água, era cerca de 7h da manhã. As filas para lojas e farmácias eram enormes", disse.
O próximo passo foi avisar pais e avós, também moradores da capital ucraniana, se certificar de que todos estavam bem e identificar os abrigos antiaéreos mais próximos de suas casas, caso precisassem se esconder.
"Eu não acreditei no começo. Estou tentando manter a calma, porque é a única coisa que podemos fazer agora. O pânico nunca ajudou ninguém. Mas o fato de que a Rússia invadiu oficialmente a Ucrânia... É horrível", desabafou Nataliia.
Kiev foi bombardeada e está cercada por soldados russos. Se antes não era possível escutar nenhum barulho, desde ontem o medo aumenta a cada som de explosão.
"Isso tem acontecido a noite inteira. Então, verifiquei as notícias toda vez que ouvi a explosão. O som era de nossa defesa aérea derrubando os aviões e bombas", ela supôs.
Ela e o marido estão em casa, aguardando novas orientações do governo ucraniano que, por ora, pede aos cidadãos que não entrem em pânico, acompanhem as notícias e se escondam nos abrigos antibombas ou no metrô caso ouçam o disparo de sirenes.
Para conseguir dormir, a única forma é se revezar.
"Dormimos em turnos, com meu marido, para garantir que um de nós saiba que algo deu errado."
Nataliia planeja doar sangue aos bancos dos hospitais assim que for possível sair de casa. Isolada junto com o marido, ela disse temer a perda de contato com outras pessoas.
"A principal preocupação é que, se os provedores de celular e internet pararem de funcionar, será difícil reunir todos os membros da família. Conversamos sobre nosso plano e onde deveríamos nos encontrar se nossas redes parassem de funcionar."
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