Embaixada do Brasil orienta saída em trens de Kiev após toque de recolher

A Embaixada do Brasil na Ucrânia recomendou hoje embarques em trens saindo da capital Kiev mesmo após o toque de recolher em meio a novos relatos de bombardeios russos na cidade, incluindo uma explosão em uma plataforma nos arredores da estação central, onde centenas de civis estão abrigados para se proteger de uma súbita onda de frio que cobriu a região de neve nos últimos dias.

A entidade consular também divulgou a lista de composições para hoje em todo o país. Só na capital, está prevista a partida de ao menos 48 trens. Após as 20h, quando inicia o toque de recolher, há a previsão da saída de 20 composições —média de uma a cada 12 minutos. Também há trens que irão passar por cidades como Kharkiv, Dnipro, Zaporizhzhya, Odessa, Lviv, Donetsk e Vinnitsa.

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Nos últimos dias, muitas vezes são organizados trens adicionais que partem já durante as horas do toque de recolher, de modo que se aconselha também a considerar ficar na estação durante esse período, até que o embarque seja possível"
Comunicado da Embaixada do Brasil na Ucrânia

A prioridade no embarque é dada a mulheres, crianças e idosos, e o embarque é gratuito. A embaixada brasileira também alerta para a ocorrência de golpes na estação de trem de Lviv, com falsas ofertas de transporte. "Não entrar em carros de estranho", recomenda o órgão.

Socorro a brasileiros

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) reitera a importância do registro junto à embaixada por meio do link: https://forms.gle/GjfKD3Mrbs1y9rAG7.

Brasileiros na Ucrânia ou familiares, seja no Brasil ou em outros países, podem obter orientações por diversos meios. Nas redes sociais, as atualizações são disponibilizadas pelo Twitter (twitter.com/brasilukraine), Telegram (t.me/s/embaixadabrasilkiev) e Facebook (facebook.com/Brasil.Ukraine) da Embaixada em Kiev.

O plantão consular internacional está sendo realizado pelo número +380 50 384 5484. Também há plantão realizado no Brasil, que pode ser contatado no número +55 61 98260-0610.

Oitavo dia de guerra

Para hoje, há a expectativa de uma nova rodada de negociações do conflito. A Ucrânia descarta uma rendição e exige um cessar-fogo, com retirada das forças invasoras de seu território. A Rússia quer o reconhecimento da Crimeia, anexada pelo presidente Vladimir Putin em 2014, como território do país, e ainda pede pela "desmilitarização do Estado ucraniano".

Em entrevista ao UOL, Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais da UVA (Universidade Veiga de Almeida), no Rio de Janeiro, vê um impasse nas negociações por paz. "Putin só vai negociar um cessar-fogo se tomar a capital Kiev", analisa.

Carlos França, ministro das Relações Exteriores (Itamaraty), publicou ontem uma mensagem para implementar medidas emergenciais de apoio a brasileiros na Ucrânia. A decisão foi tomada pela percepção de "agravamento no conflito". Uma das ações será transferir a entidade consular da capital Kiev para Lviv, onde há deslocamento de refugiados para a Polônia.

"A medida visa a tornar mais rápido, eficiente e presente o atendimento a brasileiros que necessitem de apoio do governo brasileiro para sair da Ucrânia", escreveu França.

O oitavo dia da invasão da Rússia à Ucrânia começou com uma nova onda de ataques, atingindo áreas civis pelo país. O foco de atenção está no sul ucraniano. Após os russos tomarem a cidade de Kherson ontem, as cidades portuárias de Mariupol e Odessa são hoje alvo de avanços das forças do país presidido por Vladimir Putin.

Em meio ao conflito, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma resolução para isolar a Rússia diplomaticamente. Desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, pelo menos um milhão de pessoas fugiram em direção a países vizinhos, informou a organização.