Impor zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia seria catastrófico, diz Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin disse hoje, décimo dia da invasão, que as sanções ocidentais contra o país são semelhantes a uma declaração de guerra e alertou que qualquer tentativa de impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia equivaleria a entrar no conflito, com consequências "catastróficas".
Em um cenário de conflito militar, uma "zona de exclusão aérea" seria o bloqueio para que qualquer aeronave adentre o perímetro, de modo a impedir incursões inimigas pelos ares e consequentes ataques. A medida foi solicitada por Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sem sucesso.
Em encontro com funcionárias da empresa aérea Aeroflot, o líder russo disse que veria "qualquer movimento nessa direção" como uma intervenção que "representará uma ameaça aos nossos militares".
Putin acrescentou que a imposição de uma zona de exclusão aérea teria "consequências colossais e catastróficas não apenas para a Europa, mas também para o mundo inteiro".
A Aeroflot foi duramente afetada pelas sanções ocidentais impostas contra a Rússia desde que as tropas do país invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse ontem que o grupo não criaria uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia nem enviaria suas tropas para lá, sob o risco de envolver mais países no conflito. A Otan é uma aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética.
"Nossa tarefa é manter nossas nações seguras, não somos parte desse conflito, temos que garantir que ele não se espalhe para além da Ucrânia porque isso seria ainda mais devastador e perigoso, e traria mais sofrimento humano", defendeu ele.
O regime de Putin reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan. Para o presidente, a Otan é uma ameaça à segurança da Rússia por sua expansão na região. Por isso, ele quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar à aliança.
O mandatário russo reiterou hoje que a operação foi uma "decisão difícil", mas que seus objetivos na Ucrânia são defender as comunidades de língua russa através da "desmilitarização e desnazificação" do país para que se tornem neutras. A Ucrânia e os países ocidentais consideraram isso um pretexto infundado para a invasão.
'Sanções são tentativa de guerra'
Putin falou ainda que a Ucrânia pode perder sua condição de Estado se seus líderes continuarem a resistir à invasão militar. "A liderança atual precisa entender que, se continuar fazendo o que está fazendo, arrisca o futuro do Estado ucraniano", acrescentou ele. "Se isso acontecer, eles terão que ser culpados por isso."
Ele também descreveu as sanções ocidentais impostas contra o país desde a invasão como "semelhantes a uma declaração de guerra".
"Muitas coisas que estão acontecendo são formas de tentar criar um conflito de maiores dimensões contra a Rússia, ou seja, sanções são um indicativo de uma forma de guerra. E isso é uma ameaça não só para a gente, mas para todos", disse Putin.
Presidente nega plano para decretar lei marcial
Putin disse ainda que a Rússia não prevê introduzir a lei marcial, em resposta a boatos neste sentido. A adoção da lei marcial consiste em uma medida que altera as regras de funcionamento de um país, deixando de lado as leis civis e colocando em vigor leis militares.
"A lei marcial é aplicada (...) em caso de agressão especialmente nas regiões em que acontecem combates. Não temos uma situação deste tipo, e espero que não aconteça", declarou.
Muitos boatos circularam na Rússia sobre uma possível convocação de reservistas e a introdução da lei marcial.
"Há tentativas de desestabilizar a sociedade", comentou Putin durante a reunião com as funcionárias da companhia aérea.
O presidente russo afirmou que as operações militares na Ucrânia têm a participação apenas de soldados e oficiais profissionais. Ele disse que o Kremlin não pretende convocar o contingente de reservistas.
* Com AFP e Reuters
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