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Morre grávida retirada de maca no ataque à maternidade de Mariupol

Colaboração para o UOL, em Brasília

14/03/2022 08h38Atualizada em 14/03/2022 17h21

Uma mulher grávida e seu bebê morreram depois que a Rússia bombardeou a maternidade em que ela deveria dar à luz. O cirurgião Timur Marin disse que os médicos fizeram o parto por cesariana, mas o bebê "não mostrava sinais de vida". As informações são da Associated Press.

A mulher ficou conhecida mundo afora depois que o fotógrafo Evgeniy Maloetka registrou uma imagem em que ela aparecia deitada em uma maca, com o quadril esquerdo coberto de sangue, enquanto era levada às pressas para fora de um hospital na cidade ucraniana de Mariupol, que acabava de ser atingida por um ataque aéreo.

Quando os médicos tentavam salvar a mulher, ela gritou "mate-me agora", ao perceber que estava perdendo seu bebê, de acordo com o site Sky News.

Ao menos 31 ataques contra instalações ou equipamentos de saúde foram documentados na Ucrânia pela Organização Mundial da Saúde desde o início do ataque da Rússia, há duas semanas e meia.

De acordo com as Nações Unidas, "80.000 mulheres ucranianas devem dar à luz nos próximos três meses, enquanto oxigênio e suprimentos médicos, inclusive para o tratamento de complicações na gravidez, estão perigosamente baixos".

Em Mariupol, um porto do sul da Ucrânia que, segundo autoridades, está sob bombardeios russos há dias, uma maternidade foi atingida na quarta-feira.

Os ucranianos culparam as forças russas; Moscou alegou sem provas por meio de seus porta-vozes que o hospital foi esvaziado de pacientes e usado como base para atividades militares ucranianas.

O ataque

Militares russos lançaram na quarta-feira (9) bombas em um hospital infantil e maternidade na cidade ucraniana de Mariupol, no sul do país —crucial para a estratégia russa na Ucrânia—, informaram o governo e o porta-voz da polícia local.

O prédio ficou completamente destruído, segundo imagens publicadas pela Câmara Municipal em redes sociais.

"Os nazistas [russos] bombardearam deliberadamente um hospital infantil em Mariupol de aviões. Até agora, as forças de ocupação russas lançaram várias bombas em um hospital infantil. A destruição é enorme. O prédio da instituição médica onde as crianças foram atendidas recentemente foi completamente destruído. As informações sobre as crianças afetadas estão sendo esclarecidas", disse o órgão.

"Os ocupantes russos dispararam contra a maternidade nº 2 em Mariupol. Segundo testemunhas oculares, a maternidade não existe mais, muitas mulheres estão feridas e mortas. Russos desgraçados, vocês vão queimar no inferno!", escreveu o porta-voz da polícia regional, Vyacheslav Abroskin.

Repúdio ao ataque em Mariupol

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou o ataque como uma "atrocidade" e voltou a pedir que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) proteja seu espaço aéreo contra a Rússia.

"O ataque direto de tropas russas na maternidade. Pessoas sob os escombros. Crianças sob os escombros. Isso é uma atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será cúmplice em ignorar o terror? Feche o céu imediatamente! Pare os assassinatos imediatamente! Você tem poder. Mas você parece estar perdendo a humanidade", escreveu em suas redes sociais o mandatário.

Mais tarde, ele voltou a falar dos ataques. No seu canal no Telegram, Zelensky publicou um vídeo no qual diz que os bombardeios estão "além das atrocidades".

"Tudo o que os ocupantes estão fazendo com Mariupol está além das atrocidades. Europeus! Ucranianos! Moradores de Mariupol! Hoje, devemos estar unidos na condenação deste crime de guerra na Rússia, que reflete todo o mal que os ocupantes trouxeram à nossa terra", escreveu na legenda.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse na segunda-feira (7), que os Estados Unidos não têm intenção neste momento de, junto a aliados da Otan, decretar o bloqueio do espaço aéreo da Ucrânia para Rússia.