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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Rússia e Ucrânia pausam negociações sobre cessar-fogo no 20º dia de guerra

Do UOL*, em São Paulo e no Rio

15/03/2022 04h53Atualizada em 15/03/2022 17h45

Após uma "pausa técnica", as delegações de Ucrânia e Rússia fizeram hoje mais uma rodada de negociações, sem avanços. As conversas serão retomadas amanhã.

A guerra está em seu 20º dia, com ataques a civis em Kiev. Em um dos ataques, o serviço de emergências da Ucrânia confirmou ao menos três mortes e cinco pessoas feridas após um edifício residencial ter sido atingido. Houve a confirmação da morte de dois jornalistas da rede de TV norte-americana Fox News em um ataque perto da capital.

Segundo Mikhailo Podolyak, assessor da presidência da Ucrânia, a reunião entre as delegações era para tratar de temas como cessar-fogo e retirada de soldados russos do do país. A Rússia dizia que era cedo para fazer previsões sobre as negociações.

"É um processo de negociação muito difícil e viscoso. Há contradições fundamentais. Mas certamente há espaço para um compromisso. Durante o intervalo, o trabalho em subgrupos continuará", falou Podolyak no Twitter.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje o envio de mais armas para o país e disse entender que a Ucrânia não tem "portas abertas" para entrar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) —um dos pontos levantados pela Rússia para justificar a invasão.

A prefeitura da capital —que receberá a visita de líderes europeus hoje— já determinou 35 horas toque de recolher a partir da noite de hoje, terminando na manhã de quinta-feira (17). "Hoje é um momento difícil e perigoso", disse o prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko.

O governo ucranino anunciou hoje mais corredores para evacuação de civis. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), uma criança torna-se refugiada a cada segundo na Ucrânia; mais de 3 milhões de pessoas já deixaram o país.

Mortes de jornalistas marcam o dia

A Fox news confirmou a morte do cinegrafista Pierre Zakrzewski, enquanto o Ministério da Defesa da Ucrânia informou que a produtora Oleksandra Kurshynova morreu no mesmo ataque.

Benjamin Hall, o jornalista que estava com Zakrzewski, é britânico e correspondente da TV em Washington D.C. Ele foi internado e o Ministério da Defesa afirma que ele perdeu parte de uma perna no ataque.

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Bombeiros tentam controlar fogo em prédio residencial em Sviatoshynski, na capital
Imagem: Governo da Ucrânia/Divulgação

Ataques em Kiev

Na capital, um prédio residencial de 16 andares foi atingido no distrito de Sviatoshynskyi. Houve incêndio em todos os andares, segundo o serviço de emergências. "Os corpos de duas pessoas foram encontrados no local", disse o serviço, que relatou ter resgatado 35 pessoas.

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Uma casa ficou danificada após um ataque na área de Osokorki
Imagem: Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA

No mesmo distrito, um edifício residencial de nove andares também foi danificado após ataques na manhã desta terça. Uma casa de dois andares foi atingida na área de Osokorki, também na capital. Até o momento, não há informação de vítimas.

A polícia ucraniana, por sua vez, registra que ataques com bombas também atingiram edifícios residenciais nos distritos de Podilskyi e Darnytskyi.

A entrada de estação de metrô de Lukyanivska foi danificada após explosões, segundo o prefeito.

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Entrada da estação Lukyanivska ficou danificada após explosões em Kiev
Imagem: Pravda Gerashchenko

Toque de recolher e apelo

A Prefeitura de Kiev já anunciou um toque de recolher a partir das 20h de hoje (15h, em Brasília) até as 7h (2h, no Brasil) de quinta. "Proibição de circulação pela cidade sem passes especiais. Você só pode sair para chegar ao abrigo", explicou o prefeito.

Klitschko pediu que os moradores da capital prepararem-se "para o fato de que terão que ficar em casa por dois dias ou, em caso de alarme, em um abrigo".

O prefeito fez um apelo, em outra mensagem, para que cidadãos voltem à capital para sua defesa. "Homens de Kiev! Voltem! Precisamos proteger nossa cidade e nosso futuro! Em vez de sentar em algum lugar e simpatizar!", escreveu. "A capital —o coração da Ucrânia— será defendida!" Para ele, "todos que amam Kiev e querem que ela sobreviva devem ajudar o máximo que puderem".

Visita de líderes europeus

Os primeiros-ministros da Polônia, República Tcheca e Eslovênia viajarão nesta terça-feira a Kiev como representantes do Conselho Europeu.

Mateusz Morawiecki, Petr Fiala e Janez Jansa "viajam hoje (terça-feira) a Kiev na qualidade de representantes do Conselho Europeu para um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o primeiro-ministro Denis Shmyhal", afirma um comunicado divulgado pelo governo polonês.

O objetivo da visita é "reafirmar o apoio inequívoco do conjunto da UE (União Europeia) à soberania e independência da Ucrânia e apresentar um conjunto de medidas de apoio ao Estado e sociedade ucranianos", acrescenta a nota.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participou, por vídeo, de reunião realizada por líderes europeus em Londres, na Inglaterra
Imagem: Justin Tallis/AFP

"Todos somos alvos"

Zelensky participou hoje, por vídeo, de reunião de líderes da Força Expedicionária Conjunta, realizada em Londres, líderes nórdicos e bálticos para discutir a defesa e a segurança europeias. "Todos nós somos os alvos da Rússia e tudo irá contra a Europa se a Ucrânia não resistir, então eu gostaria de pedir a vocês que se ajudem nos ajudando", disse Zelensky.

"Vocês sabem o tipo de arma que precisamos... sem seu apoio seria muito difícil... Estou muito grato, mas quero dizer que precisamos de mais... Espero que vocês sejam capazes de aumentar esse escopo e verão como isso protegerá sua segurança", completou.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Kharkiv sob ataque

Por volta das 6h, horário de Brasília, três edifícios residenciais foram danificados como resultado de bombardeios, em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.

Segundo o serviço de emergências da Ucrânia, não houve incêndio nas edificações. Ao menos 21 pessoas foram resgatadas, de acordo com informações iniciais.

kharkiv - Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA - Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA
Prédios residenciais foram atingidos por ataque em Kharkiv, na Ucrânia
Imagem: Reprodução/Facebook/MNS.GOV.UA

Aeroporto destruído

O aeroporto da cidade de Dnipro, no leste da Ucrânia, sofreu uma "destruição maciça" após dois bombardeios russos na madrugada de terça-feira, anunciaram as autoridades locais. "A pista foi destruída. O terminal está muito danificado. Destruição maciça", escreveu o governador da região de Dnipro, Valentin Reznichenko, no Telegram.

Atenção em Mariupol

As Forças Armadas da Ucrânia relataram hoje que o "inimigo está tentando capturar Mariupol". "Os soldados ucranianos repeliram com sucesso os ataques dos invasores." Mariupol é uma cidade portuária, ao sul do país, considerada estratégica no conflito entre russos e ucranianos.

Para os militares, a Rússia não teve "sucesso significativo em todas as áreas de avanço". "Os principais esforços [dos russos] continuam a centrar-se na manutenção das fronteiras ocupadas", diz o comunicado desta terça, que também pontua que "o inimigo continua a lançar ataques com mísseis e bombas em infraestruturas críticas".

O Ministério da Defesa da Rússia, por sua vez, ressalta que apreendeu "10 sistemas de mísseis antitanque Javelin de fabricação americana e vários outros tipos de armas fornecidas por países ocidentais à Ucrânia". Segundo o ministério, esse armamento será destinado às "unidades da milícia popular das repúblicas populares de Donetsk e Luhansk", em referência a áreas separatistas na Ucrânia.

Mais lento que o esperado

O avanço das forças russas é mais lento e problemático que o esperado. O comandante da Guarda Nacional da Rússia, Viktor Zolotov, admitiu que a operação "não está seguindo tão rápido como gostaríamos".

O presidente russo, Vladimir Putin, havia ordenado até o momento a suas forças para "conter qualquer ataque imediato às grandes cidades", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, embora não tenha descartado a possibilidade de ações contra as grandes cidades "que já estão quase cercadas sob controle total".

Os avanços titubeantes da invasão russa, porém, colocaram sob holofotes os serviços de inteligência russos que, segundo analistas, não prepararam o Kremlin para a realidade da ofensiva.

Com a promessa de pagamento de salário, a Rússia já teria uma lista com 40 mil combatentes do exército sírio e de milícias aliadas que estariam prontos para serem enviados à Ucrânia, segundo OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos).

(Com Reuters, DW e AFP)