Jornalista russa que protestou contra guerra na TV pede demissão
A jornalista russa Marina Ovsyannikova, que protestou contra a guerra contra a Ucrânia ao vivo em um canal estatal da Rússia, disse ontem, durante uma entrevista à emissora francesa France 24, ter pedido demissão.
Marina afirma que já entregou todos os documentos necessários para se desligar do cargo de editora do Channel One, e que este é um processo burocrático.
Na última segunda-feira (14), Marina apareceu ao vivo segurando um cartaz que dizia "pare a guerra" atrás da apresentadora do telejornal. Ela foi detida pelo protesto e rapidamente julgada. Marina não pegou pena de prisão, mas teve de pagar 30 mil rublos de multa, o equivalente a cerca de R$ 1.400.
Ainda à TV francesa, a jornalista afirmou que seu ato teve consequências para sua família. Ela, que tem dois filhos, afirmou que um deles demonstrou sinais de ansiedade e disse que a mãe "destruiu" a vida familiar.
Marina, no entanto, mantém seu posicionamento crítico ao governo do presidente russo, Vladimir Putin, e à invasão da Ucrânia. Ela diz que explicou ao filho que, na vida, é preciso "reagir e tomar decisões complicadas".
"Acima de tudo, devemos acabar com essa guerra fratricida. Devemos parar com essa loucura antes de chegarmos a algo como uma guerra nuclear. Então, acho que quando meu filho for um pouco mais velho, ele poderá entender meu gesto", defendeu a jornalista.
Ela contou à France 24 que já participou, em Moscou, de diversos protestos contra a guerra na Ucrânia, mas que os considera ineficazes porque são demasiadamente controlados.
Asilo negado
O presidente da França, Emmanuel Macron, ofereceu asilo político para Marina Ovsyannikova, mas ela rejeitou.
"Não quero deixar o nosso país. Sou uma patriota, meu filho mais ainda. De forma alguma queremos ir embora, não queremos ir para lado nenhum", declarou Marina à revista alemã "Der Spiegel".
Apesar de ter sido libertada após o pagamento da multa, Marina ainda corre o risco de ser presa devido a uma lei recente que reprime a divulgação de informações consideradas falsas sobre os militares russos.
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