Fumaça, falha, pontaria? Por que ataque no metrô de NY acabou sem mortes
A cidade de Nova York (EUA) foi tomada pelo terror depois que um homem disparou contra os passageiros dentro do metrô na manhã de terça-feira (12), deixando 23 pessoas feridas no incidente. No entanto, diante da proximidade do agressor com as vítimas e a maneira como o ataque ocorreu, os investigadores compartilham de uma dúvida em comum: como nenhuma pessoa morreu?
Segundo o New York Times, o atirador Frank R. James, capturado pela polícia na quarta-feira (13), disparou 33 balas de uma pistola Glock e atingiu apenas 10 passageiros. Mais de uma dúzia de outras pessoas ficaram feridas, algumas delas intoxicadas com a fumaça dos dois dispositivos James detonou antes de começar o tiroteio.
O episódio não tem equivalente na história do metrô da cidade e a contabilização das vítimas também surpreende, inclusive pelo fato de todas terem sobrevivido.
"Eu não entendo a física disso; ele estava a poucos metros de pessoas com uma arma de fogo projetada para matar pessoas, mesmo assim ninguém foi morto", disse Paul M. Barrett, autor do livro "Glock: A ascensão da arma da América", em entrevista ao jornal americano. "Acho que é uma tremenda sorte ou um milagre".
Para Barrett, existem várias justificativas para o ataque não ter terminado de modo trágico: defeitos da arma de 9 mm, uma pontaria ruim ou simplesmente sorte.
Segundo o Departamento da Polícia de Nova York (NYPD), por volta das 8h30 do horário local, Frank R. James, embarcou no vagão do trem trajando um colete verde e sem levantar suspeitas. Assim que se acomodou, colocou uma máscara de gás e acionou duas bombas de fumaça que encheram o local. Ele então começou a disparar o primeiro dos três pentes de 30 cartuchos contra os passageiros.
Depois de disparar um pente inteiro, James carregou um segundo em sua arma e disparou mais três tiros. Àquela altura, com base na capacidade dos três pentes - um encontrado na arma, outro no chão do vagão do metrô e o terceiro em uma mochila - James tinha pelo menos mais 57 balas à sua disposição. Mas, de repente, a arma emperrou.
"Se a arma não tivesse emperrado, a probabilidade de pessoas terem morrido seria muito alta", disse o detetive Paul DiGiacomo, presidente da Associação de Doações de Detetives, opinando: "Tudo que posso dizer é que Deus provavelmente estava cuidando daquele trem".
Possíveis causas
O tipo de defeito que ocorreu é conhecido como "alimentação dupla", de acordo com os investigadores, que pode ser provocado no momento em que o extrator da arma não remove um invólucro gasto. A próxima rodada não pode avançar porque está bloqueada pelo invólucro, explicou Lenny Magill, fundador e executivo-chefe da Glock Store, varejista americana dedicada à venda de acessórios para armas.
Esses imprevistos podem acontecer quando os mecanismos internos de uma arma estão entupidos com resíduos, ou quando um carregador não é compatível com a arma, apontou Magill.
Uma investigação da polícia concluiu que James era o quarto dono da arma. Ela foi vendida no Texas em 2006, revendida na Geórgia e em Massachusetts, até ficar com o atirador do metrô de Nova York, que a comprou legalmente em Columbus, Ohio, em 2011.
Por outro lado, Magill acredita que a maneira como James disparou a Glock também pode ter poupado vidas. Várias vítimas alegaram que foram baleados em seus membros inferiores. Como foi o caso do gerente de limpeza de hotel Hourari Benkada, 27, que disse, em entrevista à CNN, que estava sentado ao lado do atirador no trem no momento do ataque e que uma bala atravessou a parte de trás de seu joelho.
Além dele, Rudy Pérez, 20, operário da construção civil, foi atingido na perna esquerda. A localização dos ferimentos, nas partes inferiores do corpo das vítimas, pode indicar que o homem estava atirando da altura do quadril, mantendo a arma baixa, segundo Magill, e assim desviando sua mira.
"Felizmente ele não era uma pessoa habilidosa com uma arma", declarou o executivo da Glock Store.
Estima-se que um dos planos de James era encher o vagão de fumaça para deixar os passageiros desnorteados e em pânico. No entanto, de acordo com o detetive DiGiacomo, isso também impediu que o atirador tivesse uma visão completa de seus alvos, o que, no final das contas, salvou várias vidas.
"Ele acionou aqueles dispositivos, que acabaram dificultando até mesmo para ele ver", concluiu ele.
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