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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Rússia diz ter tomado áreas de Mariupol e orienta ucranianos a se render

Do UOL, no Rio e São Paulo*

16/04/2022 08h36Atualizada em 16/04/2022 20h52

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou na noite de hoje (16) ter dominado toda a área urbana da cidade de Mariupol, desbancando forças militares ucranianas. "A única chance deles salvarem suas vidas é abaixar voluntariamente suas armas e se render", disse o major-general russo Igor Konashenkov.

Os russos também intensificaram neste sábado os ataques aos arredores de Kiev, capital da Ucrânia, e foram registrados ataques na região de Lviv, perto da fronteira com a Polônia. Neste 52º dia de guerra, o Kremlin também anunciou que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está proibido de entrar em território russo.

Em um vídeo, noticiado à noite pela agência estatal TASS, Igor Konashenkov afirma que "toda a área urbana de Mariupol foi completamente liberada. Os remanescentes do grupo ucraniano estão completamente bloqueados no território da usina metalúrgica Azovstal".

O ministério afirma que, desde o início da tomada de Mariupol, ao menos 1.464 soldados ucranianos se renderam. Ao menos 4 mil ucranianos teriam morrido nos confrontos no município, ainda de acordo com o governo russo.

A emissora britânia Sky News noticiou que o Papa Francisco condenou a crueldade da guerra na Ucrânia, em uma missa de vigília de Páscoa. Ivan Fedorov, prefeito da cidade ucraniana de Melitopol, que foi detido pelas forças russas no mês passado, participou da celebração.

"Todos nós rezamos por você e com você. Rezamos porque há muito sofrimento. Só podemos dar nossa companhia, nossas orações e dizer 'coragem, nós o acompanhamos'", disse Francisco, conforme noticiou a Sky News.

Zelensky comenta Mariupol

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comentou a situação de Mariupol e disse que "a eliminação" de soldados ucranianos em Mariupol "acabaria com qualquer negociação de paz" com Moscou.

Em novo comunicado emitido na noite de hoje, ele também prometeu um plano de habitação para os ucranianos. Ele afirmou que irá reconstruir moradias destruídas e fornecerá casas para famílias impactadas pela guerra e para militares.

Na opinião de Zelensky, é uma oportunidade de corrigir antigos problemas ucranianos e, por isso, também prometeu moradia aos ucranianos que estão na fila há anos aguardando por uma habitação própria.

Capital sob ataque

De acordo com o prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, ao menos uma pessoa foi morta nas explosões mais recentes no distrito de Darnytskyi. Ele também fala em feridos, que ainda estão sendo contabilizados e atendidos em um hospital da região. Os ataques russos a Kiev têm sido raros desde o final de março, quando as tropas saíram da capital para se concentrar no leste ucraniano.

O Ministério de Defesa da Rússia afirma que utilizou armas de longo alcance e alta precisão para atacar um prédio militar no distrito. De acordo com os russos, o local era uma oficina para equipamentos militares.

Ontem, os russos haviam prometido aumentar os ataques na região após o bombardeio a uma vila russa e o naufrágio do navio Moskva, símbolo da frota russa no Mar Negro.

"O número e a magnitude dos ataques com mísseis em locais de Kiev aumentarão em resposta a todos os ataques e sabotagens do tipo terrorista realizados em território russo pelo regime nacionalista de Kiev", disse ontem o Ministério da Defesa da Rússia.

Johnson proibido de entrar na Rússia

O Kremlin anunciou hoje que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e outros políticos do Reino Unido estão proibidos de entrar na Rússia. A decisão foi tomada após as sanções impostas por Londres a Moscou devido à guerra.

"Esta medida foi decidida em resposta à campanha midiática e política desenfreada que visa a isolar internacionalmente a Rússia e criar condições propícias para parar nosso país e estrangular a economia nacional", afirmou o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.

Além de Johnson, estão barradas as seguintes autoridades britânicas: o vice-primeiro-ministro, Dominic Raab; a ministra de Relações Exteriores, Liz Truss; o ministro da Defesa, Ben Wallace; a ex-premiê Theresa May, além da primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia diz que essa lista irá aumentar futuramente, "para incluir políticos e parlamentares britânicos que contribuem para estimular a 'histeria anti-Rússia'".

Ataques em Luhansk, Lviv e Kharkiv

Também hoje, a Ucrânia registrou ataques na região de Lviv. De acordo com o país, a Rússia disparou quatro mísseis de aviões que decolararam da Bielorrúsia —os mísseis teriam sido abatidos por mísseis antiaéreos, de acordo com as Forças Armadas da Ucrânia.

Em comunicado, a Ucrânia agradeceu ironicamente ao país vizinho pelo suporte à Rússia.

"Obrigado à Bielorrússia por ajudar a entregar os presentes mortais dos russos", disse o Comando Aéreo Oeste.

16.abr.2022 - Refinaria de Lysychansk foi atacada pela Rússia na região de Luhansk, na Ucrânia - Administração Estatal Regional de Luhansk - Administração Estatal Regional de Luhansk
16.abr.2022 - Refinaria de Lysychansk foi atacada pela Rússia na região de Luhansk, na Ucrânia
Imagem: Administração Estatal Regional de Luhansk

Em Kharkiv, ao menos uma pessoa foi morta e 18 ficaram feridas, de acordo o chefe da Administração Militar Regional do Estado de Kharkiv, Oleh Synehubov. Segundo ele, o ataque foi em um dos distritos centrais da região e os ataques estão mais intensos em áreas residenciais.

Em Luhansk, uma pessoa foi morta após bombardeios. Na mesma região, a refinaria de Lysychansk foi atacada, segundo o chefe da administração estatal regional, Serhiy Haidai. Ele avalia que Lysychansk está "na fase quente", ou seja, no foco dos russos.

Acusações e medo de ataque nuclear

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a ofensiva contra Kiev e os últimos passos da Rússia na guerra devem acender o alertar e preocupar "o mundo inteiro" sobre o risco de uso de arma nuclear.

Zelensky fez coro à declaração do diretor da CIA, William Burns, que disse esta semana que ninguém deve "subestimar a ameaça nuclear" da Rússia.

O que dizem EUA, Rússia e Ucrânia sobre naufrágio

Na quinta (14), a Rússia sofreu uma importante baixa: o naufrágio do navio Moskva, no Mar Negro. O navio era estratégico para a conquista de portos ucranianos, como o de Mariupol, no mar de Azov.

A Rússia nega que tenha sido uma baixa causada por ataques ucranianos e sustenta que o Moskva foi danificado pelo fogo após a explosão de sua própria munição. Os russos afirmam que a tripulação, de aproximadamente 500 pessoas, foi evacuada.

"Durante o reboque do navio Moskva até o porto de destino, o navio perdeu estabilidade por causa dos danos no casco [provocados] pelo incêndio após a explosão de munições", declarou o Ministério da Defesa russo, citado pela agência estatal TASS.

Já a Ucrânia assume a autoria de um ataque. De acordo com autoridades ucranianas, o Moskva foi atingido por um míssil que "causou danos significativos", culminando no naufrágio.

O Comando Militar do Sul da Ucrânia afirmou também que os navios de resgate da tripulação foram afetados pelas explosões e que uma tempestade impediu a evacuação da tripulação.

Os EUA corroboram a versão ucraniana. De acordo com um funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o navio afundou após ser atingido por dois mísseis. O funcionário classificou o ocorrido como um "duro golpe" para a Rússia.

Rússia contabiliza alvos da madrugada

A Rússia afirma que disparou mísseis contra 16 pontos diferentes na Ucrânia neste sábado.

Entre os locais que afirma ter atacado, estão Nikolaev, Poltava e Gusarovka, áreas de concentração de equipamentos militares ucranianos, de acordo com os russos.

O Kremlin também contabiliza a queda de um helicóptero dos militares da Ucrânia na cidade de Izium, na região de Kharkiv.

*(Com informações da RFI, Reuters e AFP)