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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Rússia exige saída de civis em Mariupol; EUA prometem ajuda à Ucrânia

Do UOL*, em São Paulo

25/04/2022 05h15Atualizada em 25/04/2022 10h00

O Ministério da Defesa da Rússia emitiu, nesta segunda (25), um comunicado em que "exige categoricamente" que o governo ucraniano emita uma "ordem apropriada" para a retirada de civis que estão na usina metalúrgica de Azovstal, em Mariupol, cidade portuária sitiada pelos russos. O governo russo promete um cessar-fogo na região para a saída dos civis.

O Ministério da Defesa da Ucrânia, por sua vez —praticamente no mesmo momento em que houve o anúncio russo, por volta das 6h45, horário de Brasília—, disse que "armas químicas podem ser usadas contra pessoas no território da usina Azovstal". "Para evitar baixas entre os militares das Forças Armadas Russas, pode ser realizado o chamado 'fumo' de defensores e civis ucranianos das instalações da empresa." O governo ucraniano disse que "para fazer isso, a liderança russa planeja realizar bombardeios e ataques de mísseis com munições de artilharia e aeronaves —portadores de venenos de combate."

Hoje, a guerra da Rússia em território ucraniano chegou ao 61º dia. Após dois meses do início da invasão, a Presidência da Ucrânia recebeu em Kiev a visita do secretário de Estado americano, Anthony Blinken, e do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje que "a assistência à Ucrânia foi a questão número um nas conversas com representantes dos Estados Unidos". Os americanos prometeram mais US$ 322 milhões em ajuda à Ucrânia para compra de armas, além do retorno gradual de seus diplomatas ao país.

Austin afirmou ainda querer "ver a Rússia enfraquecida a ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia".

Cessar-fogo em Azovstal

A Rússia disse que, a partir das 8h, horário de Brasília, cessará "unilateralmente quaisquer hostilidades" e que o mesmo será feito por grupos de separatistas pró-russos na Ucrânia, "guiados por princípios puramente humanos". A Defesa russa disse que isso garante "a retirada desta categoria de cidadãos em quaisquer direções selecionadas por eles".

"A Federação Russa declara pública e oficialmente que não há obstáculos à saída de civis de Azovstal, com exceção da decisão de princípio das próprias autoridades de Kiev e dos comandantes de formações nacionalistas de continuar a manter os civis como um 'escudo humano'", disse o comunicado da Defesa russa.

De acordo com a Rússia, a declaração em que exige a retirada dos civis da usina "será continuamente comunicada às formações ucranianas em Azovstal através de canais de rádio com um intervalo de 30 minutos".

Para o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, a suspensão das "hostilidades perto de Azovstal para permitir que os civis restantes deixem a zona de combate" é um "grande gesto de boa vontade" da parte russa.

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Em Mariupol, a usina de Azovstal, onde civis estão em abrigos subterrâneos, é um ponto de resistência ucraniana contra avanços russos
Imagem: 18.abr.2022 - Reprodução/mariupolrada

Ucrânia não reconhece corredor

Para a evacuação, a Rússia anunciou um corredor de evacuação, mas a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, negou que ele exista hoje.

"É importante entender que o corredor humanitário é aberto por acordo de ambas as partes. O corredor, anunciado unilateralmente, não oferece segurança e, portanto, de fato, não é um corredor humanitário", disse. "Então, declaro oficial e publicamente: infelizmente, não há acordos sobre corredores humanitários da Azovstal hoje."

Segundo a vice-primeira-ministra, no momento, não há informações sobre a quantidade de comida e água potável para os civis estão escondendo em Azovstal.

A fala de Vereshchuk sobre não haver corredor hoje foi ironizada pela porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, que "traduziu" o pronunciamento. "Isso significa: eles [ucranianos] ficarão em Azovstal pelo tempo que o regime de Kiev precisar."

Em seu relatório matinal, antes do anúncio russo de cessar-fogo, o Ministério da Defesa da Ucrânia havia dito que a Rússia continuava atacando, com "mísseis e bombardeios", as tropas ucranianas "no território da usina Azovstal".

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Crianças em abrigo que o Batalhão Azov, da Ucrânia, disse estar na usina Azovstal, em Mariupol
Imagem: 23.abr.2022 - Batalhão Azov/Reuters

Na semana passada, ultimatos da Rússia não surtiram efeito em Mariupol. A cidade é crucial para os planos da Rússia de estabelecer uma ponte terrestre com a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e possivelmente para além dela, até a Moldávia. A situação em Mariupol deverá ser debatida amanhã (26) no encontro que o presidente russo, Vladimir Putin, terá com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres.

Hoje, a guerra da Rússia em território ucraniano chegou ao 61º dia, com novos ataques pelo país. Ao menos cinco estações ferroviárias foram atacadas no oeste e no centro da Ucrânia, segundo a empresa estatal responsável pelo serviço. No leste, atual foco das forças russas, também houve relato de ataques. A Rússia, segundo relatório de hoje de seu ministério da Defesa, realizou 967 ataques na Ucrânia, atingindo de "postos de comando" a "áreas de acumulação de mão de obra e equipamentos militares".

Ucrânia e EUA

Para Zelensky, a visita de representantes do governo do presidente americano, Joe Biden, aconteceu em um "momento crucial para o Estado ucraniano" e "é muito valiosa e importante". "Compartilhamos o mesmo entendimento com os Estados Unidos: quando a democracia vence em um país, ela vence em todo o mundo. Quando a liberdade é defendida em um país, é defendida em todo o mundo."

Zelensky também disse que o "elemento-chave" para "expulsar os ocupantes e restaurar a paz" está na "força das Forças Armadas", na "disponibilidade de quantidade e qualidade suficientes de armas, quantidade e qualidade suficientes de munição".

De acordo com o presidente ucraniano, foi "acordado com o lado americano sobre novas medidas para fortalecer as Forças Armadas da Ucrânia, para atender todas as necessidades prioritárias do nosso exército". Zelensky relatou que a conversa com os secretários durou cerca de três horas.

Austin declarou que "o primeiro passo para vencer é acreditar que você pode vencer". "E eles acreditam que podemos vencer", disse. "Nós acreditamos que podemos vencer, que eles podem vencer se tiverem o equipamento certo, o apoio adequado."

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Representes do governo americano foram recebidos em Kiev pela Presidência da Ucrânia
Imagem: Reprodução/Telegram/Volodymyr Zelensky

Retorno de diplomatas

Segundo Blinken, diplomatas dos Estados Unidos começarão a retornar à Ucrânia a partir da próxima semana. "Em seguida, veremos como podemos abrir a própria embaixada em Kiev", disse ele.

Chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, Andriy Yermak informou que "a Embaixada dos EUA retornará a Kiev em um futuro próximo e um novo embaixador será nomeado".

Blinken, por sua vez, disse que o presidente Joe Biden pretende designar nos próximos dias a atual embaixadora do país na Eslováquia, Bridget Brink, como nova representante diplomática em Kiev, um cargo que está vago desde 2019.

Yermak também apontou que a Ucrânia reforçou aos americanos a necessidade de ampliar as sanções contra o governo russo. "O fato de que a Rússia não está procurando a paz e está matando de forma demonstrativa mesmo na Páscoa mostra que é necessária mais pressão de sanções", disse. Ontem (24), a Ucrânia celebrou a Páscoa ortodoxa.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Ataque a ferrovias

Ao menos cinco estações ferroviárias foram atacadas nesta segunda (25), segundo Oleksandr Kamyshyn, chefe da empresa ferroviária da Ucrânia. "As tropas russas continuam a destruir sistematicamente a infraestrutura ferroviária." Kamyshyn não informou quais estações foram atingidas, indicando apenas que elas estão "no centro e oeste da Ucrânia".

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Ataque atingiu área da estação ferroviária de Krasne
Imagem: Reprodução/Facebook/kozytskyy.maksym.official

Um dos ataques aconteceu na região de Lviv, no oeste ucraniano. Segundo o chefe da área militar de Lviv, Maksym Kozytskyi, por volta das 8h30, horário local (2h30, em Brasília), "ocorreu uma explosão na subestação de tração da estação ferroviária de Krasne como resultado de um ataque de míssil".

Também no oeste, houve danos à infraestrutura ferroviária na região de Rivne, segundo a administração local, e na cidade de Korosten, na área de Zhytomyr.

(Com Reuters e AFP)