Exército russo faz exercício com mísseis nucleares em meio à guerra
As forças nucleares do exército da Rússia estão realizando exercícios em Ivanovo, que fica a nordeste de Moscou, segundo informe de hoje do Ministério da Defesa da Rússia.
Cerca de 1.000 militares estão realizando "operações de manobras intensivas em rotas de patrulha de combate como parte dos exercícios". São utilizados mais de 100 veículos, incluindo lançadores de mísseis balísticos intercontinentais Yars, segundo o ministério. Os mísseis Yars são uma arma nuclear. Até o momento não foram divulgadas imagens do exercício.
Os exercícios acontecem em meio à invasão russa ao território ucraniano, que hoje chegou ao 98º dia.
"Uma das tarefas de maior prioridade do exercício foi trabalhar uma ampla gama de questões sobre a busca e destruição de sabotagem condicional e formações de reconhecimento durante o dia e à noite", disse o informe. "O exercício permite melhorar o nível de formação do pessoal, a coerência das formações e unidades militares das Forças de Mísseis Estratégicos."
Em maio, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Yuri Borisov, garantiu que Moscou não será a primeira a realizar um ataque nuclear, já que só pode lançá-lo como forma de retaliação.
No início do mês passado, o Ministério da Defesa da Rússia confirmou que o Exército do país simulou "lançamentos eletrônicos" de mísseis com capacidade nuclear em Kaliningrado, localizado entre a Polônia e a Lituânia.
Baixas da Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o país tem perdido até 100 soldados por dia na defesa do território durante a invasão russa. "A situação é muito difícil. Estamos perdendo de 60 a 100 soldados por dia mortos em ação", disse, em entrevista divulgada no final da noite de ontem pelo canal Newsmax, dos Estados Unidos. Zelensky também falou que as forças ucranianas têm cerca de 500 combatentes feridos diariamente.
Os números de baixas ditos por Zelensky são mais baixos do que os informados pelo Ministério da Defesa da Rússia. Ontem, os russos disseram ter matado mais de 290 combatentes ucranianos. Hoje, entre ataques aéreos e de artilharia, a Rússia informou ter assassinado cerca de 340. Os números russos nem os ucranianos puderam ser verificados com fontes independentes.
Na entrevista, Zelensky reafirmou que a Ucrânia não irá ceder territórios. "É a nossa soberania", disse. O presidente também reforçou o pedido por mais armas de longo alcance, indicando que elas seriam para defender o território ucraniano e não para atacar áreas russas. "Não estamos interessados no que está acontecendo na Rússia", disse. "Só estamos interessados em nosso próprio território na Ucrânia."
No pronunciamento que divulga em vídeo todas as noites, o presidente ucraniano disse ontem que todos devem fazer lobby "para o fornecimento de armas pesadas modernas" para a Ucrânia, dizendo que elas "podem realmente acelerar a vitória".
A situação mais difícil do conflito, segundo Zelensky, no Donbass, área no leste com separatistas pró-Rússia. Os russos teriam ampliado o controle sobre a cidade de Sievierodonetsk, na região de Lugansk, segundo o governador local, Sergey Gaidai, que relatou ataques contra a cidade, mas indicou que tropas ucranianas continuam lutando pelo território.
Autoridades ucranianas também relataram ataques em pontos das regiões de Donetsk, Dnipropetrovsk e Kharkiv. Para Zelensky, Sievierodonetsk é um dos epicentros do confronto no momento, junto com a vizinha Lysychansk e Kurakhove, cidade da região de Donetsk.
Armas dos EUA
Os novos envios de armas americanas à Ucrânia —que incluem um sistema de foguetes de lançamentos múltiplos— aumentam o risco de um confronto militar entre Rússia e Estados Unidos, disseram autoridades de Moscou.
"Qualquer entrega de armas que continue, ou que aumente, aumenta o risco de tal acontecimento", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, em declarações à agência RIA Novosti, depois de ser questionado sobre um possível conflito armado entre Washington e Moscou.
O governo dos Estados Unidos anunciou na terça-feira o envio à Ucrânia dos sistemas Himars (High Mobility Artillery Rocket System), que permitem lançamentos múltiplos de foguetes e têm alcance de 80 quilômetros. Embora não sejam sistemas de longo alcance, estes representam um reforço significativo das capacidades ucranianas.
(Com Ansa, Reuters e AFP)
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