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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Ucrânia tem até 100 mortes por dia na guerra, diz Zelensky

Do UOL*, em São Paulo

01/06/2022 05h50Atualizada em 01/06/2022 13h12

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o país tem perdido até 100 soldados por dia na defesa do território durante a invasão russa. "A situação é muito difícil. Estamos perdendo de 60 a 100 soldados por dia mortos em ação", disse, em entrevista divulgada no final da noite de ontem pelo canal Newsmax, dos Estados Unidos. Zelensky também falou que as forças ucranianas têm cerca de 500 combatentes feridos diariamente.

Os números de baixas ditos por Zelensky são mais baixos do que os informados pelo Ministério da Defesa da Rússia. Ontem, os russos disseram ter matado mais de 290 combatentes ucranianos. Hoje, entre ataques aéreos e de artilharia, a Rússia informou que o número de mortos chega a cerca de 340. Os números russos nem os ucranianos puderam ser verificados com fontes independentes.

Na entrevista, Zelensky reafirmou que a Ucrânia não irá ceder territórios. "É a nossa soberania", disse. O presidente também reforçou o pedido por mais armas de longo alcance, indicando que elas seriam para defender o território ucraniano e não para atacar áreas russas. "Não estamos interessados no que está acontecendo na Rússia", disse. "Só estamos interessados em nosso próprio território na Ucrânia."

No pronunciamento que divulga em vídeo todas as noites, o presidente ucraniano disse ontem que todos devem fazer lobby "para o fornecimento de armas pesadas modernas" para a Ucrânia, dizendo que elas "podem realmente acelerar a vitória".

armamento pesado - 31.mai.2022 - Reprodução/Presidência da Ucrânia - 31.mai.2022 - Reprodução/Presidência da Ucrânia
Em pronunciamento, Zelensky pediu que todos sejam "lobistas" pelo pelo pedido ucraniano por armamento pesado
Imagem: 31.mai.2022 - Reprodução/Presidência da Ucrânia

A guerra entrou hoje em seu 98º dia com a situação mais difícil, segundo Zelensky, no Donbass, área no leste com separatistas pró-Rússia. Os russos teriam ampliado o controle sobre a cidade de Sievierodonetsk, na região de Lugansk, segundo o governador local, Sergey Gaidai, que relatou ataques contra a cidade, mas indicou que tropas ucranianas continuam lutando pelo território.

Autoridades ucranianas também relataram ataques em pontos das regiões de Donetsk, Dnipropetrovsk e Kharkiv. Para Zelensky, Sievierodonetsk é um dos epicentros do confronto no momento, junto com a vizinha Lysychansk e Kurakhove, cidade da região de Donetsk.

Hoje, 1º de junho, é a data da comemoração do Dia das Crianças na Ucrânia. Órgãos do país relembraram as 243 crianças que morreram durante a invasão russa, como o serviço de emergências da Ucrânia, que disse que é "difícil" compreender tais perdas.

desenhos - Forças Armadas da Ucrânia - Forças Armadas da Ucrânia
No Dia das Crianças, combatentes ucranianos exibem desenhos que receberam
Imagem: Forças Armadas da Ucrânia

Cooperação com a China

Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov disse hoje que a situação atual pode gerar chances para a relação do país com a China. Ele disse que Estados Unidos e União Europeia "transformaram suas moedas em um instrumento de chantagem".

"Estou certo de que a guerra híbrida desencadeada pelo 'Ocidente coletivo' contra a Rússia abre novas oportunidades para expandir a cooperação prática russo-chinesa, inclusive no campo de investimentos e finanças", disse hoje o chanceler em uma conferência entre russos e chineses, segundo mensagem divulgada pelo ministério.

Segundo Lavrov, "a palavra 'crise' em chinês é uma combinação" da forma de se escrever "perigo" e "oportunidade". Para o ministro, "no momento difícil e crítico que o mundo atravessa hoje, o desenvolvimento abrangente da parceria estratégica com a China permanece entre as prioridades da política externa da Rússia".

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Armas dos EUA

Os novos envios de armas americanas à Ucrânia —que incluem um sistema de foguetes de lançamentos múltiplos— aumentam o risco de um confronto militar entre Rússia e Estados Unidos, disseram autoridades de Moscou.

"Qualquer entrega de armas que continue, ou que aumente, aumenta o risco de tal acontecimento", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, em declarações à agência RIA Novosti, depois de ser questionado sobre um possível conflito armado entre Washington e Moscou.

O governo dos Estados Unidos anunciou na terça-feira o envio à Ucrânia dos sistemas Himars (High Mobility Artillery Rocket System), que permitem lançamentos múltiplos de foguetes e têm alcance de 80 quilômetros. Embora não sejam sistemas de longo alcance, estes representam um reforço significativo das capacidades ucranianas.

Alemanha também promete armas

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, prometeu hoje fornecer à Ucrânia o mais avançado sistema de defesa aérea que o país possui: o Iris-T, equipamento bélico que permitirá à Ucrânia "proteger uma grande cidade dos ataques aéreos russos".

Além disso, ele disse que irá enviar um radar de rastreamento ultramoderno que pode detectar artilharia, e lembrou ainda que, nas próximas semanas, a Alemanha vai entregar 12 obuses autopropulsados blindados PzH-2000 à Ucrânia, em colaboração com a Holanda.

O chanceler alemão disse que Kiev já assinou um contrato com a indústria armamentista para o fornecimento de tanques Gepard e sublinhou que tanto estes equipamentos como os PzH-2000 se enquadram na classificação de "armas pesadas".

"Fornecemos [ajuda] continuamente, desde o início da guerra. E logo após o início da guerra tomamos essa decisão e rompemos com uma postura estatal de anos na Alemanha. Foi uma decisão sábia, mas foi uma decisão corajosa e nova deste governo", disse Scholz, referindo-se à tradição de longa data de Berlim de não enviar armas a regiões em conflito.

(Com DW, Reuters e AFP)