Vida luxuosa e batalha judicial: quem é ex-princesa do Qatar achada morta
Kasia Galanio, 45, se definia como uma mulher que cresceu em uma "casa normal" e que viu sua vida se transformar após conhecer, por acaso, Abdelaziz bin Khalifa Al Thani, tio do emir do Qatar. Separada do membro da família real desde 2012, a ex-princesa foi encontrada morta em Marbella, na Espanha, no último domingo (29), em cima da cama, sem sinais de violência. Informações iniciais apontam que Kasia teria morrido por overdose de drogas, mas a autópsia ainda não foi realizada, segundo o Mirror.
Nos últimos anos, ela vivia em uma casa do ex-marido, de 73 anos, mas mostrava nas redes sociais que investia muito de seu tempo viajando por outras cidades europeias, com inúmeras fotos em Paris, na França, e em paisagens clássicas na Itália.
Apesar do estilo de vida luxuoso, que incluía também looks grifados com peças Chanel e Louis Vuitton, Kasia vinha travando uma batalha judicial com o ex-marido, cobrando o apoio financeiro do monarca, que teria se recusado a pagar pensão, e pela guarda das três filhas que eles tiveram ao longo de oito anos de casamento.
Em uma entrevista concedida no mês passado para um canal do Youtube, a ex-princesa, nascida nos Estados Unidos, explicou que não concluiu os estudos após começar o relacionamento com o príncipe, se dedicando exclusivamente a cuidar de sua família com ele, o que a levou a cobrar o auxílio.
"Minha vida inteira foi criar as nossas crianças. Se eu tivesse terminado a universidade e pudesse trabalhar seria diferente, mas meu trabalho era cuidar da minha família. Eu apenas posso pedir a ele para ter compaixão e se colocar no lugar dos outros, sentir o que os outros sentem, acho que ele não tem muito disso", lamentou Kasia, ao Women's World Show TV.
Kasia era universitária quando conheceu tio de emir
Ainda em sua entrevista ao canal de Youtube, Kasia detalhou que sua entrada na família real do Qatar foi uma experiência "completamente nova, enquanto norte-americana". Ela estudava na Universidade da Califórnia e passava férias em Paris quando conheceu o tio do emir, com quem viria a se casar em 2004.
Abdelaziz, ex-ministro do governo do Qatar, mora na França desde 1992. A suspeita é que ele tenha sido forçado ao exílio após tentar dar um golpe de Estado contra o líder do emirado na década de 1990.
"Eu viajei para Paris durante minhas férias na faculdade. Eu estava 'de vela' de uma amiga que estava namorando um banqueiro francês. Ele falou que precisava passar na casa de um cliente para pegar a assinatura em alguns papéis. Eu disse 'ok'. Nós fomos a essa casa, que era absolutamente maravilhosa, e ele contou que era do príncipe do Qatar. Há 20 anos, quando você dizia 'Qatar', as pessoas ficavam meio sem palavras", afirmou Kasia, destacando que em um primeiro momento não sabia muito sobre o futuro marido.
Ela contou que os dois conversaram um pouco já durante a visita profissional e que, quando voltou para Los Angeles, onde morava, foi recebida por inúmeras rosas em sua caixa de correios, enviadas pelo tio do emir.
"Foi um bom galanteio", elogiou ela, antes de se recusar a opinar sobre possíveis sentimentos do ex-marido sobre ela. Kasia se negou a dizer se achava ou não que Abdelaziz a aceitaria de volta e afirmou não saber se a guerra judicial contra ela era uma forma de vingança. "Apenas ele pode responder", rebateu.
Na época da entrevista, a ex-princesa mantinha algum contato com as filhas mais velhas, gêmeas de 17 anos, mas lamentou a falta de um relacionamento com a caçula, de 15.
Veículos franceses já reportaram que a menina vive sozinha em um palácio, sem ir a escola, e que o pai não fala com nenhuma das herdeiras, apesar de ter a custódia do trio.
Ex-princesa planejava projeto de apoio a mulheres
Inspirada pelas "muitas mensagens de mulheres presas em seus casamentos", Kasia disse que tinha o desejo de começar um projeto de apoio a vítimas de relacionamentos tóxicos. A ex-princesa, que se converteu ao islamismo ao se casar, destacou as dificuldades que viveu ao "misturar duas culturas", mas se mostrou fã de figuras como Sheikha Mozah, esposa do emir do Qatar, Hamad bin Khalifa Al Thani, que definiu como uma figura fundamental para avanços dos direitos das mulheres no emirado, principalmente no acesso à educação.
"A coisa mais importante pra mim é liberdade, poder fazer as coisas que eu quero fazer, em vez de estar isolada em uma 'gaiola de ouro'. Eu quero criar uma plataforma para mulheres que não podem ter voz e ser a voz delas. Esse é o plano", afirmou Kasia, que não chegou a lançar algum projeto.
Ao comentar seus sentimentos pelo ex no início do namoro, ela declarou que "tinha algo" sobre o príncipe que "a impressionava" durante as primeiras conversas entre os dois. Mas, apesar das afinidades, a diferença de idade entre os dois, de 28 anos, acabou criando problemas irreconciliáveis.
"Eu queria cuidar dele, estar lá por ele. Por que achava que ele era solitário, acima de tudo. Então parte de mim queria fazê-lo feliz", afirmou. "Mas como tinha uma diferença de idade e alguns membros da família ficaram entre nós, nós acabamos nos distanciando. Eu ainda era jovem e queria viver minha vida, experimentar com a vida, enquanto ele já tinha 'finalizado' essa parte".
Príncipe declarou que companheira tinha transtornos psicológicos
A ex-princesa, que tinha dupla nacionalidade americana e polonesa, vinha tentando retirar a guarda das três filhas do pai desde a separação deles, em 2012.
Segundo o jornal francês Le Parisien, em abril deste ano, uma das adolescentes denunciou a um tribunal que foi vítima de agressão sexual pelo pai quando tinha entre 9 e 15 anos. Um inquérito foi aberto para a investigação da denúncia, em meio às audiências de custódia.
O tio do atual emir do Qatar nega as acusações. Ele já declarou que a ex-companheira teria transtornos psicológicos e era alcoólatra.
"Minhas duas filhas, que são gêmeas, queriam morar comigo, mas ele cortou o contato delas comigo como punição. A mais nova também não pode falar comigo, o que me deixa muito triste. Ela ganha muitas coisas materiais do pai dela, o que é uma espécie de chantagem. É como se uma parte do meu corpo estivesse faltando", afirmou Kasia na entrevista cedida no mês passado.
Após as declarações, semanas antes de sua morte, Kasia teve o pedido de guarda negado. A Justiça francesa solicitou um teste psicológico pericial para, somente após isso, fazer a reanálise da solicitação da mulher.
Segundo o Le Parisien, a ex-princesa, que teria sido hospitalizada em novembro de 2021 — por motivos não divulgados —, tinha propensão a colapsos nervosos e precisava passar por desintoxicação.
Minha cliente ficou arrasada com essa decisão [da justiça]. Acho que, acima de tudo, ela morreu de luto. Sabrina Boesch, advogada de Kasia, ao jornal francês
A defensora e as filhas de 17 anos de Kasia estão na Espanha desde ontem para tratar dos trâmites relacionados ao corpo da ex-princesa.
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