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Bolsonaro criticou Lula em encontro com Biden, diz assessor a canal dos EUA

O assessor internacional da Presidência, Filipe Martins - Reprodução/Twitter
O assessor internacional da Presidência, Filipe Martins Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

28/06/2022 16h46Atualizada em 30/06/2022 16h32

Filipe Martins, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, declarou em entrevista à emissora norte-americana Fox News que Jair Bolsonaro (PL) fez críticas ao ex-chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Joe Biden, presidente dos EUA, durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA). Lula deve disputar a presidência contra Bolsonaro no pleito deste ano. O petista aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos.

Após o encontro, a agência de notícias Bloomberg divulgou que Bolsonaro teria pedido a ajuda de Biden para vencer Lula nas eleições. O colunista do UOL Jamil Chade confirmou com duas fontes da diplomacia brasileira o pedido feito por Bolsonaro a Biden. Ao comentar o caso, Lula disse, em tom de ironia, que isso seria "se humilhar demais". Já o mandatário brasileiro negou as afirmações.

Ao apresentador conservador Tucker Carlson, que chegou a declarar que o "Brasil é a única grande economia do hemisfério Sul que continua pró-América", Martins disse achar que "Biden entendeu que o melhor para os EUA seria a reeleição de Bolsonaro".

O encontro foi o primeiro entre o presidente Bolsonaro e Joe Biden, quase um ano e meio depois de Biden assumir como 46º presidente os Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2021. Bolsonaro era apoiador do ex-presidente Donald Trump, antecessor de Biden, e chegou a questionar as eleições norte-americanas na qual Biden foi o vencedor. Questionado, Martins alegou que a demora para o encontro ocorreu em razão do tempo que Bolsonaro esperou para a consolidação da vitória do democrata.

No início deste mês, na Cúpula das Américas, a reunião entre os dois presidentes durou cerca de 20 minutos na chamada reunião ampliada, que era aberta, e mais 30 minutos apenas entre os dois presidentes, acompanhados dos tradutores, segundo uma fonte que participou de parte do encontro.

De acordo com o assessor da Presidência, Bolsonaro teve "a oportunidade de alertar o presidente Biden sobre a quantidade de 'corrupção' e 'escândalos' que existiram durante o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e que eles foram responsáveis por mais de R$ 8 trilhões em escândalos de corrupção".

Na conversa, Tucker Carlson também criticou o governo Biden e apontou que ele "estaria demasiadamente focado em conflitos no leste europeu", em referência à guerra na Ucrânia, ao mesmo tempo que a América Latina "cai aos pedaços". A fala faz alusão aos governos de esquerda que vêm ganhando força na região sendo a Colômbia o último país a eleger um esquerdista, Gustavo Petro, no último dia 20.

Ao ser perguntado sobre os interesses da China no país, Martins aproveitou para voltar a atacar o governo do ex-presidente Lula. Ele acusou, sem provas, que o petista, durante sua gestão, "incentivou a presença de superpotências no Brasil, além de ter apoiado grupos terroristas, crime organizado e governos ditatoriais como Venezuela, Cuba e Nicarágua". Para o assessor, Lula é "muito aberto para apoiar a China".

O apresentador norte-americano apontou para a "importância que os recursos naturais brasileiros representam para os EUA" e declarou que "se você se importa com o futuro dos Estados Unidos, deveria se importar com o do Brasil".

Antes da entrevista com Martins, Tucker Carlson disse que o Brasil é um país "de grande importância", mas "o governo Biden parece determinado a entregar o país à esfera de influência do Partido Comunista Chinês". O apresentador ainda anunciou que "em breve" deverá entrevistar Bolsonaro.

Nas redes sociais, Martins elogiou a entrevista com o apresentador norte-americano e apontou que o jornalista estaria "gravando reportagens sobre os escândalos de corrupção envolvendo o PT".

Bolsonaro na Cúpula

Após o evento, Bolsonaro disse estar "maravilhado" com Biden e destacou que o presidente dos EUA se "comprometeu" a ajudar o país a manter a democracia e liberdade.

Bolsonaro também afirmou que deixará o governo "de forma democrática". Apesar disso, dois dias antes da Cúpula, o presidente fez um novo ataque ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmando que ele e as Forças Armadas "não farão papel de idiota". Desde o início do ano, o presidente tem retomado a ofensiva contra a Corte Eleitoral, questionando o sistema de votação e apuração, e tentando colocar em xeque o resultado das urnas.