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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Kalibr: qual o poder do míssil russo que devastou cidade longe do front

Matheus Brum

Colaboração para o UOL

17/07/2022 04h00

A Guerra na Ucrânia vai deixando rastros de destruição por quase todo o território do país. O último grande ataque feito pelas Forças Armadas da Rússia ocorreu na última quinta-feira (14), quando três mísseis russos atingiram a cidade de Vinnystia. Mais de 23 pessoas morreram, sendo três crianças, e mais de 100 ficaram feridas.

Vídeos de câmeras de segurança divulgados nas redes sociais mostram o desespero da população que trafegava normalmente pela cidade. Nas imagens, é possível ver pessoas de bicicleta que tiveram que abandonar o veículo e fugir correndo, enquanto uma enorme sombra, causada pela fumaça, toma conta das ruas de Vinnystia.

O ataque a Vinnystia chamou atenção pelo fato de a cidade estar longe do raio de combate entre as forças russas e ucranianas. Atualmente, os principais confrontos estão localizados na região do Donbas, área de forte conflito histórico entre os países, desde o fim da União Soviética.

O alvo dos ataques foi um prédio de escritórios. Segundo o governo ucraniano, residências também foram afetadas. O presidente do país, Volodymyr Zelensky, condenou os ataques como um "ato aberto de terrorismo". Já o governo russo disse que no prédio atacado havia uma reunião entre funcionários das Forças Armadas da Ucrânia e fornecedores estrangeiros de armas.

Míssil Kalibr

Os três mísseis usados no ataque, segundo a imprensa internacional, são o Kalibr. São mísseis de alta precisão, de acordo com uma reportagem da Sputinik Brasil, imprensa estatal russa.

Esses mísseis podem ser disparados de navios, submarinos, caças e carretas de blindagem leve. "O alcance e a precisão dos [mísseis] Kalibr permitem à Marinha da Rússia manter na mira alvos remotos, controlá-los e destruí-los facilmente", explicou o especialista em segurança Alex Betley.

O míssil Kalibr pode percorrer uma distância de 2 mil quilômetros (equivalente à distância entre São Paulo e Salvador), levando 700 quilos de explosivos. Segundo a Sputinik, essa carga de explosivos também pode ser nuclear.

São quase 1.000 quilômetros entre Luhansk, um dos palcos mais violentos da guerra na Região do Donbas, até Vinnystia, cidade de 370 mil habitantes. A distância mostra o poder de destruição dos mísseis Kalibr.

Segundo o colunista do Estadão, Roberto Godoy, o governo russo usa a versão 3M-14T dos mísseis. É o mais longo modelo produzido em 28 anos pela fabricante Novatur Boreau. A arma tem 6,5 metros e pesa 1,5 tonelada. O custo estimado de cada míssil é de US$ 900 mil (R$ 4,9 milhões).

Ainda de acordo com Roberto Godoy, o míssil Kalibr é capaz de voar a uma velocidade de 900 km/h. No trajeto, o sistema de direcionamento "trava" no objeto programado para atingir. Na reta final do percurso, o míssil conta com uma turbina auxiliar, que acelera o armamento até chegar à velocidade supersônica (1.235 km/h). Essa "manobra" faz com que o sistema de defesa do inimigo não consiga deter o míssil.

O Kalibr também foi usado pelas forças russas na guerra da Síria, destruindo cidades sob o controle do Estado Islâmico.