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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Rússia admite pela 1ª vez que teve navio afundado; saiba como era o Saratov

Saratov (BDK-65), o 1º navio que a Rússia admitiu ter sido afundado na Ucrânia - Defesa Aérea Naval da Rússia
Saratov (BDK-65), o 1º navio que a Rússia admitiu ter sido afundado na Ucrânia Imagem: Defesa Aérea Naval da Rússia

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL

10/07/2022 04h00

Mais de quatro meses após o início da guerra na Ucrânia, a Rússia admitiu pela primeira vez que um de seus navios de guerra foi afundado por um ataque do exército adversário. Trata-se do navio de desembarque Saratov, que teve seus restos removidos pelas tropas russas para evitar a detonação das munições a bordo.

A embarcação foi alvo de um ataque ucraniano no porto de Berdiansk, ocupado pelos russos, em 24 de março deste ano. Na época, Kiev informou que sete mísseis tinham sido disparados contra o local causando danos à infraestrutura portuária e afundando um navio.

O navio foi originalmente relatado como tendo sido Orsk, mas o Estado-Maior Geral das Forças Armadas Ucranianas relatou mais tarde que Saratov havia sido destruído, e dois navios da classe Ropucha, Caesar Kunikov e Novocherkassk, foram danificados. Porém, Moscou sempre negou que os ucranianos tivessem atacado qualquer embarcação russa.

A remoção dos restos do Saratov foi confirmada no Telegram por um funcionário nomeado por Moscou para a Ucrânia Meridional, Vladimir Rogov, e obtida pela BBC. A mensagem afirma que a Rússia conseguiu recuperar "um grande navio para desembarque que foi afundado" no porto de Berdyansk. A remoção foi necessária "para prevenir a detonação das munições a bordo".

Ainda conforme Rogov, o navio foi atingido por mísseis balísticos Tochka-U e seus restos agora serão transportados para a Crimeia.

Conheça o Saratov

O Saratov (BDK-65) foi o primeiro navio de desembarque de sua série, construído em 1964 em Kaliningrado. Ao longo da história, o navio teve que visitar muitas partes do mundo. Saratov participou dos eventos na Geórgia em 2008 e durante a reunificação da Crimeia em 2014.

A embarcação pertence à classe Alligator, uma classe de navios do Projeto 1171, ou classe Tapir, conhecida por embarcações de transporte anfíbio que são adequadas para uso em praias. O apelido Alligator foi o codinome que a OTAN deu aos navios Tapir das forças armadas soviéticas.

A classe Alligator ou Tapir nasceu de uma recomendação da Marinha da antiga União Soviética para construir navios anfíbios. Alguns dos primeiros navios a serem desenvolvidos sob este plano foram a classe Polnocny, que incluía navios de desembarque médios de 900 toneladas para transportar armamento militar pesado e unidades de infantaria.

O Saratov acabou sendo um navio projetado para liderar formações. Pertencia à subunidade estratégica da Frota do Mar Negro e, enquanto a União Soviética estava em colapso, estava localizada no Lago Donuzlav, onde permaneceu desativada em Odessa até 1994. O navio foi relatado em operações ativas em 2000.

Em 2008, o Saratov, juntamente com o navio Osrk, da mesma classe, entrou em serviço ativo no âmbito da 197ª Brigada de Navios de Desembarque da Frota do Mar Negro, e em 2013, foi utilizado para transportar equipamento militar de Novorossiysk para Tartus, na Síria, durante a guerra civil naquela área.

Capacidade

Este navio podia transportar até 1.000 toneladas de carga e tinha um compartimento para veículos blindados na proa, além de uma rampa para desembarque de tropas. Poderia conter uma carga completa de até 20 tanques de batalha principais ou 45 veículos blindados, bem como 300 soldados ou 50 caminhões militares.

Moskva

O Moskva patrulhando o Mar Mediterrâneo ao longo da costa da Síria - MAX DELANY/AFP - MAX DELANY/AFP
O Moskva patrulhando o Mar Mediterrâneo ao longo da costa da Síria
Imagem: MAX DELANY/AFP

O cruzador de mísseis Moskva, principal navio da frota russa do Mar Negro, afundou após ser profundamente danificado por uma explosão no dia 13 de abril deste ano. Com 12.500 toneladas, é o maior navio de guerra russo afundado em combate desde a Segunda Guerra Mundial. A embarcação com capacidade para 510 tripulantes era um símbolo do poder militar e liderou a parte naval do ataque russo à Ucrânia.

O governo da Ucrânia afirma que a explosão foi causada por um ataque executado por suas forças. Segundo as Forças Armadas ucranianas, eles teriam utilizado um míssil Neptune fabricado nacionalmente. Já o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que a embarcação estava sendo rebocada para o porto quando "mares tempestuosos" a fizeram afundar.

Frota do Mar Negro

A Frota do Mar Negro é uma associação operacional e estratégica da Marinha da Rússia no Mar Negro. A Frota Russa do Mar Negro, como parte da Marinha, é um meio de garantir a segurança militar da Rússia no sul.

Para desempenhar as tarefas, a Frota do Mar Negro tem em sua composição submarinos movidos a diesel, navios de superfície para operações em áreas oceânicas e próximas ao mar, aviação naval portadora de mísseis, aviação antissubmarina e de combate, unidades de tropas costeiras.

Atualmente, as principais tarefas da Frota Russa do Mar Negro são as seguintes:

  • proteger a zona econômica e as áreas de atividades produtivas, além de repreender as atividades produtivas ilegais;
  • garantir a segurança da navegação;
  • implementar ações de política externa do Governo em áreas economicamente importantes dos oceanos (visitas, entradas de rotina, exercícios conjuntos, ações como parte das forças de manutenção da paz, etc).