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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Como Rússia perdeu quase todos os drones na guerra e agora depende do Irã

Modelo Orlan-10 de drone russo - Sputnik
Modelo Orlan-10 de drone russo Imagem: Sputnik

Rafael Souza

Colaboração para o UOL

24/07/2022 04h00

Na última semana, a Casa Branca divulgou a informação de que a guerra da Rússia contra a Ucrânia começou a tomar outros rumos e os russos sentem o peso da falta de um dos equipamentos militares mais essenciais nas batalhas modernas: os drones de vigilância, armados ou desarmados.

As causas da falta de drone estão ligadas especialmente ao uso excessivo pelos russos, que não esperavam uma guerra tão longa, assim como a eficiência dos foguetes múltiplos montados em caminhões norte-americanos que destruíram locais de defesa aérea e postos de comando, de acordo com dois funcionários dos EUA.

Drones essenciais ao longo da guerra

A Rússia já perdeu dezenas de drones de reconhecimento para as defesas aéreas ucranianas, mas ainda assim o uso das aeronaves têm sido primordiais para ataques rápidos e transmissão das coordenadas para as armas de longo alcance, como obuses e morteiros.

Na batalha, os principais drones russos são do tipo Orlan-10, usados frequentemente na região do Donbass (no leste da Ucrânia) para efetuar operações de reconhecimento. É uma aeronave de uso militar, mas também civil, que é bastante comercializada para uso nos mais diversos campos: obras de construção, patrulhamento de regiões de difícil acesso, nos sistemas de combate ao fogo e situações de emergência.

Segundo as forças de segurança ucranianas, os russos têm usado o Orlan-10 estacionando as aeronaves em árvores ou outras coberturas, escondendo peças de artilharia para evitar serem detectados pela vigilância aérea.

Quando um Orlan-10 se aproxima de um alvo, ele indica com exatidão a localização e, assim, os militares usam da artilharia para efetuar um tiro certeiro, à distância.

Irã como aliado na guerra por drones

Com a perda significativa de drones, agora, a Rússia busca se reabastecer junto ao Irã visando ainda o fornecimento a longo prazo, de acordo com a Casa Branca. Ao todo, autoridades americanas dizem que o Irã se prepara para fornecer até 300 aeronaves pilotadas remotamente e começará a treinar tropas russas sobre como usá-las já neste mês.

Uma delegação russa visitou um aeródromo no centro do Irã pelo menos duas vezes nas últimas cinco semanas para examinar drones que podem ser armados, disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Irã é potência no desenvolvimento de drones

Há décadas, o Irã vem se especializando na construção de drones de diversos tipos e realiza negociações com outros países em suas respectivas guerras. O país já forneceu tecnologia de drones ao Hezbollah no Líbano; aos rebeldes no Iêmen atacando a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos; além das milícias xiitas no Iraque, que realizaram ataques contra tropas iraquianas e americanas.

As primeiras aeronaves não tripuladas desenvolvidas pelos iranianos remontam ao começo dos anos 1980 e, atualmente, os iranianos rivalizam no mercado de drones com Estados Unidos, Israel, China, França, Canadá e Inglaterra, que concentram os principais fabricantes de equipamentos não tripulados de uso militar.

Os drones mais avançados do Irã e cobiçados pelos russos são os modelos 'Shahed', produzidos pela estatal iraniana Shahed Aviation Industries. O modelo Shahed-149 Gaza (em referência à luta dos palestinos na Faixa de Gaza) é o mais avançado e que está em serviço desde abril deste ano. O drone foi projetado para missões de reconhecimento e ataque à distância e se assemelha com os drones americanos.

Indústria

Segundo estimativa da Acute Market Reports, o setor de drones deve movimentar, neste ano, cerca de US$ 9,62 bilhões (R$ 52,09 bilhões) e o mercado deve ter um crescimento anual na casa dos 6,6% até 2025.

EUA e Israel estão à frente no desenvolvimento dessa tecnologia, mas todos os países com atuação militar estão evoluindo no uso de drones, inclusive o Brasil. Em se tratando do mercado global da aeronave, a China é a que mais exporta para todos os países, incluindo os modelos militares.

Em seu arsenal, o "Zhuhaiyun" foi apresentado pelos chineses no final de maio como o primeiro navio porta-drones. A embarcação deve transportar um grande número de drones aéreos, marítimos e submarinos.

Chen Dake, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências, descreveu ao China Daily como uma "inovação revolucionária", o que demonstra o interesse e o entusiasmo com o desenvolvimento de tecnologias que usam e aprimoram os drones.