Como guerra mobiliza petição para legalizar casamento gay na Ucrânia
A guerra na Ucrânia impulsiona um movimento para legalizar o casamento gay no país governado por Volodymyr Zelensky. Uma petição pede que casais homoafetivos tenham o mesmo direito que heterossexuais, incluindo o direito de casar.
Falta pouco para que o documento consiga 300 mil assinaturas, o suficiente para obrigar uma revisão presidencial. As informações são do jornal The New York Times.
Garantir direitos iguais para pessoas LGBTQIA+ ganhou urgência no momento em que Moscou avança sob o território ucraniano. A preocupação com o tema ocorre porque na Rússia, as minorias sexuais enfrentam discriminação, homofobia e estigma social. A luta pela igualdade no âmbito matrimonial na Ucrânia em razão da entrada militares homossexuais na guerra.
"Neste momento, todo dia pode ser o último", diz um trecho da petição.
A autora do documento é Anastasia Sovenko, 24, professora de inglês de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, que se identifica como bissexual. Em entrevista ao NYT, ela diz que se sentiu compelida a lançar a petição depois de ler um artigo sobre soldados heterossexuais correndo para se casar com suas parceiras antes de ir para a guerra.
Anastasia diz que se sentiu triste, irritada e frustrada porque casais do mesmo sexo não tem essa opção.
Eles não poderão visitar sua alma gêmea no hospital se algo acontecer. Se eles tiverem um filho, então o filho será tirado do pai que ainda está vivo se não for uma mãe que deu à luz. Porque para a lei eles não são parentes. Eles são apenas dois estranhos. E esta poderia ser a última oportunidade em suas vidas para se casar.
Professora de inglês Anastasia Sovenko, que criou a petição defendendo direitos iguais para casais homoafetivos
O presidente Zelensky pode se recusar a agir sobre a petição ou dar seu aval, redigindo um projeto de lei sobre os direitos de casais do mesmo sexo e enviando-o para votação do Parlamento, onde seu partido Servo do Povo tem maioria.
Ele também poderia simplesmente passar a questão para o Parlamento para debate. O gabinete de Volodymyr Zelensky não respondeu a pedidos de comentários do NYT.
A homossexualidade foi descriminalizada em 1991 na Ucrânia, mas constituição do país diz que "o casamento é baseado no livre consentimento de uma mulher e um homem". Alterar o texto requer dois terços do Parlamento.
Defensores dos direitos LGBTQIA+ ouvidos pelo NYT dizem esperar que Zelensky, cujo país é candidato à adesão à União Europeia, encare a igualdade no casamento como uma questão que pode melhorar as credenciais liberais da Ucrânia e ajudar a aproximá-la do Ocidente.
Para Inna Sovsun, professora de políticas públicas da Escola de Economia de Kiev e legisladora do Holos, um partido liberal da oposição que defende os direitos LGBTQIA+, o Parlamento ucraniano continua profundamente dividido sobre os direitos dos homossexuais, com a maioria indecisa sobre o assunto.
Ela acrescentou que Zelensky poderia persuadir os céticos se ele se manifestasse energicamente em favor de uma lei.
"Quando defendemos o país, desmantelamos a propaganda russa de que todos os gays são comunistas, marxistas e anti-Ucrânia", diz Viktor Pylypenko, que luta na região leste de Donbass e é diretor de uma organização de pessoas LGBTQIA+ que servem nas Forças Armadas. "Destruímos esses mitos homofóbicos lutando contra os russos e arriscando nossas vidas pela Ucrânia."
Na Ucrânia, a Igreja Ortodoxa Oriental e os costumes tradicionais estão profundamente enraizados. Alguns membros do partido de Zelensky, inclusive, propuseram uma lei que multasse a "propaganda homossexual".
Defensores dos direitos humanos dizem que as pessoas LGBTQIA+ na Ucrânia enfrentam rotineiramente discriminação, embora não tão amplamente quanto na Rússia. Eventos de orgulho gay no país foram marcados por ameaças e violência de manifestantes anti-gays e grupos de extrema-direita.
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