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'Taiwan não fará parte do sonho de expansionismo da China', diz ministro

Joseph Wu, ministro das Relações Exteriores de Taiwan - Kenny Mori/Wikimedia Commons
Joseph Wu, ministro das Relações Exteriores de Taiwan Imagem: Kenny Mori/Wikimedia Commons

Do UOL, em São Paulo

05/08/2022 12h11

O ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, disse em entrevista à BBC que a China tem tentado isolar Taiwan internacionalmente "há um bom tempo" e defendeu a visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos EUA, à ilha nesta semana — movimento que desencadeou uma forte reação chinesa, incluindo exercícios militares.

Para Wu, foi "muito significante" que Pelosi tenha visitado Taiwan a fim de "permitir que a comunidade internacional entenda que Taiwan é uma democracia".

"Países nessa região precisam ficar de olho no que a China está tentando fazer. Taiwan não será o último pedaço no sonho de expansionismo da China", criticou Wu.

A administração central de Taiwan rejeita que a ilha seja integrante da República Popular da China, como defende o governo de Xi Jinping. A reunificação dos territórios tem sido um dos objetivos chineses mais disseminados nos últimos tempos.

"Nós queremos manter o status quo, que é Taiwan não ter jurisdição sobre o território chinês e a República Popular da China não ter jurisdição sobre Taiwan. Esta é a realidade", argumentou Joseph Wu.

Nancy Pelosi chega a Taiwan; à esquerda, o ministro Joseph Wu a acompanha - Divulgação/Ministério das Relações Exteriores de Taiwan via AFP - Divulgação/Ministério das Relações Exteriores de Taiwan via AFP
Nancy Pelosi chega a Taiwan; à esquerda, o ministro Joseph Wu
Imagem: Divulgação/Ministério das Relações Exteriores de Taiwan via AFP

Atualmente, a maioria dos países — incluindo os Estados Unidos — reconhece que Taiwan é uma parte da China, e não um país independente. No entanto, o governo de Joe Biden se opõe a uma reunificação forçada da China e se posiciona contra um possível ataque contra a ilha.

Segundo Marcelo Santoro, professor de Relações Internacionais da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a política oficial da China é de que a reunificação deve ocorrer por meios pacíficos.

No entanto, o "aprofundamento do autoritarismo dentro da China" com "um governo mais centralizado" em Xi Jinping tem refletido nas relações do país com Taiwan, bem como em cidades que tinham mais autonomia anteriormente, como Hong Kong.

"Isso repercute muito mal para as relações da China com Taiwan, porque está vendo esse quadro de uma China mais fechada e autoritária, e isso acaba sendo um empecilho para ao diálogo ou possibilidade de reunificação", explicou Santoro ao UOL.

China faz exercícios com mísseis

Desde ontem, a China faz exercícios militares na região do Estreito de Taiwan em resposta à visita de Nancy Pelosi.

Já foram utilizadas mais de 100 aeronaves, diz a mídia estatal, e hoje mísseis chineses sobrevoaram o território da ilha durante as manobras militares.

O ministério da Defesa de Taiwan afirmou, em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, que "68 aviões de combate e 13 navios de guerra" chineses cruzaram a "linha média" do Estreito de Taiwan, que separa a ilha do continente. A pasta denunciou exercícios militares "altamente provocadores".

Hoje, as relações diplomáticas entre EUA e China pioraram ainda mais após o Ministério das Relações Exteriores da China anunciar o cancelamento de diálogos entre os líderes militares e a suspensão das negociações bilaterais sobre clima e segurança marítima.

O cenário fez com que os EUA convocassem o embaixador da China no país para comparecer à Casa Branca.