Quem são os criminosos de guerra no conflito entre Rússia e Ucrânia?
Desde o início da guerra na Ucrânia, as forças russas têm sido acusadas de cometerem diferentes crimes de guerra: assassinatos de civis, bombardeios com munições de fragmentação, saques e estupros.
Relatórios da Anistia Internacional e da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) já apontaram centenas de casos, além de o TPI (Tribunal Penal Internacional) também realizar uma investigação própria.
No total, são mais de 23 mil casos sendo investigados por diversos países, o que levou a 45 nações a se reunirem para coletar evidências e apontar responsáveis.
Esses processos, no entanto, podem levar tempo. O TPI, por exemplo, emitiu, no fim de junho, três ordens de prisão por crimes de guerra cometidos durante o conflito entre Rússia e Geórgia em 2008. Além disso, pouco se sabe sobre os autores desses crimes com as investigações em andamento, mas já há alguns casos que ganharam notoriedade.
Conheça casos de criminosos na guerra na Ucrânia:
Vadim Shishimarin
O sargento Vadim Shishimarin, 21, foi acusado de matar a tiros o civil Olkesandre Chelipov, 62, no nordeste ucraniano durante os primeiros dias do conflito. Julgado em 23 de maio, ele se declarou culpado e foi condenado à prisão perpétua —a pena foi reduzida para 15 anos após apelação.
Em seu depoimento, o militar disse ter agido sob pressão de outro soldado enquanto tentava fugir para a Rússia em um carro roubado com mais quatro soldados. Shishimarin, nascido em Irkutsk, na Sibéria, pediu perdão à viúva de Chelipov durante uma breve conversa com ela no tribunal de Kiev em maio.
Alexander Bobikin e Alexander Ivanov
Outros dois militares russos condenados foram Alexander Bobikin e Alexander Ivanov, acusados de bombardear com lança-mísseis duas localidades da região de Kharkiv, no nordeste do país, ainda no início da guerra.
Declarados culpados de "violar os usos e costumes da guerra", segundo a agência Interfax-Ucrânia, os russos foram condenados a 11 anos e meio de prisão. Assim como Chichimarine, eles também "reconheceram totalmente sua culpa e declararam que estavam arrependidos".
Mikhail Romanov
O militar russo Mikhail Romanov é o primeiro acusado formalmente por ter cometido estupro durante a invasão da Ucrânia. Segundo a Procuradoria-Geral da Ucrânia, durante a ocupação de Brovary, na região de Kiev, em março, soldados invadiram uma casa e mataram o proprietário.
Depois, Romanov, junto a outro militar não identificado, estupraram diversas vezes a mulher do homem assassinado e a ameaçaram com armas e violência contra o seu filho. Romanov ainda não foi julgado pela Justiça ucraniana.
O Ministério do Interior da Ucrânia já identificou ao menos 13 crimes sexuais cometidos por forças russas na região de Kiev.
Vasili Litvinenko
O tenente Vasili Litvinenko foi responsabilizado pela Procuradoria-Geral ucraniana por ter ordenado seus subordinados a atirarem contra civis desarmados e a incendiarem prédios residenciais em Lipivka, na região de Kiev.
Pelo menos uma pessoa morreu no ataque, e sua casa foi alvo de tiros de um tanque russo.
A procuradoria investiga ainda a extensão dos possíveis crimes cometidos por Litvinenko, de acordo com um relatório da organização civil Truth Hounds, que investiga crimes de guerra na Ucrânia. Litvinenko ainda não foi julgado pela Justiça ucraniana.
Grupo Wagner
A empresa militar privada chamada de Grupo Wagner também foi acusada de envolvimento nos crimes cometidos durante a invasão da Ucrânia. Três integrantes da companhia, fortemente associada ao governo russo —mas com a qual Moscou nega qualquer vínculo—, são apontados pela Procuradoria-Geral ucraniana de terem participado da tortura e do assassinato de civis em Motyshin, na região de Kiev.
Junto a cinco soldados russos, eles teriam também incendiado as casas dessas pessoas. Os oito são ainda suspeitos de terem assassinado um integrante da ONG Patriot e de terem mantido presos outros dois voluntários, ainda segundo o levantamento da Truth Hounds.
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