Vídeo: Barata é gravada carregando cigarro no Líbano e imagem roda o mundo
Um vídeo em que uma barata é gravada carregando uma bituca de cigarro, publicado ontem no TikTok, já chegou a mais de 3,5 milhões de visualizações e 812 mil curtidas. As imagens foram captadas pelo estudante de arquitetura Zayd, 21, que mora em Beirute, no Líbano.
No vídeo, que está se espalhando globalmente pelas redes sociais, o inseto é visto andando sobre o que parece ser uma tampa de bueiro. Nas patas dianteiras, ele carrega o cigarro.
"Eu gravei esse vídeo há alguns dias, em Beirute. Eu estava embaixo da casa, no porão, pegando alguns alimentos que a gente guarda lá. Era por volta da 1h da manhã. Eu estava com um amigo. De repente, quando saímos para a rua para retornarmos ao andar superior da casa, vimos uma coisa se movendo bem devagar, no chão. Eu liguei a lanterna e era uma barata", contou Zayd ao UOL.
Imediatamente, o estudante ligou a câmera do celular para registrar a cena em vídeo. "Foi quando percebi que ela estava carregando uma bituca de cigarro, de uma forma bem 'cínica'", brincou.
Zayd disse que, apesar de ter feito as imagens dias atrás, decidiu criar ontem uma conta no TikTok apenas para postar o vídeo nas redes.
"Foi a minha primeira tentativa de postar um vídeo feito por mim. Honestamente, eu postei antes de dormir, esperando que ele pegasse pelo menos alguma tração ou ganhasse algumas interações. Acordei no dia seguinte com quase 100 mil visualizações", comentou.
"Então começou a aumentar rapidamente a cada hora. Ironicamente, tive até amigos postando na minha linha do tempo sem que soubessem que sou eu a pessoa por trás do vídeo. Eu até recebi mensagens de amigos na Europa com o vídeo aparecendo em suas linhas do tempo. Então, eu acho que se tornou internacional. Eu estava até recebendo mensagens de pessoas me enviando o vídeo postado em outras páginas", afirmou o estudante.
Zayd diz que não tem medo de baratas. Ele conta que elas são muito comuns em todo o Líbano durante os meses de verão. "A gente acaba se acostumando. Mas uma igual a essa que eu gravei com o celular, nunca tinha visto".
Atitude dentro dos padrões
Segundo a bióloga Ana Clara de Sousa, apesar de parecer estranha, a ação da barata flagrada no vídeo pelo estudante está dentro dos padrões de comportamento da espécie.
"As baratas são insetos de hábito noturno, durante o dia escondem-se em frestas de muros, embaixo de pedras ou em esgotos. Mas quando cai a noite, é o momento ideal para saírem de seus esconderijos em busca de comida".
Ana Clara diz que esses animais que causam estranheza por seu aspecto são mais antigas do que podemos imaginar. Elas existem há mais de 300 milhões de anos e já somam cerca de 5.000 de espécies no mundo.
"São criaturas muito especializadas. Elas conseguem perceber o perigo através de mudanças na corrente do ar à sua volta. Elas têm pelinhos nas costas que funcionam como sensores, informando a hora de correr para fugir de uma ameaça".
Segundo Ana Clara, quando existe algum tipo de escolha, as baratas geralmente optam por comidas mais doces, mas, quando os tempos ficam mais difíceis, elas podem comer de tudo, desde cola, graxa, sabão, couro, plástico, papel, cabelo e até fezes.
"Baratas podem carregar objetos que servirão como seu alimento", explica ao UOL o biólogo e doutorando em biologia animal Ricardo Brugnera. "Baratas podem se alimentar de cigarros. Por mais estranho que isso possa parecer, o papel e o tabaco que estão no cigarro podem servir como fonte de nutrientes para as baratas, principalmente por conta dos carboidratos presentes nele".
Brugnera afirma que baratas são insetos oportunistas, se alimentando de praticamente qualquer coisa que conseguirem digerir e que julgarem nutritivo. "Claro que as demais substâncias presentes no cigarro podem ser maléficas para as baratas, como por exemplo a nicotina. Mas elas não tem consciência disso", esclarece.
A espécie Peripleta americana, comumente conhecida como barata-doméstica, também se alimenta de plásticos e até de isopor. Da mesma forma que a larva do besouro tenébrio (Tenebrio molitor). "O plástico vem do petróleo, e o petróleo é um composto natural. Deve ter algo que elas consigam fazer internamente para quebrar as moléculas e absorver os nutrientes".
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