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Homem é solto nos EUA após ficar preso 36 anos por estupro que não cometeu

O norte-americano Sullivan Walter foi condenado por estupro que não cometeu - Reprodução
O norte-americano Sullivan Walter foi condenado por estupro que não cometeu Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em Maceió

28/08/2022 18h48

Depois de passar 36 anos preso por um estupro que não cometeu, Sullivan Walter, atualmente com 53 anos, foi solto na última quinta-feira (25) por determinação da Justiça de Nova Orleans, nos Estados Unidos.

No período em que foi detido, ele ainda era menor de idade, com 17 anos.

Walter, que é um homem negro, foi condenado a 39 anos de detenção por dois crimes:

  • uma pena de quatro anos de reclusão pela acusação de roubo;
  • e 35 anos por várias condenações no caso de um estupro do qual ele é inocente.

Os dois casos não têm relação entre si.

Recentemente, o juiz Darryl Derbigny anulou a condenação de estupro contra Sullivan porque, de acordo com o magistrado, as evidências de sangue e sêmen que poderiam tê-lo inocenta-do nunca chegaram ao júri à época em que o julgamento foi realizado, nos anos 1980.

Segundo o magistrado, chamar o ocorrido de "inconcebível" chega a ser um "eufemismo" diante da gravidade do caso, classificado por ele como "horrível".

"Estou sem palavras para expressar a tristeza e a raiva que tenho com o tratamento que você recebeu do sistema", afirmou o juiz.

Fora da cadeia, Sullivan Walter disse em entrevista ao The Times Picayne que está "pronto para viver", e que seu desejo agora é levar "uma vida honesta e livre".

De acordo com informações da revista People, o estupro pelo qual Sullivan foi erroneamente condenado aconteceu em 1986, quando a vítima, identificada como L.S., teve sua casa invadida por um homem, que usava uma máscara no rosto. À época, Walter foi preso com base na identificação da vítima e por ter usado um boné de beisebol azul semelhante ao do responsável pelo crime.

Para Richards Davis, diretor jurídico do Projeto de Inocência de Nova Orleans, o principal motivo que levou à condenação de Sullivan foi o fato de ele ser negro. Para Davis, os responsáveis pelo caso "agiram como se acreditassem que poderiam fazer o que quisessem com um adolescente negro de uma família pobre", por terem a confiança de que "nunca seriam averiguados ou responsabilizados".

"Não se trata apenas de indivíduos e suas escolhas, mas dos sistemas que permitem que eles aconteçam", afirmou.

Richard Davis trabalhou em conjunto com o promotor público Jason Williams pela libertação de Walter. Conforme a promotoria, havia motivos contundentes de que a vítima reconheceu Sullivan erroneamente.

"Houve indícios de que o depoimento da testemunha ocular poderia não ser confiável. Nesse caso, L.S. estava sendo solicitada a fazer uma identificação interracial de alguém que em todos os momentos que ela podia observá-lo estava mascarado, em um quarto escuro à noite, e/ou ameaçando-a para não olhar para ele. Além disso, L.S. não viu uma matriz de fotos contendo o Sr. Walter até mais de seis semanas após o crime", disse a promotoria.

Foi criada uma campanha on-line para arrecadar doações para Sullivan Walter. Até a publicação desta matéria, foram arrecadados R$ 50 mil da meta de R$ 75 mil.