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Professor: Reinado de Charles 3º não dará certo se ele tentar copiar a mãe

Colaboração para o UOL

09/09/2022 08h54Atualizada em 09/09/2022 09h37

Depois da morte da Rainha Elizabeth 2ª, Charles 3º assume o posto de Rei da Inglaterra. Mas, de acordo com Kai Lehmann, professor de relações internacionais que participou hoje do UOL News, ele não deveria copiar a postura neutra da mãe em relação à política, porque isso iria contra sua própria natureza.

Charles 3º já se envolvou em algumas discussões mais polêmicas e é muito ligado a questões de defesa ambiental, por exemplo. "O povo não quer a monarquia como algo político. Quer a monarquia como algo que representa o país como ele era e como ele gostaria de ser. E o Charles não é a mãe dele. O desafio dele é continuar como ela nas linhas gerais, mas fazer 'do meu jeito'. Se ele tentar copiar, não vai dar certo. Todo mundo sabe que ele não é como ela. E ele tem ciência disso", explicou Lehmann.

Outro papel do Rei Charles será transmitir uma imagem de estabilidade, segundo o professor. "O simbolismo da Rainha Elizabeth era a ligação do presente com o passado. E a mitologia que existe de quando o Reino Unido era uma potência e ganhava guerras, liderava a Europa contra fascismo, e ela representava esse gancho entre passado, presente e futuro. A monarquia representa a estabilidade que está faltando no país."

Rainha Elizabeth 2ª ter morrido na Escócia tem motivo, diz historiador

O historiador Francisco Vieira também participou do UOL News e apontou que até a morte de Rainha Elizabeth teve uma simbologia, como tudo que a família real faz.

"A família real vai se adaptando com o tempo. A mulher do herdeiro, a duquesa Kate, usa roupa de loja de departamento. Isso não é à toa. É para criar identificação do público com a família real. Tudo é construção. Pode parecer maquiavélico, mas nem o fato de a Rainha ter morrido na Escócia, nesse momento em que a Escócia tem um movimento separatista, é a toa. Era o lugar que ela mais gostava, mas veio a calhar."

Bolsonaro perdeu chance de estabelecer relação privilegiada com Charles 3º, avalia Josias

Josias de Souza, colunista do UOL, lembrou que Jair Bolsonaro (PL) já desperdiçou algumas oportunidades de ter uma boa relação com o Rei Charles 3º, quando o monarca ainda era príncipe.

Na primeira ocasião, o presidente do Brasil teria criticado a visão de Charles sobre a Floresta Amazônica. "Bolsonaro se encontrou com o até então herdeiro da Coroa Britânica no final de outubro de 2019, no Japão. Eles conversaram. E a preservação do meio ambiente é uma das obsessões do Charles. Mas Bolsonaro diria depois que, a exemplo do mundo, o monarca tinha uma visão equivocada da floresta brasileira."

Outro desperdício de oportunidade, segundo Josias, aconteceu na mais recente reunião do G20, na Itália. "Charles falou aos chefes de estado do G20 na primeira reunião. Bolsonaro saiu de fininho, antes da fala do então príncipe, e foi fazer turismo. Deixou no lugar dele o chanceler brasileiro. Bolsonaro não perde oportunidades de perder oportunidades. Hoje poderia ter uma relação privilegiada com o novo rei do Reino Unido", afirmou.

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