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Ex-embaixador: Putin não está blefando e pode usar armas táticas nucleares

Colaboração para o UOL

21/09/2022 08h43Atualizada em 21/09/2022 10h32

Ao anunciar uma mobilização de 300 mil homens para a Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que pode adotar outros meios de destruição. Ao UOL News de hoje, o ex-embaixador Rubens Barbosa afirmou que a ameaça não é um blefe e sinaliza a possibilidade de uso de armas nucleares táticas.

"Essa declaração do Putin é uma escalada na guerra e mostra que eles vão levar isso até o fim. O que está embutido na declaração dele é o uso de armas nucleares táticas, não as armas nucleares mais destruidoras, mas as armas que foram desenvolvidas para ter ação localizada", explicou Rubens.

Na opinião dele, os adversários dos russos não estão prontos para esse tipo de ataque. "Nem a Europa nem Estados Unidos estão preparados para contra-atacar. Ninguém quer uma guerra nos Estados Unidos, na véspera de uma eleição, ou na Europa, com crise energética. Portanto, não sendo um blefe, deixa os governantes dos Estados Unidos e Europa em uma posição difícil".

Ex-embaixador não acredita que haverá acordo de paz

Barbosa também afirmou que a guerra na Ucrânia não acabará com um acordo de paz. "Não acredito que haja acordo de paz, como não houve na Coreia. Lá, houve um armistício suspendo hostilidades. Acho que, na Ucrânia, vai acontecer a mesma coisa."

O ex-embaixador destacou como os russos levam a sério essa disputa. "Putin disse que era uma questão de existência da Rússia. É o que eles acham. Então, certamente, não está blefando. Vai usar armas táticas se, do ponto de vista dele, for necessário".

Jamil: Putin faz declaração que vai entrar para a história ao dizer que ameaça 'não é um blefe'

O colunista do UOL Jamil Chade entendeu que a declaração de Putin, de que "não é um blefe", entra para a história, pois eleva a tensão entre o Ocidente e a Rússia. Ele explicou que um referendo vai decretar que quatro territórios dominados pela Ucrânia são russos, o que pode causar uma escalada na gravidade da guerra.

"O referendo vai se dar a favor da anexação, e o Kremlin teria todo o direto de defender os quatro territórios como se fossem qualquer outro território russo. E tem uma situação sobre a qual Putin já deixou claro que qualquer tipo de invasão ao seu território será respondido com todos meios à disposição. A grande preocupação no Ocidente é: o que quer dizer esse termo 'todos meios à disposição'. Isso está sendo interpretado como ameaça nuclear e é visto, claro, com muita preocupação."

Bolsonaro levou palanque eleitoral ao exterior com ida a Londres e fala na ONU, diz ex-embaixador

O ex-embaixador Rubens Barbosa foi questionado ainda sobre a recente viagem internacional de Bolsonaro. Ele entendeu que o presidente só fez campanha eleitoral no exterior.

"Essa viagem, na minha avaliação, foi uma viagem da política interna brasileira. Ele decidiu estender o palanque eleitoral para o exterior. Fez isso na sacada da residência da embaixada e fez isso em parte do discurso dele. Acho que vai ter pouca repercussão, acho que não vai ter impacto, porque ele está falando para o público dele. Ninguém vai mudar de posição por causa das coisas que aconteceram lá fora."

Barbosa disse ainda que, no Reino Unido, Bolsonaro pode ter acumulado pontos negativos. "No caso de Londres, pode até ser negativo, porque ele foi aproveitar um momento solene para fazer comício. A reação dos jornais ingleses foi muito negativa, com críticas à postura insensível dele".

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