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Guerra da Rússia-Ucrânia

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'Putin confessa estar perdendo'; líderes reagem a anúncio da Rússia

Do UOL*, em São Paulo

21/09/2022 08h33Atualizada em 21/09/2022 11h31

O anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, de convocar 300 mil reservistas do Exército para a guerra na Ucrânia, bem como suas ameaça de usar armas nucleares, gerou reações diversas na comunidade internacional — especialmente a de que o movimento indicaria uma preocupação do líder em relação aos rumos do conflito.

Ao convocar mais russos para a guerra em uma mobilização "parcial", Putin contrariou o que havia dito em março, quando disse não ver necessidade em reforçar o que ele chama de "operação militar especial" no país vizinho.

O cenário parece ter mudado após uma contraofensiva bem-sucedida da Ucrânia nas últimas semanas, que tem avançado em territórios da região nordeste, como Kharkiv e Kupiansk.

Putin "admite" que está perdendo. Para o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, a convocatória seria uma "admissão de que sua invasão [de Putin] está falhando".

"Nenhuma quantidade de ameaças ou propagandas pode esconder o fato de que a Ucrânia está ganhando esta guerra, que a comunidade internacional está unida e que a Rússia está se tornando um pária global", afirmou, ressaltando também que Putin e seu ministro da Defesa já enviaram "dezenas de milhares de seus próprios cidadãos à morte".

A embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget Brink, da mesma maneira, afirmou que a medida representa um "sinal de fraqueza" de Moscou, que precisaria lidar com uma escassez de militares em sua ofensiva na Ucrânia em seu sétimo mês esta semana.

União Europeia promete "consequências" após ameaças. "Os Estados-membros da UE já realizaram uma reunião de coordenação em que foram discutidos termos de uma resposta europeia à continuação da guerra de agressão contra a Ucrânia", disse o porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, em coletiva de imprensa hoje.

"Isso inclui todos os aspectos da agressão, os crimes que foram cometidos, os referendos, as descobertas de locais de sepultamento em massa", declarou, referindo-se a um cemitério improvisado com mais de 400 corpos encontrados em uma floresta na Ucrânia.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, falando à Assembleia-Geral da ONU em Nova York, disse que Putin só desistirá de suas "ambições imperiais" se ele reconhecer que não pode vencer a guerra.

"É por isso que não aceitaremos nenhuma paz ditada pela Rússia, e é por isso que a Ucrânia deve ser capaz de se defender do ataque da Rússia."

A defesa da Ucrânia também foi o tom adotado pelo primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki.

"A Rússia vai continuar seu trabalho de destruição da Ucrânia e de tentar tomar parte do território. Não podemos concordar com isso", declarou. "Quando a Rússia demonstrar sua força brutal, devemos mostrar a nossa força de defesa."

Papa diz que usar armas nucleares é 'loucura'. Até o papa Francisco repercutiu a fala de Putin, dizendo que seria "loucura" pensar em usar armas nucleares na Ucrânia.

Francisco também disse que os ucranianos estão sendo submetidos a selvageria, monstruosidades e tortura, chamando-os de um povo "nobre" sendo martirizado para uma multidão em sua audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Ucraniano ironiza: 'A vida tem um grande senso de humor'. Mykhailo Podoliak, um dos conselheiros do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ironizou no Twitter que a guerra "de três dias" de Putin estava durando mais do que o que os russos previam.

"Os russos que exigiram a destruição da Ucrânia acabaram recebendo 1. Mobilização; 2. Fronteiras fechadas, bloqueio de contas bancárias; 3. Prisão por deserção. Tudo ainda está de acordo com o plano, certo? A vida tem um grande senso de humor", escreveu, referindo-se às declarações de Putin e seus ministros de que a invasão sempre ocorrera conforme os planos.

Mykhailo Podoliak também avaliou que o movimento era previsível. "Parece mais uma tentativa de justificar seu próprio fracasso", disse à agência de notícias Reuters. "A guerra claramente não está indo de acordo com o cenário da Rússia."

Vitali Klitschko, prefeito de Kiev, afirmou que as ameaças nucleares e as convocações "não vão ajudar o agressor a conquistar e destruir a Ucrânia e os ucranianos".

"O tirano iniciou o processo que irá enterrá-lo em seu país", escreveu o prefeito da capital ucraniana no Telegram. "O mundo civilizado precisa entender, por fim, que o mal deve ser destruído completamente e não falar sobre 'negociações de paz' ilusórias."

Putin escolheu fazer anúncio no Dia da Paz, diz ministério ucraniano. Também no Twitter, o perfil do Ministério da Defesa da Ucrânia acusou o presidente russo de ter escolhido propositadamente o dia 21 de setembro para seu anúncio devido ao Dia da Paz, "celebrado anualmente de acordo com a Assembleia-Geral da ONU".

*Com informações da AFP e Reuters