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'Golpe aos progressistas': como eleição repercutiu na mídia internacional

Candidatos Lula e Bolsonaro - Arte UOL
Candidatos Lula e Bolsonaro Imagem: Arte UOL

Colaboração para o UOL, em Brasília

03/10/2022 08h51Atualizada em 03/10/2022 12h45

A disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Palácio do Planalto teve repercussão na imprensa internacional. Com 100% das urnas apuradas no domingo (2), o petista teve 48% dos votos ante 43% do candidato à reeleição, que teve desempenho superior ao que previam as pesquisas de intenção de voto.

Segundo o jornal norte-americano New York Times, o resultado deu-se por causa do aprofundamento da divisão política no Brasil.

"Durante meses, pesquisadores e analistas disseram que Bolsonaro estava condenado a perder. Nas últimas semanas, as pesquisas sugeriram que ele poderia até perder no primeiro turno, encerrando sua presidência após apenas um mandato. Em vez disso, o mandatário comemorou", afirmou o NYT.

"Apesar de Lula ter terminado a noite na liderança, Bolsonaro superou em muito as previsões e levou a corrida ao segundo turno", acrescentou.

O NYT destacou também a fala do chefe do Executivo a jornalistas ontem, de que "superou as mentiras" dos institutos de pesquisa, e também noticiou que Bolsonaro voltou a questionar a segurança das urnas eletrônicas.

NYTimes mostra bom desempenho de Bolsonaro no 1º turno - NYTimes - NYTimes
NYTimes mostra bom desempenho de Bolsonaro no 1º turno
Imagem: NYTimes

"Golpe para os brasileiros progressistas"

O britânico The Guardian destacou o passado pobre de Lula, lembrou do envolvimento com escândalos de corrupção e afirmou que o ex-presidente é um dos políticos mais influentes da América Latina.

O resultado da eleição foi um grande golpe para os brasileiros progressistas que estavam torcendo por uma vitória enfática sobre Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que atacou repetidamente as instituições democráticas do país e vandalizou a reputação internacional do Brasil.
The Guardian

The Guardian afirma que Lula e Bolsonaro vão disputar segundo turno - The Guardian - The Guardian
The Guardian afirma que Lula e Bolsonaro vão disputar segundo turno
Imagem: The Guardian

O jornal também destacou a má gestão de Bolsonaro na condução da pandemia de covid-19 e apontou o sucesso de bolsonaristas proeminentes nas urnas, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que se tornou deputado pelo Rio de Janeiro, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

"Pazuello foi ministro da Saúde de Bolsonaro durante o auge da pandemia que levou a mais de 685.000 mortes no Brasil. Ex-general militar, ele promoveu curas charlatãs como a hidroxicloroquina. Salles, por sua vez, foi o ministro do Meio Ambiente que presidiu o forte aumento do desmatamento na Amazônia. Uma investigação da Polícia Federal o acusou de dificultar a investigação de crimes ambientais. Um inquérito separado disse que ele estava ligado a exportações ilegais de madeira. Ele negou todas as acusações", afirmou o jornal.

"Vitória com gosto de derrota para Lula"

'Gosto de derrota', diz Economist sobre resultados de Lula - The Economist  - The Economist
'Gosto de derrota', diz Economist sobre resultados de Lula
Imagem: The Economist

A revista britânica The Economist afirmou que, para o Lula, o resultado teve "gosto de derrota". Segundo a publicação, Bolsonaro se saiu melhor que o esperado.

"Isso terá implicações a longo prazo. Mesmo que Bolsonaro perca a presidência, o bolsonarismo parece uma força que chegou no Brasil para ficar. O segundo turno será um teste para as instituições brasileiras. Especialmente se Lula acabar vencendo por uma margem estreita, e Bolsonaro se recusar a aceitar o resultado", disse o jornal.

"O inesperado aconteceu"

O norte-americano Washington Post afirmou o segundo turno colocará Bolsonaro "contra seu inimigo", Lula. O jornal também mencionou a disparidade entre as pesquisas de intenção de voto, que "mostraram consistentemente que Bolsonaro perderia — e perderia feio", e o resultado nas urnas.

"Para brasileiros, o impensável já aconteceu. O país mergulhará agora no que pode ser desde seu momento politicamente mais certo que deixou o medo da ditadura. O medo que muitas pessoas já sentiram ao entrar nesta eleição — medo da violência, medo do futuro do futuro, só aumentará nas proximidades", disse o texto.

O jornal Público, de Portugal, afirmou na manchete que o Brasil vai ao segundo turno e publicou um editorial intitulado "Brasil: as feridas continuam abertas".

O francês Le Monde destacou o resultado no Brasil como manchete do site: "Eleição presidencial no Brasil: Lula à frente de Bolsonaro, com segundo turno a ocorrer em 30 de outubro".

No México, o El Universal colocou como manchete o resultado da eleição brasileira: "Lula e Bolsonaro definirão a presidência do Brasil em segundo turno".

O colombiano El Tiempo também deu destaque à eleição do Brasil com a reportagem "Lula da Silva e Jair Bolsonaro irão ao segundo turno".

Na Argentina, o Clarín classificou o resultado da eleição brasileira como inesperado: "Eleição surpreendente e apertada: Lula ganhou mas irá a disputa com Bolsonaro".

Na Espanha, o El País disse que Bolsonaro "desafiou todas as pesquisas e manteve uma vantagem consistente sobre seu adversário por horas".