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Além da Pangeia, Terra teve outros seis supercontinentes; conheça todos

Pangeia é o mais recente e o primeiro supercontinente a ser descoberto - Reprodução/Wikimedia Commons
Pangeia é o mais recente e o primeiro supercontinente a ser descoberto Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Colaboração para o UOL

12/10/2022 04h00

O surgimento de núcleos aglutinados de continentes, como a Amásia, que começa a se formar do agrupamento da América com a Ásia, ou a Pangeia, o último dos supercontinentes terrestres registrados pela Ciência, ocorre em intervalos de milhões de anos. Na história terrestre, essas formações já aconteceram outras seis vezes, segundo os cientistas, num intervalo compreendido entre 175 milhões e 3,63 bilhões de anos.

Antes da Pangeia, o último aglomerado continental de que se tem notícia, foi formado entre 175 e 336 milhões de anos atrás. Os cientistas apontam registros de existência de outros nove: Gondwana, Pannotia, Rodinia, Columbia (Nuna), Atlantica, Arctica, Kenorland, Ur e Vaalbara. Apesar disso, dependendo de sua definição, alguns deles, como Arctica, Atlantica e Gondwana, podem não ser chamados supercontinentes por alguns cientistas. Mas sobre o fato de todos terem sido um tipo de aglomerado continental gigantesco, não há divergências.

O primeiro e mais antigo dos seis continentes a existir antes de Pangeia é o mais teórico. Suspeita-se que Vaalbara tenha se formado há 3,6 bilhões de anos a partir dos crátons Kaapvaal e Pilbara (blocos estáveis que formam o centro de um continente). Esses crátons agora podem ser encontrados na África do Sul e na Austrália Ocidental.

Vaalbara é o mais antigo dos supercontinentes - Reprodução/TheDialogue - Reprodução/TheDialogue
Vaalbara é o mais antigo dos supercontinentes
Imagem: Reprodução/TheDialogue

O supercontinente Ur, cujo nome significa "original" em alemão, formou-se logo após Vaalbara, a partir dos mesmos crátons há aproximadamente 3 bilhões de anos. Apesar de seu status de supercontinente, a massa de terra teria sido menor que a Austrália moderna.

Cerca de 300 milhões de anos após a formação de Ur, o supercontinente Kenorland se uniu a partir da fusão de Vaalbara e da crosta continental recém-formada ao longo do equador do planeta. Nessa época, teve início o surgimento da vida unicelular produtora de oxigênio.

O próximo supercontinente só existiu por um curto período de tempo: a Columbia, também chamada Nuna, formou-se há cerca de 1,8 bilhão de anos e se separou há 1,5 bilhão de anos. Durante este tempo, as primeiras plantas colonizaram a terra na forma de algas vermelhas.

Na formação de Culumbia, as primeiras plantas colonizaram a terra na forma de algas vermelhas - Reprodução/TheDialogue - Reprodução/TheDialogue
Na formação de Culumbia, as primeiras plantas colonizaram a terra na forma de algas vermelhas
Imagem: Reprodução/TheDialogue

Na época de Rodinia, 1,1 bilhão de anos atrás, as massas de terra da Terra começaram a se assemelhar vagamente aos nossos continentes atuais. Durante a existência de Rodinia, os primeiros organismos multicelulares começaram a aparecer nos oceanos ao redor do mundo.

Cerca de 100 milhões de anos após Rodinia se dividir em dois, o supercontinente Pannotia se uniu enquanto a maior parte da terra estava localizada nos pólos da Terra em forma de geleira. Dois oceanos, o Panthalassa e o Pan-Africano, se formaram e depois se fundiram em um. Pannotia acabou se dividindo em quatro partes: Gondwana, Baltica, Sibéria e Laurentia.

Acontecimento cíclico

Analisando a periodicidade do surgimento dos supercontinentes, é possível concluir que esse movimento de aglutinação e separação dos continentes é algo cíclico, que ocorre de tempos em tempos no planeta. Mas afinal, como funciona esse processo?

Segundo Alexander Evaso, professor de geomorfologia e cartografia do centro universitário da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), a formação dos supercontinentes independe do movimento giratório do planeta. Na verdade, o processo é conectado ao movimento do manto terrestre.

"Pense, por exemplo, como a nata flutua sobre o leite. A crosta terrestre também flutua sobre uma parte muito mais fluida, entre o núcleo sólido e a própria costa, e daí irrompe a movimentação das placas continentais. Óbvio que esse movimento das placas depende do fluxo no interior da terra, nessa parte do manto", explica o professor, mestre em geografia pela USP (Universidade de São Paulo).

"Então o que é super aquecido pelo núcleo acaba subindo para perto da crosta, enquanto as massas menos quentes, menos ferventes, digamos assim, vão para o fundo por serem mais pesadas que o material superaquecido. Esse sistema cria um movimento, chamado de movimento de convecção. Como a água numa panela aquecida".

O movimento dos continentes está ligado às mudanças no manto terrestre - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/Redes Sociais
O movimento dos continentes está ligado às mudanças no manto terrestre
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

A massa continental das Américas está sendo deslocada para o oeste, para a Ásia, por exemplo, porque existe um processo de formação de crosta terrestre a partir do centro do Oceano Atlântico. Ali, existem uma cadeia de vulcões e falhas tectônicas que fazem com que o material dentro do manto empurre essas placas para o oeste, distanciando cada vez mais as Américas da África e da Europa.

Do outro lado da massa continental das Américas, existe uma linha que vai desde o Alasca, passando pela Califórnia e a costa do Pacífico, onde é encontrado um movimento de subducção. Ou seja, a placa do Pacífico submerge por ser menos densa e menos espessa.

"Então, numa "briga" entre as placas tectônicas, quem "perde" é a placa mais fina, no caso, a placa do Pacífico. Ela então mergulha por baixo das placas das Américas. Com isso, há a diminuição gradativa do Oceano Pacífico e criação de novas terras vulcânicas no centro do Atlântico, que empurra os continentes americanos em direção à Ásia", esclarece o professor.