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Biden diz ser 'improvável' que míssil contra Polônia tenha vindo da Rússia

Do UOL*, em São Paulo

15/11/2022 16h42Atualizada em 16/11/2022 09h36

Pelo menos duas pessoas morreram após um míssil de fabricação russa atingir a cidade de Prezewodóv, na Polônia, nesta terça-feira (15). O alvo do bombardeio era a Ucrânia, que diz ter sido atacada por mais de 100 disparos.

Os dois lados do conflito usam munição feita na Rússia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que, dada a trajetória do míssil, era "improvável" que ele tivesse sido disparado da Rússia.

A cidade de Prezewodóv fica a seis quilômetros da fronteira polonesa com o território ucraniano, invadido pela Rússia em 24 de fevereiro por ordem do presidente russo, Vladimir Putin.

Existe uma informação preliminar que contesta isso. Eu não quero afirmar isso antes de a investigação ser concluída, mas pela trajetória do míssil é pouco provável que ele tenha sido disparado da Rússia.
Joe Biden falou com a imprensa após reunião de emergência em Bali

Segundo informações da agência Associated Press, três oficiais americanos afirmaram que o míssil atingiu a Polônia após ser desviado pela ação da defesa antiaérea da Ucrânia com a intenção de interceptar mísseis russos.

Após o comentário de Joe Biden, um dos principais assessores da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, disse que "apenas a Rússia é responsável pela guerra e pelos massivos ataques com mísseis".

"Não há necessidade de procurar desculpas e adiar decisões importantes", acrescentou.

Na noite do ataque, o ministro de Relações Exteriores da Polônia, Lukasz Jasina, indicou que o míssil que atingiu o país é de fabricação russa. Ele acrescentou que o embaixador russo em Varsóvia foi convocado para dar "explicações detalhadas" sobre o ocorrido. O governo russo nega que tenha atacado o território polonês.

O presidente da Polônia, Andrzej Duda, disse que, "no momento, não temos uma prova inequívoca de quem disparou o míssil". "Uma investigação está em andamento.

A Ucrânia relatou ter sido alvo de dezenas de ataques da Rússia na terça-feira (15) —alguns deles aconteceram na capital ucraniana, Kiev, que registrou bombardeios. Segundo o governo, pelo menos sete milhões de pessoas estão sem energia no país.

A Polônia faz parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar com o objetivo de proporcionar defesa mútua por meios militares e políticos a seus membros. A organização terá uma reunião de emergência amanhã em razão do ocorrido em território polonês.

Zelensky incita Otan a agir. Antes mesmo do reconhecimento da origem do míssil por parte da Polônia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenzky, acusou sem provas a Rússia e incitou a Otan a "agir" após a explosão.

"Mísseis russos atingiram hoje a Polônia, o território de um país aliado. Pessoas morreram. Por favor, aceitem nossas condolências", disse Zelensky. "Disparar mísseis contra o território da Otan é um ataque russo à segurança coletiva. É uma escalada muito significativa. Devemos agir", afirmou.

Rússia nega ataque. O Ministério da Defesa da Rússia negou o ataque e afirmou que as notícias sobre as mortes na Polônia eram uma 'provocação deliberada com intuito de escalar a situação". Em nota, o órgão também disse que nenhum ataque foi feito próximo à fronteira da Ucrânia com a Polônia.

Primeiro-ministro pede calma. Após a confirmação da fabricação do míssil, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, tentou acalmar a população do país.

"Peço a todos os poloneses que mantenham a calma diante desta tragédia (...) Precisamos ter moderação e cautela", declarou Morawiecki após reuniões de emergência do governo em Varsóvia.

Imagens divulgadas por agências de notícias mostram ação de paramédicos em local de explosão em Przewodow, na Polônia - UGC/REUTERS - UGC/REUTERS
Imagens divulgadas por agências de notícias mostram ação de paramédicos em local de explosão em Przewodow, na Polônia
Imagem: UGC/REUTERS

Pentágono fala em 'investigação'. Em primeiro pronunciamento após a divulgação de informações sobre as explosões na Polônia, o secretário de imprensa do Pentágono, Patrick Ryder, afirmou que investigações sobre o ocorrido ainda estavam em curso.

"O que posso dizer é que, neste momento, não temos informações para corroborar essas notícias", afirmou. Ele também não confirmou as informações preliminares sobre o abastecimento na Moldávia.

Algumas horas depois, porém, a Casa Branca se pronunciou, afirmando que Joe Biden ligou para o presidente polonês para falar sobre a situação.

"Ambos os líderes decidiram ficar em contato, assim como suas equipes, para determinar os próximos passos à medida que a investigação avança", afirmou a presidência dos Estados Unidos em nota.

Nas redes sociais, a Casa Branca anunciou uma "mesa redonda de emergência" de Joe Biden com líderes mundiais.

Uma transmissão de poucos segundos foi feita mostrando Biden ao lado do presidente Emmanuel Macron, da França; do chanceler alemão Olaf Scholz, do primeiro-ministro Rishi Sunak, do Reino Unido, da presidente da União Europeia Ursula von der Leyen e de outros políticos.

O conteúdo da reunião não foi divulgado pela presidência dos EUA.

Assunto da reunião de emergência entre Biden e líderes mundiais não foi divulgado pela Casa Branca - Casa Branca/Reprodução de vídeo - Casa Branca/Reprodução de vídeo
Assunto da reunião de emergência entre Biden e líderes mundiais não foi divulgado pela Casa Branca
Imagem: Casa Branca/Reprodução de vídeo

União Europeia cita 'relatos alarmantes'. A líder da União Europeia, Ursula von der Leyen, considerou os relatos "alarmantes" e lembrou que eles ocorreram após um "ataque massivo de mísseis russos a cidades ucranianas".

"Estamos monitorando a situação de perto, em contato com as autoridades polonesas e com os aliados", afirmou.

Reação da Otan. Em publicação nas redes sociais, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que conversou com o presidente da Polônia e ofereceu condolências pelas mortes. "A Otan está monitorando a situação", disse, apontando a importância de que os fatos sejam estabelecidos.

Também em publicação feita nas redes sociais, o porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, informou que uma reunião de urgência de assuntos referentes à Defesa Nacional foi convocada pelo primeiro-ministro do país na tarde de hoje.

Após a reunião, o porta-voz do governo polonês afirmou que decidiu aumentar o número de unidades em prontidão militar no país.

Também em publicação nas redes, a presidência da Polônia afirmou que acionou o artigo 4º do Tratado do Atlântico Norte em conversa com o presidente da organização.

Segundo o artigo, os membros da organização vão consultar-se quando "na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das partes".

A maioria dos países membros da Otan se pronunciou com cautela sobre o assunto. "Estamos discutindo com nossos aliados como responder ao acontecimento de forma conjunta e decisiva", afirmou o Ministro das Relações Exteriores da Estônia, Urmas Reinsalu.

"Esse é um incidente sério que ainda não está esclarecido", afirmou a ministra das Relações Exteriores da Noruega, Anniken Huitfeldt.

O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander de Croo, condenou o ocorrido e reforçou uma mensagem de união com a Polônia. "Somos todos parte da família da Otan, que está mais unida e equiparada do que nunca para proteger todos nós", afirmou.

À AFP, uma fonte da Otan confirmou que uma investigação sobre o caso foi aberta "em estreita coordenação com nossa aliada Polônia".

Ataques intensificados

Segundo o governo ucraniano, metade da população da capital está sem energia e o país de Putin lançou uma centena de mísseis, "do Mar Cáspio", da "região [russa] de Rostov" e "do Mar Negro", principalmente "contra infraestruturas energéticas".

A Presidência ucraniana afirmou que a situação da rede elétrica em todo o país é "crítica".

Em Kiev, os ataques deixaram pelo menos um morto e privaram "metade" dos habitantes de eletricidade, disse o prefeito, Vitali Klitschko, no Telegram.

Sirenes antiaéreas soaram em toda a Ucrânia pouco antes das 15h30 (10h30 em Brasília). Minutos depois, explosões foram ouvidas em Kiev, Lviv (oeste) e Kharkiv (nordeste).

(Com Reuters e AFP)