COP não abordou reduzir emissões, diz ONU; UE cita acordo 'pouco ambicioso'
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, comemorou a aprovação do fundo para países vulneráveis celebrada na na COP27, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, mas destacou que a "necessidade de reduzir drasticamente emissões" não foi abordada durante o evento encerrado neste final de semana.
"Precisamos investir maciçamente em renováveis e acabar com nosso vício em combustíveis fósseis", disse Guterres. "Devemos evitar uma disputa energética em que os países em desenvolvimento terminem em último lugar - como ocorreu na corrida pelas vacinas contra covid-19", complementou.
Para o secretário-geral, as Parcerias de Transição de Energia Justa são caminhos importantes para acelerar a eliminação gradual do carvão e ampliar as energias renováveis. Nesse sentido, defendeu a criação de um Pacto de Solidariedade Climática em que os países se comprometam a fazer um esforço extra para reduzir as emissões nesta década em linha com a meta de 1,5 grau.
"Um fundo para perdas e danos é essencial - mas não é uma resposta se a crise climática apagar um pequeno estado insular do mapa - ou transformar um país africano inteiro em deserto", afirmou.
A UE (União Europeia), por sua vez, lamentou o que considerou ser uma "falta de ambição" no documento final aprovado após a conferência.
"O que temos diante de nós não é suficiente para constituir um passo adiante para a população do planeta. Não traz esforços adicionais suficientes por parte dos maiores poluidores para incrementar e acelerar o corte das emissões", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, durante a coletiva final.
Segundo o representante, "precisamos reconhecer que todos nós faltamos com ações para minimizar as perdas e os danos e que deveríamos ter feito muito mais, e isso quer dizer reduzir as emissões muito mais rapidamente".
Timmermans ainda afirmou que muitos países "colocaram barreiras não necessárias" nas negociações e que "houve muitas tentativas de voltar atrás do que foi decidido em Glasgow".
"Mas, não vamos parar de lutar para que todos façam mais", acrescentou.
Pouco depois, foi a vez da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, se manifestar sobre os resultados e dizer que a "COP27 deu um pequeno passo em direção à justiça climática, mas é preciso fazer muito mais pelo planeta".
"Nós tratamos alguns sintomas, mas não curamos a febre do paciente. Infelizmente, não chegamos a um acordo sobre emissões ou clima, mas a UE manterá rota, em particular, por meio do Green Deal e o RePowerEU porque é essencial manter as ambições do acordo de Paris ao alcance das mãos", disse citando dois grandes programas aprovados que focam em redução de emissões e de investimento em energias limpas.
Quem também se manifestou foi o ministro do Ambiente e da Segurança Energética da Itália, Gilberto Pichetto, que seguiu na mesma linha de reclamações dos parceiros de bloco.
"Depois de negociações longas e difíceis, o resultado mais evidente dessa COP é a criação de um fundo para apoiar países mais vulneráveis para enfrentar perdas e danos consequentes de eventos climáticos extremos. Menos satisfatórios são os resultados obtidos no fronte crucial da mitigação, onde provavelmente perdemos uma oportunidade importante para aumentar a ambição no campo das políticas de mitigação", pontuou em comunicado.
* Com informações da Ansa e Estadão Conteúdo
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