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Quem é Pedro Castillo, presidente do Peru que dissolveu o Congresso

Pedro Castillo, presidente do Peru - REUTERS/Sebastian Castaneda
Pedro Castillo, presidente do Peru Imagem: REUTERS/Sebastian Castaneda

Do UOL, em São Paulo

07/12/2022 16h06Atualizada em 07/12/2022 16h33

O professor peruano Pedro Castillo Terrones, 53, foi eleito Presidente do Peru em julho de 2021. Líder sindical, ganhou destaque nacional após liderar uma greve de professores que durou quase três meses, em 2017, e exigia aumento de salários. Concorreu às eleições pelo partido de esquerda Peru Livre, prometendo subir os salários dos professores.

Católico, com esposa e filhos evangélicos, Castillo tem uma postura mais conservadora —se recusa a legalizar o aborto e afirma que as pautas da população LGBTI+ não são sua prioridade, não reconhecendo direitos de gênero e sexualidade para essa população.

Filho de camponeses, Castillo nasceu na cidade de Tacabamba, na província de Chota, no norte do Peru. A região tem a maior mina de ouro da América do Sul, mas, ao mesmo tempo, é uma das mais pobres do país. Ele é o terceiro de nove filhos.

Na infância, chegava a andar mais de duas horas para chegar até sua escola. Começou a trabalhar aos 12 anos, ao lado do pai, em plantações de café da região amazônica do Peru.

Castillo x Congresso

Hoje (7), Castillo anunciou a dissolução do Congresso Nacional e instituiu um "governo de emergência excepcional" a fim de convocar novas eleições e, posteriormente, mudar a Constituição do país. Jornais peruanos chamaram o ato de uma tentativa de golpe de estado.

Logo depois, o Congresso aprovou o impeachment de Castillo —foram 101 votos a favor, seis contra e dez abstenções. Esta é a terceira tentativa de impeachment por parlamentares da oposição em 16 meses. Em 29 de novembro, mais de 60 dos 130 membros do Congresso do Peru haviam apresentado um pedido para destituir o presidente por suposta "incapacidade moral" para ocupar o cargo.

O que disse o presidente peruano?

Em vídeo publicado nas redes sociais, Castillo acusou o Congresso de usar de poderes para impedi-lo de governar. Ele disse que os parlamentares destruíram "o estado de direito, a democracia, a separação dos poderes" para "destruir o Executivo e instaurar uma ditadura parlamentar".

"Os adversários políticos mais extremos se unem para fazer o governo fracassar para tomar o poder sem terem ganhado as eleições. Essa situação intolerável não pode continuar", afirmou o presidente.

O que dizem líderes políticos do Peru?

A ex-candidata presidencial e líder opositora de direita Keiko Fujimori declarou que a medida é um "golpe desesperado" de Castillo. Fujimori já foi investigada por corrupção.

Martín Vizcarra, ex-presidente do Peru classificou a medida como "golpe de estado". Martín garantiu que os peruanos "não vão permitir esse atentado contra a democracia". O ex-presidente esteve em um escândalo durante seu governo por ter sido vacinado contra a covid-19 antes de o imunizante ser aprovado pelas autoridades de saúde locais. Ele admitiu, mas negou ter agido de forma irregular.

O Congresso peruano enfrenta alta impopularidade por conta de escândalos de corrupção. A reprovação do parlamento chega a 86% da população, segundo pesquisas de opinião. O presidente também tem rejeição alta entre os peruanos —70%— e enfrenta acusações de corrupção envolvendo familiares e políticos aliados.