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Quanto tempo depois ainda há chance de tirar gente com vida dos escombros?

07.fev.23 - Equipes de resgate e civis procuram sobreviventes sob os escombros de prédios desabados em Kahramanmaras, no sul da Turquia, um dia depois que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu o sudeste do país - ADEM ALTAN/AFP
07.fev.23 - Equipes de resgate e civis procuram sobreviventes sob os escombros de prédios desabados em Kahramanmaras, no sul da Turquia, um dia depois que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu o sudeste do país Imagem: ADEM ALTAN/AFP

Do UOL, em São Paulo

09/02/2023 04h00Atualizada em 09/02/2023 08h05

Famílias ainda buscam pelas vítimas do terremoto na Turquia e Síria, que já deixou mais de 17 mil mortos. Os moradores ainda têm esperança de resgatar familiares soterrados, mas relatam falta de assistência do governo. Segundo especialistas, as 72 horas iniciais são cruciais para o resgate.

Onde está o Estado? Onde estão? Olhe ao seu redor. Não tem um único funcionário, pelo amor de Deus. Já se passaram dois dias, e não vimos ninguém. Não trouxeram nem um único tijolo. As crianças morreram congeladas. Ali Sagiroglu, sobrevivente do terremoto, em entrevista à AFP.

Os pontos decisivos do resgate

Para as equipes de resgate, é importante realizar buscas antes de novos desabamentos. Mais de 90% dos sobreviventes de terremotos são resgatados nos primeiros três dias, segundo informou Ilan Kelman, professor de desastres e saúde na University College London, à AFP. Esse número pode variar de acordo com o clima do local, os tremores secundários e da rapidez com que as equipes de resgate chegam ao local.

A quantidade de aço e os tipos de concreto em um edifício podem fazer a diferença. Edifícios feitos de aço são um pouco flexíveis e normalmente respondem bem a terremotos, segundo informou à NPR Alanna Simpson, especialista sênior em gerenciamento de riscos de desastres no Banco Mundial. A maneira em que as equipes cortam os pedaços de concreto é essencial para o sucesso do resgate de sobreviventes.

A laje não tem as mesmas tensões em todo o espaço dela, tem tensões diferenciadas. E o oficial do Corpo de Bombeiros sabe detectar esse local. O bombeiro corta a laje de maneira a penetrar sem macular o restante da laje, penetram nesse espaço que está com ar, e vão atrás das pessoas engenheiro e conselheiro vitalício do Clube de Engenharia, Antero Jorge Parahyba, em entrevista à BBC, em 2019.

O que pode complicar

Com temperaturas muito baixas, como é no caso da Síria e Turquia, há chances de sobreviventes enfrentarem hipotermia, o que pode ser a causa de muitos óbitos.

Aqueles que conseguem sobreviver ao frio e aos ferimentos ainda precisam receber água e comida — sem hidratação, as pessoas podem morrer a partir do terceiro dia, segundo Kelman.

Vazamentos de gás podem complicar o resgate, já que são causas de incidentes secundários. No caso da Turquia, em pelo menos três províncias, houve registros de explosões.

Em última análise, uma operação de resgate bem-sucedida começa décadas antes do terremoto para tentar impedir o colapso da infraestrutura em primeiro lugar. Se víssemos os níveis de investimento na prevenção de desastres que vemos na resposta a desastres, não estaríamos nesta situação. Ilan Kelman à AFP.