Dissidentes das Farc negam ameaças contra pai de crianças salvas na selva
A Frente Carolina Ramírez, um grupo dissidente das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) negou hoje que tenha feito ameaças contra o pai de duas das quatro crianças que passaram mais de 40 dias na selva da Amazônia colombiana.
O que aconteceu:
O grupo desmentiu a afirmação feita pelo pai Manuel Ranoque, de que ele seria "alvo" dos dissidentes por ter conhecimento da área onde eles atuam. "Não é verdade e não sabemos os motivos das declarações do pai dos menores quando afirmou perante a mídia que os filhos e sua esposa estavam fugindo da região de Puerto Sábalo e do rio Cahuinari, no alto Amazônia, devido às ameaças de nossas unidades", diz trecho de comunicado divulgado pela imprensa da Colômbia.
Os dissidentes asseguraram que "como todos os colombianos nos alegramos pelo reencontro com vida dos 4 filhos sobreviventes da queda do avião". No comunicado, os dissidentes afirmam que são guerrilheiros nômades e que buscam ter as melhores "relações de amizade" e "camaradagem" com as comunidades indígenas do sudeste colombiano.
Segundo o grupo, o ingresso na Frente Carolina Ramírez é "voluntário". Eles também dizem receber pessoas entre 15 e 30 anos. A Frente Carolina Ramírez foi identificada pelas autoridades colombianas em 2018. Os dissidentes são suspeitos de traficar drogas e recrutar indígenas de modo forçado para trabalhar para eles, segundo a TV Globo. Manuel disse que gostaria de tirar a família do local em razão dessas questões.
No comunicado, a Frente Carolina Ramírez pede ainda que Manuel Ranoque esclareça a denúncia feita contra os dissidentes. E acrescentam que a fala do pai das crianças "prejudica" a tentativa de processo de paz entre o grupo e o governo nacional. "A reconciliação entre os colombianos merece este esclarecimento", finalizam.
O que disse o pai das crianças
Manuel comentou que a única coisa que os dissidentes desejam são as vantagens econômicas e que são inimigos quem não não aceita o que eles dizem.
O pai das crianças relatou ter áudios em que os dissidentes afirmariam que vão enviar pessoas para procurá-lo em Bogotá para matá-lo. "Eles vão me procurar e vão mandar uma pessoa para cá. Ouvi isso da boca do dono da empresa Freddy Ladino, tenho alguns áudios, tenho algo para mostrar. Querem inviabilizar minha vida."
Com medo, o homem pediu "moradia digna" para ele e os filhos, já que precisa garantir os estudos e segurança das crianças. O homem comentou que ainda não conseguiu conversar muito com os filhos em razão deles estarem muito debilitados.
Acho que vou morar em Bogotá porque tenho problemas com a Frente Carolina Ramírez, que está me procurando para me matar, tenho ameaças. Eu sou um alvo porque eu conheço toda aquela área. Isso é o que mais temo porque sei que estes sem-vergonha podem começar a pressionar-me com os meus filhos e nunca vou permitir. Temo pela vida dos meus filhos porque estão aqui comigo."
Manuel Miller Ranoque, pai das quatro crianças resgatadas
O que mais se sabe sobre o resgate
Magdalena Mucutuy, mãe das quatro crianças resgatadas, permaneceu viva por quatro dias após o acidente de avião em 1º de maio, revelou seu marido no domingo (11). A mulher teria pedido para as crianças deixassem o local da queda. Além da mãe das crianças, o piloto e um líder indígena morreram — os militares não explicaram onde estavam seus corpos.
O líder indígena Giovanni Yule disse à TV Globo que Lesly Mucutuy, de 13 anos, foi "uma heroína" por cuidar e proteger os irmãos mais novos.
O cachorro Wilson, que ajudou nas buscas das crianças, está desaparecido na selva. As Forças Militares da Colômbia continuam as buscas para achar o animal. As crianças disseram ao general Pedro Sánchez que Wilson ficou com elas por três ou quatro dias e estava magro.
Wilson é um comando, faz parte da nossa família e não deixamos um comando para trás. Neste momento continuam cem bravos soldados da nossa força militar, do nosso exército nacional, tentando encontrar o Wilson. Essa é a garantia que temos. Um compromisso de honra com o Wilson porque em algumas ocasiões, ele também salvou as nossas vidas."
Pedro Sánchez, general
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