Israel nega acordo para cessar-fogo em Gaza; brasileiros seguem na espera
Do UOL, em São Paulo
16/10/2023 04h52Atualizada em 16/10/2023 13h29
A guerra em Israel completa nesta segunda-feira (16), seu 10º dia, com a expectativa para um cessar-fogo em Gaza. Israel nega que um acordo tenha sido feito para retirada de estrangeiros da região.
Um grupo de 28 brasileiros segue na expectativa da abertura de um corredor humanitário em Rafah, cidade palestina na fronteira com o Egito.
O que aconteceu
A comunidade internacional, agências humanitárias e milhares de palestinos vivem a expectativa de que a passagem entre a Faixa de Gaza e o Egito possa ser aberta hoje. Mas diplomatas brasileiros, tanto em Ramallah quanto do lado egípcio da fronteira, garantiram ao UOL que o ponto de cruzamento continua fechado para a saída dos estrangeiros. O Hamas também negou que haja um acordo neste sentido.
As primeiras notícias de uma abertura da passagem entre Gaza e o Egito, em Rafah, surgiram com uma reportagem da agência Reuters que, citando fontes na região, revelou que a fronteira seria aberta para permitir que a ajuda humanitária entre em Gaza. O acordo entre EUA, Egito e Israel teria sido fechado depois da visita do secretário de estado norte-americano, Antony Blinken, ao Cairo.
Instantes após a publicação da informação, o governo de Israel emitiu um alerta de que não houve um acordo sobre um cessar-fogo no Sul de Gaza. Ataques foram registrados durante a manhã e à tarde, na região onde supostamente haveria um entendimento.
Um dos representantes do Hamas declarou à agência Reuters que a notícia de um acordo de abertura da fronteira não seria verdadeira.
Tanto o embaixador do Brasil no Egito como em Ramallah indicaram ao UOL que os brasileiros ainda não foram deslocados de sua base. O presidente Lula tem disparado telefonemas a líderes da região, apelando para que o grupo seja autorizado a deixar a Faixa de Gaza.
O grupo de pessoas prontas para a evacuação de Faixa de Gaza reúne 28 brasileiros e imigrantes palestinos. Ao todo, são 14 crianças, 8 mulheres e 6 homens adultos. Desses, 10 encontram-se em Rafah, e 18 em Khan Younes, um pouco mais ao norte.
O Egito culpa Israel pela fronteira em Rafah estar fechada. Ministro de Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, disse que o governo israelense ainda "deve cumprir os passos necessários".
Gaza está à beira de 'catástrofe' diz ONU
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a Faixa de Gaza vai sofrer uma "catástrofe" em 24 horas se não receber ajuda humanitária imediata. Mais cedo, o Ministério do Interior da Palestina afirmou hoje que a Faixa de Gaza não recebe um litro de água potável há dez dias.
Ontem, o governo de Israel anunciou ter retomado o abastecimento de água a uma parte do território, que está privado também de eletricidade, combustível e alimentos.
Netanyahu diz que Hamas, Irã e Hezbollah são 'eixo do mal'
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o grupo extremista Hamas, o Irã e a organização islâmica xiita Hezbollah formam um "eixo do mal" e prometeu vencer guerra. "Triunfaremos porque nossa própria existência está em jogo nessa região, que está repleta de forças obscuras", afirmou.
O Hamas faz parte do eixo do mal formado por Irã e Hezbollah. Eles querem atirar o Oriente Médio em um abismo de caos. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Biden diz que Hamas precisa ser eliminado
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a eventual ocupação da Faixa de Gaza por Israel seria um "grande erro" e defendeu a criação de um Estado Palestino. Ele também afirmou que o Hamas, autor dos ataques a Israel, deve ser extinto. O embaixador de Israel na ONU respondeu Biden.
Biden disse estar confiante de que Israel agirá conforme as "regras de guerra" e que não privará os palestinos de mantimentos essenciais à vida, como água e medicamentos. As declarações foram em entrevista ao programa 60 Minutes, da TV CBS.
Estou confiante de que os inocentes de Gaza poderão ter acesso a medicamentos, alimentos e água.
O democrata culpou o Hamas pela situação crítica de Gaza e afirmou que o grupo extremista precisa ser "totalmente eliminado" pelo exército de Israel. Entretanto, ponderou que a ocupação de Gaza pelas forças israelenses seria um "erro".
Veja, o que aconteceu em Gaza, na minha opinião, é de responsabilidade do Hamas. Os elementos extremistas não representam a totalidade do povo palestino. E penso que seria um erro que Israel ocupasse Gaza novamente.
Joe Biden também defendeu a necessidade de "haver um caminho para a formação de um Estado Palestino".
O presidente norte-americano acusou o governo do Irã de financiar grupos extremistas como o Hamas e o Hezbollah, mas ressaltou que ainda não tem "nenhuma evidência" de que o regime iraniano "tinha conhecimento dos ataques" perpetrados pelo Hamas em Israel no último dia 7.
Desde a deflagração da guerra na semana passada, os Estados Unidos se posicionaram em defesa do Estado israelense e prometeram dar suporte ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Além de enviar dois porta-aviões de guerra para a costa israelense, os EUA também enviaram armas e munições para Israel, além de reforçarem sua presença militar naquele país, embora a Casa Branca tenha afirmado que não pretende enviar seus soldados para o combate.
Embaixador de Israel na ONU responde EUA
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, respondeu ao aviso do presidente dos EUA, Joe Biden, de que ocupar Gaza depois de destruir o Hamas seria um "grande erro", dizendo que Israel "não tem interesse" em governar os palestinianos.
Erdan também agradeceu a Biden por compreender a necessidade de Israel de destruir o grupo extremista Hamas.
Obrigado, presidente Biden, por reconhecer o que Israel tem dito desde que ocorreu o bárbaro massacre do Hamas: o objetivo de Israel é a eliminação total das capacidades do Hamas
Gilad Erdan, embaixador de Israel na ONU