Vida ou morte: por que Rafah virou 'única saída' para palestinos em Gaza
Cerca de 2,3 milhões de pessoas, a maioria formada por palestinos residentes na Faixa de Gaza, aguardam desesperadamente a abertura do posto de passagem de Rafah, por onde deverão entrar os caminhões de ajuda humanitária internacional em meio à guerra entre o grupo extremista Hamas e Israel.
Fotos e vídeos mostram filas desses caminhões, parados até a cidade egípcia de Arish, a cerca de 48 quilômetros de Rafah.
Inicialmente prevista para hoje (20), a abertura dos portões do posto da fronteira do sul de Gaza com o Egito deverá ser adiada para amanhã, segundo o o gestor de emergências da ONU (Organização das Nações Unidas), Martin Griffiths. A passagem está fechada pelo governo egípcio desde 10 de outubro, à espera da conclusão de negociações diplomáticas que permitam a passagem de pessoas e suprimentos.
Devido aos incessantes bombardeios de Israel sobre Gaza, que também atingiram parte da passagem de Fatah, mais de 3.700 palestinos, a maioria civis, foram mortos, segundo o último relatório das autoridades locais, enquanto os israelenses contabilizam mais de 1.400 mortes em seu território desde 7 de outubro, quando teve início a ofensiva armada do Hamas, a partir de Gaza. Cerca de 1.500 combatentes do Hamas foram mortos na contraofensiva que permitiu a Israel recuperar o controle das áreas atacadas, de acordo com o Exército.
Por que Rafah é crucial para sobrevivência de palestinos
Hoje, foram removidos blocos de concreto instalados pelos egípcios após os bombardeios de Israel nesta fronteira com Gaza, o que indica uma abertura iminente.
A passagem de Rafah é estratégica para a sobrevivência dos moradores da Faixa de Gaza por ser o único ponto de entrada no território palestino que não é controlado por Israel.
Devido às restrições impostas por Israel à circulação de pessoas e suprimentos para dentro ou fora de Gaza, Rafah tornou-se ainda mais crucial para os palestinos neste período de guerra
A pressão da ONU e dos Estados Unidos pela sua abertura aumentou nos últimos dias devido à crescente expetativa de uma invasão terrestre de Gaza por Israel, o que tornaria as condições de vida da população local ainda mais precárias.
Os palestinos em Gaza estão sem luz nem água, inclusive para atendimento de feridos nos hospitais.
Segundo o jornal "The New York Times", o Egito mantém por muitas vezes os portões fechados por questões de segurança e, no ano passado, eles permaneceram abertos por 245 dias
Durante esse período, mais de 133 mil pessoas entraram no Egito e outras 144 mil saíram rumo a Gaza
Passagem foi danificada por ataques aéreos
Segundo a ONU, a passagem de Rafah e áreas próximas foram atingidas por bombardeios de Israel
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Quero receberDevido aos ataques, na última segunda-feira (16) pessoas com passaportes estrangeiros que esperavam pela abertura da passagem disseram que tiveram de deixar a fronteira, acrescenta o "The New York Times"
Parte dessa população se hospedou nos arredores da fronteira. Centenas de refugiados aguardam por autorização para deixar Gaza rumo ao Egito.
"Gota no oceano"
Israel indicou que aceita a passagem de ajuda estritamente humanitária na Faixa de Gaza, mas ainda não respondeu ao pedido urgente da ONU e das ONGs para permitir, também, a entrada de combustível para os geradores de hospitais, fábricas de dessalinização e padarias.
A quantidade de material a ser enviado a Gaza não deve ser suficiente. Em Genebra, o diretor de emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) descreveu o acordo celebrado entre o presidente norte-americano, Joe Biden, e o Egito como uma "gota no oceano de necessidades", ao autorizar a entrada de 20 caminhões.
"Seriam necessários 2.000 caminhões", disse Michael Ryan.
(Com informações de AFP, RFI e The New York Times)
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