'Cirurgia no chão e sem anestesia': diretora do MSF relata crise em Gaza
Os hospitais em Gaza passam por uma grave crise e cirurgias em crianças são feitas no chão e sem anestesia, relatou a diretora-executiva do Médico Sem Fronteiras Brasil Renata Reis em entrevista ao UOL News.
O Médico Sem Fronteiras atua em quatro hospitais em Gaza há muitos anos, e a situação que temos hoje nesses hospitais é de catástrofe. Cirurgias acontecendo no chão de hospitais em crianças e sem anestésico. É algo inimaginável do ponto de vista humanitário.
Diretora-executiva do Médico Sem Fronteiras Brasil
Segundo Renata Reis, o que acontece no local hoje "é um total desrespeito ao Direito Internacional". Ela afirma ainda que a maioria das vítimas é formada por mulheres e crianças que buscam os hospitais tentando encontrar ajuda médica.
A diretora-executiva do Médico Sem Fronteiras Brasil ainda destaca que mesmo antes da guerra os hospitais da região já eram abastecidos com ajuda externa e que a crise agora se agravou.
É preciso dizer que por ser uma crise crônica, esses hospitais já eram abastecidos em sua maioria com ajuda estrangeira, externa, diariamente e há muito tempo. Estou falando da entrada de 300 a 500 caminhões por dia em Gaza.
Diretora-executiva do Médico Sem Fronteiras Brasil
MSF: Gaza tem 800 feridos por dia; bloquear combustível é sentença de morte
Sobre o possível bloqueio da entrada de combustível em Gaza, Renata Reis diz que seria o mesmo que sentenciar algumas pessoas à morte.
A situação de falta de combustível em Gaza é crítica exatamente porque é um conflito com uma expectativa de 800 a mil feridos por dia. Crianças que estão em incubadora ou pessoas que precisam de respiração artificial, por exemplo, estão vivendo um dia que é quase uma sentença de morte. Se o combustível dos hospitais acaba, não há o que as equipes possam fazer.
Diretora-executiva do Médico Sem Fronteiras Brasil
Os combustíveis também são importantes para filtragem de água potável em Gaza, um outro drama complexo numa situação dessas. São 2 milhões de pessoas sitiadas com água salgada neste momento.
Diretora-executiva do Médico Sem Fronteiras Brasil
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