Ardem até os ossos: o que são as bombas ilegais de fósforo branco?
A Anistia Internacional acusou Israel de utilizar fósforo branco ao disparar projéteis de artilhada durante ataques na fronteira com o Líbano. A substância é proibida pelo Direito Humanitário Internacional e seu uso pode configurar crime de guerra.
A entidade já havia documentado anteriormente a utilização de fósforo branco por Israel em áreas civis na Faixa de Gaza.
Em meados de outubro, a Human Rights Watch (HRW) também acusou Israel de usar fósforo branco em Gaza e no Líbano nos dias 11 e 12 de outubro. "Negamos essas alegações", disse um porta-voz do exército israelense em resposta.
"Eu instruí a missão libanesa na ONU a apresentar uma nova queixa ao Conselho de Segurança para condenar o uso de fósforo branco por Israel em seus repetidos ataques ao Líbano e a queima deliberada de florestas", disse o Ministério das Relações Exteriores do Líbano na terça-feira, citando o chefe da diplomacia libanesa, Abdallah Bou Habib.
O uso de fósforo branco em ataques para causar incêndios no sul do país destruiu vastas áreas de vegetação e milhares de oliveiras.
"Graças a uma investigação preliminar realizada pelo Ministério da Agricultura (...), detectamos 128 incêndios resultantes do bombardeio do inimigo israelense com fósforo branco", disse o ministro da Agricultura, Abbas Haj Hassan.
Os bombardeios israelenses "queimaram completamente pelo menos 40.000 oliveiras, além de vastas áreas de floresta", acrescentou, condenando "uma violação total da soberania do Líbano".
O que são as bombas de fósforo
O uso do componente químico contra pessoas está proibido desde 1997 pela Convenção de Genebra —só podem atingir alvos militares.
As bombas de fósforo produzem chamas que não podem ser apagadas com água, e seus componentes aderem à pele das vítimas, que podem arder até os ossos.
Elas deixam um rastro branco no céu que poderia ser identificado.
Não são armas químicas
As bombas de fósforo branco não são armas químicas, cujo uso está proibido pela Convenção sobre Armas Químicas (1997), mas armas incendiárias, cujo uso segue o Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais, assinado tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia.
"Está proibido, sob qualquer circunstância, atacar com armas incendiárias a população civil como tal, pessoas civis, ou bens de caráter civil", diz o protocolo. Isso não vale para o fósforo branco usado como sinalizador.
O fósforo pode ser usado como cortina de fumaça para esconder os movimentos das tropas, iluminar o campo de batalha, ou incendiar infraestruturas. Mas pode causar queimaduras muito graves em civis.
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Quero receberUso proibido, mas recorrente
As bombas incendiárias começaram a ser usadas em massa durante a Primeira Guerra Mundial, em paralelo ao surgimento da aviação militar. Em 31 de maio de 1915, pela primeira vez, um dirigível alemão Zeppelin lançou um ataque aéreo com bombas incendiárias em Londres.
Na Segunda Guerra, obuses de fósforo branco foram usados extensivamente pelo Exército dos EUA contra as tropas blindadas alemãs.
Na Guerra do Vietnã, as bombas incendiárias de napalm, à base de combustível gelatinoso, foram usadas pelos Estados Unidos.
Na Guerra da Indochina (1946-1954), a França também recorreu a elas.
Em 2004, os militares americanos foram acusados de usarem bombas de fósforo branco em Fallujah apesar da presença de civis na cidade iraquiana considerada base de retaguarda para grupos terroristas.
Em 2009, Israel também foi acusado de usar a munição contra palestinos em Gaza.
Em 2014, a Rússia acusou a Ucrânia de usar munições de fósforo durante a guerra do Donbass, no leste do país.
Em 2018, o Exército russo foi acusado de lançar bombas incendiárias na Síria.
Em 2020, Armênia e Azerbaijão também se acusam mutuamente de terem bombardeado áreas civis durante os combates na disputada região de Nagorno Karabakh.
Mais recentemente, a Ucrânia também denunciou o uso durante a guerra em andamento contra a Rússia. O alvo foi uma escola, que estava vazia. (Com agências internacionais)
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