Conteúdo publicado há 7 meses

Primeiro-ministro de Portugal é alvo de buscas; cinco são presos

A polícia de Portugal realizou, na manhã desta terça-feira (7), uma operação de busca e apreensão na casa do primeiro-ministro António Costa, e nas sedes de alguns ministérios do governo, em uma ação que investiga a exploração de lítio. Posteriormente, o premiê entregou seu pedido de demissão, que foi aceito pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

O que aconteceu:

A operação deflagrada pela polícia e pelo Ministério Público português investiga supostas irregularidades em operações para explorar lítio em uma vila portuguesa, além de haver suspeita de crime nos negócios de hidrogênio verde.

Entre os presos estão o empresário e amigo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, o chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária, e o presidente da Câmara de Sines, Nunes Mascarenhas. Outros dois executivos da zona de Sines também foram detidos, mas seus nomes não foram divulgados.

O ex-ministro do Meio Ambiente, João Matos Fernandes, o empresário dono da Lusorecursos Ricardo Pinheiro, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o atual ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, também foram alvos de buscas em seus endereços e ministérios, mas não estão na lista de detidos, segundo a CNN Portugal.

As autoridades portuguesas apuram supostas irregularidades para beneficiar a Lusorecursos na exploração de lítio em Montalegre.

Após a operação das autoridades, o António Costa cancelou um evento agendado em Porto e foi prestar esclarecimentos ao presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro-ministro também cancelou toda a agenda desta terça-feira e fez um pronunciamento para comunicar sua saída do cargo.

Costa diz estar 'tranquilo'

Em um pronunciamento, António disse que a "dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com a suspeita de qualquer ato criminal". Costa é investigado com ministros de Estado e empresários em um suposto esquema criminoso de exploração de lítio. Pelo menos cinco pessoas próximas ao primeiro-ministro foram presas.

António Costa também negou "a prática de qualquer ato ilícito ou censurável", e agradeceu aos portugueses por terem "depositado confiança" nele ao longo dos oito anos em que esteve no cargo. Ainda, afirmou que sai com a "cabeça erguida" e com "consciência tranquila".

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Esta é uma etapa da minha vida que se encerra e que encerro com a cabeça erguida, a consciência tranquila e a mesma determinação de servir a Portugal, e aos portugueses, igual ao dia em que aqui entrei pela primeira vez como primeiro-ministro.

— António Costa, em discurso ao anunciar pedido de demissão

Costa afirmou que sua renúncia acontece em meio a atual "circunstância" que o coloca na mira do Ministério Público de Portugal. Ele ressaltou sua liderança "em momentos tão difíceis quanto extenuantes", e agradeceu ao presidente Marcelo Rebelo, bem como as líderes partidários pelos anos de parceria, a sua legenda, o Partido Socialista, e aos familiares.

Quero agradecer todos os titulares dos órgãos de soberania pela forma como sempre mantivemos a solenidade institucional. Enfim, uma palavra muito sentida de agradecimento a minha família, muito especial a minha mulher por todo apoio, todo carinho, e os muitos sacrifícios pessoais que passou ao longo desses oito anos.

— António Costa, em discurso ao anunciar pedido de demissão

Até o momento, o presidente de Portugal não se manifestou publicamente sobre a operação e em relação ao pedido de demissão do primeiro-ministro.

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