Reinaldo: Kissinger era detestável, mas o mundo corria menos risco com ele
O colunista do UOL Reinaldo Azevedo afirmou durante o programa Olha Aqui!, que apesar de o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger ser uma figura detestável e odiável, o mundo corria menos riscos com ele.
Desde lá de trás Kissinger alertava que a política de expansão da Otan tensionava [relações com a Rússia] e ele conseguia enxergar antes os grandes lances. Foi o último grande da diplomacia mundial e morre agora. Mesmo sendo uma figura detestável em muitos aspectos e justamente odiável em muitas circunstâncias, o fato é que com ele o mundo corria menos risco do que hoje com alguns bobalhões que andam por aí. Morreu um grande da diplomacia mundial e do realismo político. Reinaldo Azevedo
Kissinger era considerado um dos principais nomes da diplomacia dos Estados Unidos na era pós-Segunda Guerra Mundial e morreu ontem (29) aos 100 anos e, apesar de ser ganhador do Prêmio Nobel da Paz, também possui uma biografia repleta de passagens controversas por capítulos sombrios da história dos Estados Unidos, como o apoio ao golpe de Estado no Chile em 1973, a invasão do Timor-Leste em 1975 e, acima de tudo, a Guerra do Vietnã.
Durante o programa, Reinaldo destacou que há tempos o ex-secretário já alertava sobre o risco de uma guerra com a Rússia devido à expansão da OTAN.
Em 2014, e já antes, Kissinger dizia que a expansão da OTAN iria gerar uma guerra com a Rússia e que isso era errado. Kissinger deixou claro que jamais a Ucrânia poderia fazer parte da OTAN, tanto quanto disse que a Rússia não poderia ocupar a Criméia. Até hoje você tem porta-vozes da atual concepção dos Estados Unidos, e quase porta-vozes da OTAN, que ficam repetindo a máxima de que a expansão da OTAN nada tem a ver com a guerra da Rússia, e quando você fala isso parece que está justificando a invasão da Ucrânia. Eu não estou justificando a invasão da Ucrânia, estou lembrando de um cara que disse lá atrás que isso não daria certo porque a Ucrânia é um espaço da existência política da Rússia. Reinaldo Azevedo
O colunista do UOL também pontuou que em uma palestra realizada recentemente, no mês de outubro, Kissinger afirmou que a grande tarefa de China e Estados Unidos era cuidar da paz. O ex-secretário, inclusive, foi um dos responsáveis pela relação pacífica entre as duas grandes potências.
É o grande artífice do acordo entre China e Estados Unidos, e fez isso em um governo de direita, o que é espetacular. Sim, apoiava as ditaduras na América Latina e tem responsabilidade no morticínio no Camboja porque era secretário, mas é o cara que fez o acordo entre Estados Unidos e China e ao fazer esse acordo ele isolou a União Soviética e criou uma tensão entre os dois impérios comunistas. A China moderna, em grande parte, e por isso há um lamento enorme na China pela morte dele, se deve a Kissinger, que tinha uma visão de política externa que o levaram a grandes escolhas que mudaram o mundo. Reinaldo Azevedo
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