Argentina vai usar policiais federais contra protestos e bloqueios de ruas

A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou hoje um protocolo para restringir manifestações populares. Entre as medidas, está o uso das forças de segurança federais contra quem bloquear ruas e impedir a livre circulação de pessoas.

O que muda

Protocolo "antipiquetes" vai restringir protestos e bloqueios. As medidas, segundo Bullrich, vão coibir os bloqueios que prejudicam muitas empresas no país e "impedem os argentinos de viver em paz". O objetivo é fazer a lei ser cumprida e, ao mesmo tempo, "cuidar de todos que cuidam do país", disse a ministra.

Forças federais serão acionadas para intervir, se necessário. Junto ao Serviço Penintenciário Federal, os policiais vão atuar para desfazer piquetes e bloqueios, "sejam parciais ou totais", e podem até prender manifestantes em flagrante, informou Bullrich. "A lei não pode ser cumprida pela metade; ou se cumpre, ou não se cumpre".

Policiais devem usar força "mínima", mas proporcional à resistência. Além disso, adultos que levarem crianças ou adolescentes para protestos, passeatas ou bloqueios durante o horário de aula também serão punidos. "Não vamos permitir que usem crianças como escudos", declarou a ministra.

Organizadores de protestos vão pagar por gastos do governo com segurança. "A conta vai ser enviada às organizações ou indivíduos responsáveis. O Estado não vai pagar pelo uso das forças de segurança", anunciou Bullrich. A ministra finalizou dizendo que todos os autores, cúmplices e apoiadores de manifestações serão identificados e fichados.

Será usada força proporcional à resistência. (...) É hora de acabar com essa metodologia que só gera desordem total e absoluta e descumprimento da lei, além de não proteger aqueles que querem levar suas vidas de maneira pacífica.
Patricia Bullrich, ministra da Segurança da Argentina

Contexto

Restrições vêm logo após o anúncio de duras medidas econômicas. O pacote anunciado na terça-feira (12) pelo governo de Javier Milei inclui, entre outras medidas, a desvalorização da moeda local, com a taxa de câmbio oficial passando de 365,5 pesos argentinos por dólar para 800 pesos por dólar. O objetivo é tentar conter a inflação, que chegou a 160,9% em 12 meses.

Organizações já haviam marcado protesto contra Milei no próximo dia 20. A data marca o aniversário de 22 anos da crise política, econômica e social de 2001. Na ocasião, potencializada por uma revolta popular generalizada, uma série de violentas manifestações levou à renúncia do então presidente Fernando de la Rúa.

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