Putin é eleito presidente da Rússia pela 5ª vez

Vladimir Putin (sem partido) foi reeleito presidente da Rússia neste domingo, com 87,97% dos votos válidos.

O que aconteceu

Em uma eleição marcada pela falta de concorrentes, Putin foi eleito pela quinta vez presidente da Rússia. Putin chegou ao poder em 1999 e, somando os mandatos como primeiro-ministro e presidente, está prestes a completar 25 anos no comando do país.

Putin ficará no poder ao menos até 2030, quando termina o novo mandato. Ele se tornará o líder russo com mais tempo no poder, chegando aos 31 anos.

As eleições na Rússia começaram na última sexta (15) e se estenderam pelo sabádo (16) até hoje (17). O país tem 11 fusos horários e, por isso, a votação se encerrou primeiro no extremo leste; as últimas apurações de votos foram em Kaliningrado, parte mais ocidental do país.

Regiões quer eram da Ucrânia também votaram: alguns locais anexados ao país após o início da guerra contra a Ucrânia também votaram nestas eleições: Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk.

Durante as eleições, um bombardeio matou dois russos na fronteira entre os países. Um comunicado emitido pelo Ministério da Defesa russo indicou que "ataques foram repelidos e tentativas de infiltração no território da Federação Russa por parte de grupos de sabotagem e reconhecimento ucranianos foram frustradas".

A votação foi realizada sob controle rigoroso do Estado. Mesmo assim, alguns casos de vandalismo foram registrados nos locais de votação em homenagem aos opositores de Putin.

Oposição a Putin foi barrada

A falta de concorrentes no pleito não significa que Putin não tenha opositores. Boris Nadezhdin tentou se opor ao atual presidente nas urnas, para isso, coletou mais de 100 mil assinaturas de apoiadores - exigência das autoridades eleitorais para concorrer ao pleito no país - mas foi barrado.

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Maior opositor de Putin na última década morreu em fevereiro. Alexei Navalny, de 47 anos, morreu na colônia penal número 3, apelidada de "Polar Wolf", que fica em Kharp, no Ártico russo. As motivações políticas da condenação e da morte de Nalvany foram amplamente debatidas na comunidade internacional.

Em sua homenagem, algumas pessoas derramaram um líquido verde nas urnas. O ato foi para relembrar um momento em que o oponente de Putin foi agredido com desinfetante, em 2017.

O que diz pesquisadora

A Rússia vem, ao longo dos últimos anos, se consolidando como um país autocrático no sistema internacional. O regime personalista de Vladimir Putin depende de repressão interna, cooptação das elites, bom desempenho econômico e discursos nacionalistas para se manter no poder.

As eleições em 2024, assim como em outros momentos, funcionam como um ritual democrático na busca de trazer legitimidade para um regime que nunca consolidou a democracia na Rússia.
Giovana Branco, doutoranda em Ciência Política pela USP

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