Israel vai manter proibição da Al Jazeera por mais 45 dias, diz ministro

Israel decidiu manter fechados os escritórios da Al Jazeera por mais 45 dias. Em maio, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou pela primeira vez o encerramento do canal catari no país.

O que aconteceu

Anúncio foi feito pelo Ministro das Comunicações israelense, Shlomo Karhi. Ele ainda disse estar "convencido" de que a proibição de transmissão também será estendida no futuro.

Bloqueio vale para o canal de TV e também para o site da rede. Segundo o ministro, a decisão foi referendada "por unanimidade pelo governo", com base em pareceres atualizados "de todas as fontes de segurança, que afirmam inequivocamente que as emissões do canal são uma ameaça real à segurança do Estado".

Karhi chamou a rede de televisão de "terrorista". "Não permitiremos que o canal terrorista Al Jazeera transmita em Israel e coloque em perigo os nossos combatentes. Assinei agora a extensão das ordens que proíbem as transmissões do canal Al Jazeera em Israel", disse Karhi.

A ordem, porém, exige a aprovação do primeiro-ministro, uma votação no gabinete e a revisão por um tribunal distrital no prazo de três dias. A decisão baseia-se numa lei temporária aprovada em abril, que permite ao governo encerrar um meio de comunicação estrangeiro caso os serviços de segurança considerem que ele causa "dano real" à segurança nacional israelense. A lei regra vale até 31 de julho, quando a legislação precisará ser revista.

A Al Jazeera criticou a decisão e negou todas as acusações e justificativas usadas pelo ministro, em comunicado enviado pelo advogado do canal. No mês passado, o canal emitiu um comunicado descrevendo o encerramento das atividades como um "ato criminoso".

"A Al Jazeera Media Network condena e denuncia veementemente este ato criminoso que viola os direitos humanos e o direito básico ao acesso à informação. A Al Jazeera afirma o seu direito de continuar a fornecer notícias e informações ao seu público global", diz a nota, divulgada em 5 de maio.

A Al Jazeera tem sido alvo de críticas há meses pelo governo israelense em razão da cobertura da guerra em Gaza. A rede de notícias acompanha as consequências da ofensiva israelense em Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro. O escritório da rede no estreito território palestino foi bombardeado e dois dos seus correspondentes morreram.

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Em maio, a agência de notícias AP (Associated Press) teve equipamentos apreendidos e a transmissão ao vivo da Faixa de Gaza cortada. Funcionários do Ministério das Comunicações chegaram ao escritório da agência de notícias, confiscaram o material e entregaram um pedaço de papel escrito pelo ministro Shlomo Karhi, segundo a Associated Press.

Agência foi acusada de violar uma nova lei de mídia ao fornecer imagens à Al Jazeera. O canal via satélite do Qatar está entre milhares de clientes que recebem transmissões de vídeo ao vivo da AP e de outros veículos, segundo a organização.

A paralisação não se baseou no conteúdo do feed, mas sim no uso abusivo por parte do governo israelense da nova lei de emissoras estrangeiras do país. Apelamos às autoridades israelenses para devolverem o nosso equipamento e nos permitam restabelecer imediatamente a nossa transmissão ao vivo, para podermos continuar a fornecer este importante jornalismo visual a milhares de meios de comunicação em todo o mundo
Comunicado da Associated Press

Com informações de AFP

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