Acordo Mercosul-UE: Lula mostra preocupação com extrema direita na Europa

O presidente Lula (PT) afirmou hoje que o Brasil "está pronto" para assinar o acordo entre Mercosul e União Europeia e que tudo depende da Europa, que acabou de passar por uma repaginada no parlamento.

O que aconteceu

Segundo Lula, o resultado das eleições continentais, com crescimento da extrema direita, pode impactar na negociação. Por outro lado, disse estar "otimista" caso algumas lideranças, como presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente francês, Emmanuel Macron, se mantenham no poder.

"O Brasil está pronto para a hora que a União Europeia quiser assinar", disse Lula, em coletiva após o G7, na Itália. "Depois de todas as tratativas que Brasil fez para mudar o acordo, agora o problema é deles."

O acordo de livre comércio está estacionado desde fevereiro, quando a Comissão da UE afirmou que o Mercosul "não atendeu condições para concluí-lo". O processo tem travado em especial pelas exigências sobre sustentabilidade impostas pelos europeus para a indústria e agricultura latino-americana.

O novo posicionamento do parlamento europeu será determinante. "[Os europeus] tiveram eleição agora, ela [von der Leyen] deve ser indicada em três semanas para ocupar o mesmo cargo que está hoje e o Macron convocou eleições para a França. Então, nós temos que aguardar", ponderou Lula.

Eu volto com otimismo que nós do Mercosul estamos prontos para assinar esse acordo e estamos certos de que o acordo será benéfico para a América do Sul, para o Mercosul e para os empresários e governos da União Europeia.
Lula, sobre acordo UE-Mercosul

O presidente está na Europa desde quinta (13). Ele participou das conferências da OIT (Organização Internacional do Trabalho), na Suíça, e do G7, como convidado, na Itália. Ele volta ao Brasil nesta tarde.

Preocupação com extrema direita

A Europa vive maior guinada à direita desde o começo do projeto de integração na década de 1950. Partidos ultraconservadores, populistas, xenófobos e de extrema direita avançaram principalmente na Alemanha, Holanda, Áustria, Itália e França.

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Na França, Macron dissolveu o parlamento e convocou novas eleições legislativas na sequência das eleições europeias. Isso, segundo Lula, pode facilitar o acordo, caso o francês, um dos principais críticos ao texto, consiga uma vitória e fique com maioria. "Até o Macron estava mais flexível em relação ao acordo. [Me falou:] 'deixa acabar as eleições para a gente conversar'", contou Lula.

O presidente disse ainda que consultou os colegas europeus sobre o avanço da extrema direita. O assunto foi tratado em especial com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e com Macron. O partido de Scholz não conseguiu a maioria na última eleição e o francês pode caminhar para o mesmo destino. Lula disse ter anotado as respostas, mas não revelou quais foram.

Pedi para ele [Scholz] me explicar um pouco o que aconteceu nas eleições da Alemanha, que o [partido] FPD teve uma votação muito pequena, muito distante daquela que historicamente tem. Ele me explicou, eu ouvi e estou levando o ensinamento para casa. Da mesma forma, perguntei para o Macron o que aconteceu na eleição para o parlamento europeu. Ele me explicou, eu entendi e vou levar o ensinamento.
Lula, sobre crescimento da extrema direita na Europa

Viagem à Europa

Na Europa, ele discursou no encerramento da conferência da OIT, em Genebra.

No G7, em Fasano, discursou como convidado: voltou a criticar Israel, pediu apoio para uma "aliança global contra a fome" e sugeriu uma conferência internacional para resolver a guerra entre Ucrânia e Rússia. Esta é a oitava participação de Lula no encontro das sete maiores economias do mundo.

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Lula também participou de encontros bilaterais, incluindo o Papa Francisco. Além disso, se encontrou com os líderes da França, Emmanuel Macron, da Índia, Narendra Modi, e da Itália, Giorgia Meloni, entre outros.

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